Estratégia fixa (posto fixo):
Refere-se à vacinação diária e
de forma regular na unidade sanitária ou em dias e horários específicos da
semana. As unidades sanitárias de maior dimensão (hospitais com departamentos
de ambulatório) podem administrar as vacinas à medida que os doentes elegíveis se
apresentam.
Esta estratégia utiliza-se normalmente
para a vacinação de rotina das comunidades que se situam próximas da unidade sanitária
(normalmente <5km). Os profissionais da instituição de saúde devem-se reunir
regularmente com os Comités de Saúde dos povoados, para discutirem o plano de
sessões com a comunidade e monitorizar as sessões fixas a realizar na área de abrangência.
Durante estas reuniões, os profissionais de saúde devem solicitar o apoio dos líderes
comunitários para o seguinte:
· Publicitar os dias e horário das sessões de vacinação pelo representante do
bairro ou povoado;
· Utilizar os agentes comunitários e voluntários para apoiar as sessões durante
a vacinação;
· Assistir na recuperação das crianças que não
comparecem a vacinação (crianças faltosas ou casos de abandonos).
O técnico de saúde deve
igualmente enviar cartas às escolas e igrejas nas comunidades para relembra-las
das sessões. Quando a unidade sanitária não tem uma geleira, o técnico deve
recolher as vacinas do distrito e mantê-las numa caixa térmica ou num porta
vacinas.
Visitas de equipas avançadas:
Pressupõe a prestação de
cuidados a pessoas que não podem deslocar-se às unidades sanitárias, ou que o fazem
com dificuldade. Abrange normalmente as localidades a mais de 5 km e até 10 km
da unidade sanitária, as viagens aos locais de difícil acesso são habitualmente
efetuadas por pessoal das unidades de saúde, a pé ou recorrendo a veículos
motorizados, bicicletas ou animais de carga.
O planeamento cuidadoso com o
envolvimento dos representantes de comunidades distantes (membros dos comités
comunitários) é importante para aumentar a eficácia das visitas, bem como
facilitar a selecção adequada do local, as disposições locais, a mobilização das
famílias, etc. As visitas mensais permitem a protecção atempada das crianças,
no entanto, em situações de grandes distâncias ou limitação de recursos com o pessoal,
podem realizar-se visitas menos frequentes. As visitas a estes locais de
difícil acesso devem ser agendadas, de forma a serem realizadas durante os
períodos de pré e pós temporada. O mapeamento da instituição de saúde deve
incluir todas as visitas aos locais de difícil acesso, a frequência das
visitas, o número da população-alvo e outros detalhes.
Estratégia móvel (brigada móvel):
Normalmente estas são visitas com
duração superior a um dia, para permitirem aos profissionais de saúde de
distrito ou de área, prestarem os cuidados de saúde às pessoas que vivem em
áreas remotas. As equipas móveis podem passar vários dias a viajar para
chegarem às populações e podem cobrir várias populações numa única viagem.
Habitualmente, estas visitas são
planeadas ou realizadas pelo profissional de distrito ou de área de saúde, tendo
presente os seguintes cuidados:
· Preparar/rever a lista das comunidades a visitar (isto é especialmente importante para as populações migrantes como os pastores, agricultores,
pescadores sazonais e nómadas);
· Ter valores estimados das populações nas povoações;
· Mapear o percurso a realizar pela equipa móvel;
· O período de visita da equipa móvel deve ser decidido de forma cuidadosa,
especialmente no que respeita às povoações nómadas;
· Assegurar o transporte adequado, de acordo com o plano de visita;
· Preparar uma lista de verificação
para garantir que a equipa está inteiramente equipada com as vacinas, diluentes
e equipamento leve de cadeia de frio, etc. antes de deixar a base.
Intensificação da vacinação de rotina periódica
Esta estratégia é importante
se a cobertura da população aumentar para níveis muito elevados ou para manter os
níveis elevados. Os Dias de Vacinação, Os Dias/Semanas de Saúde Infantil, a
semana Africana de vacinação e outras campanhas que mobilizem as comunidades
podem igualmente ser classificados nesta categoria, uma vez que o objectivo é
actualizar a cobertura da vacinação de rotina.
Para iniciar esta estratégia,
a equipa de saúde de distrito deve analisar os dados e identificar as áreas que
se situam abaixo do valor óptimo, em termos de cobertura e incluí-las na
Intensificação da vacinação de rotina periódica. A extensão dessas actividades depende
do número de áreas com fraco desempenho.
A actividade pode ter como
alvo todos os antigénios constantes da PAV, ou antigénios seleccionados. Por
vezes, usa-se apenas um único antigénio, como o do Sarampo durante as
Actividades Suplementares de Vacinação. Para ser capaz de apoiar as unidades sanitárias
o gestor do PAV precisa saber os passos para organizar uma sessão de vacinação.
As sessões de vacinação devem ser organizadas de modo que
os utentes que irão participar pela primeira vez voltem para as doses subsequentes.
A
preparação inclui:
·
Definir os dias e horários das sessões, os serviços de vacinação devem ser agendados para que as pessoas possam usá-lo.
Se as pessoas não estão vindo para sessões ou se muitas pessoas estão
assistindo você pode precisar alterar os dias ou horas, das sessões de
vacinação.
·
Certifique-se de que o pessoal do centro de saúde estará
disponível para dar vacinas nas datas e horários propostos e que você vai ter
vacinas e outro material necessário para aqueles dias;
·
Informe a todos na comunidade sobre os dias e horário em
que as vacinas serão administradas;
·
Certificar-se de que as vacinas, suprimentos e
equipamentos estão disponíveis. Geralmente a mesma quantidade vacina e material
são necessários para vacinação em posto fixo, por equipas avançadas e sessões
de móveis. Estas inclui vacina, material de injeção, caixas de segurança, formulários
de registos (registos de crianças e mulheres, cartões de vacinação para
crianças e mulheres,);
·
Arranjar espaço para dar comodidade e conforto ao
pessoal de saúde e utentes.
O
espaço que você determinou para a vacinação deve ser:
ü Numa área
limpa e não directamente exposta ao sol, chuva ou poeira, por exemplo o local onde você vacina durante uma visita de equipa
avançada pode estar num edifício ou ao ar livre;
ü Conveniente
para o pessoal de saúde que está preparando a vacinação;
ü Facilmente
acessível aos utentes, mas disposto de modo que eles não estejam aglomeração em
torno do posto de vacinação;
ü Suficientemente
tranquilo para o pessoal de saúde para que possa ser capaz de explicar o que
ele ou ela está fazendo e dar conselhos.
Prestação de serviços de vacinação a populações de difícil acesso
Populações deslocadas
Muitas vezes, os refugiados e
as pessoas em emergências estão mais susceptíveis de contraírem infecções
devido à instabilidade das condições, à falta de serviços, às deslocações das
populações e à vida em grandes aglomerações. Desta forma, todas as crianças e
mulheres nos campos de refugiados e em outras situações de catástrofe devem
estar na mira da vacinação imediata, para evitar possíveis surtos. Devem criar-se
clínicas de vacinação que operem semanalmente nesses campos, de forma a
aumentar os níveis de vacinação de rotina. O sarampo constitui um risco
especial em emergências uma vez que a taxa de mortalidade pode chegar aos 50%. Desta
forma, o objectivo mínimo de vacinação deveria ser o de rapidamente vacinar
todas as crianças de 9 meses até aos 15 anos com a vacina do sarampo e com o
suplemento de vitamina A as crianças de 6 a 59 meses.
As campanhas para vacinar as
pessoas em situações de emergência podem evitar surtos e complementar
igualmente os serviços de vacinação de rotina.
Populações nómadas
Nos países da Região, as
populações nómadas são comunidades que não têm residência fixa deslocando
periodicamente e estabelecendo os seus acampamentos. É fundamental criar
programas de vacinação de rotina de forma a prestar cuidados de vacinação a estes
grupos populacionais, uma vez que a sua cultura e forma de vida torna as
mulheres e crianças muito vulneráveis às doenças. O primeiro passo para abordar
o problema é identificar e mapear os padrões de movimento destas comunidades,
pelas equipas de distrito, e desenvolver um plano de cuidados ao longo dos seus
percursos e nos acampamentos, recorrendo à abordagem móvel. Deve destacar-se
que todos os planos para a realização de actividades móveis devem ter um
orçamento para o transporte, incluindo os meios de transporte, número de
sessões, distâncias à unidade de saúde e custos com o combustível até aos
locais de vacinação e a partir destes.
Populações geograficamente isoladas
Algumas populações estão isoladas do acesso aos
serviços pela distância, barreiras
físicas, como montanhas, florestas, rios e falta de meios
de transporte adequados. O gestor do PAV deve fazer
um esforço consciente para atingir estas populações e planificar o fornecimento de serviços de vacinação para estas populações.
Bairros de lata em meio urbano:
As grandes cidades estão
repletas de bairros de lata e apesar de se localizarem nas cidades, estão
normalmente mal servidas, já que a vacinação e outros serviços de saúde não
estão disponíveis nessas áreas. O gestor PAV deve fazer uma tentativa
conscienciosa para administrar a vacinação a estas populações nos meios
urbanos, fazendo uso dos serviços de proximidade ou advogar pela criação de unidades
de saúde que satisfaçam as necessidades nesses bairros.
Populações pertencentes a sectas relutantes
Alguns grupos são contra a
vacinação, podendo constituir uma fonte de surtos. É importante para o PAV
identificar esses grupos e advogar a aceitação, pela sensibilização dos seus
líderes. Em alguns casos as autoridades administrativas devem ser envolvidas,
com o objectivo de protegerem as comunidades.
Referencias bibliográficas
PAV – MLM. Aumentar
a Cobertura de Vacinação. OMS. Abril 2014. Modulo 5.
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