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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Auscultação comunitária, participação efectiva nos problemas de saúde

Outrora, noutras publicações deste blog, escrevemos que o envolvimento comunitário é o alicerce para garantir una comunidade inclusiva nas acções de saúde.
Parte, a priori de identificação dos principais problemas de saúde das comunidades através da auscultação a todos níveis, sobretudo da população alvo. Sobre auscultação, é preciso referenciar que, a pesar dos conhecimentos técnico-profissionais, ate mesmo epidemiológicos, os principais problemas de saúde das comunidades são ditos pelas próprias comunidades. As comunidades melhor sabem dizer, ainda que não cientificamente, as dificuldades e os problemas de saúde que enfrentam nos seus povoados, por via disso, propor soluções para a mitigação.
A titulo exemplificativo, numa reunião de auscultação havida num povoado a 20km sudeste de Homoíne, a comunidade levantou os seguintes problemas de saúde:
1.  Necessidade de construção de uma Unidade Sanitária;   
2.  Aumento de casos de malária e Tuberculose;
3.  Abastecimento de agua potável;
4.  Partos fora da maternidade;
5.  Falta de alimentação para crianças em idade escolar;
6.  Melhoramento da via de acesso e
7.  Emprego para os jovens e adultos
Provavelmente seria necessário um inquérito apurado para o levantamento desses problemas de saúde, se tivesse sido feito por pessoas de fora, ou seja, que não são da comunidade. Quanto a priorização, perguntados os membros da comunidade sobre o que acham que deveria ser solucionado primeiro, ao que responderam “construção de uma Unidade Sanitária”
Em envolvimento comunitário, respeitar as aspirações, pontos de vista, sonhos e interesses das populações é primordial para o sucesso na interação Saúde – comunidade. Afinal, as pessoas sentem-se respeitadas e sobretudo, respeitados seus problemas, dão confiança e credibilidade no apoio que lhe vier.  
O papel do profissional de saúde na auscultação dos problemas de saúde das comunidades, não é levar soluções para o terreno, é discutir soluções com as comunidades, com as pessoas que estão a passar pelo problema. Fazer perceber o lado cientifico dos problemas, acima de tudo, a hierarquização na resolução dos problemas, olhando para os níveis de prestação de cuidados primários de saúde.
Voltando ao exemplo, ainda que todos os problemas levantados requeiram uma intervenção imediata, surgem muitas limitações socio-financeiras e politicas para a sua solução, mas pode-se encontrar junto com as comunidades meio termo para estancar os problemas levantados.

Pode se pensar para a prioridade da resolução dos problemas levantados, ao invés da construção de uma unidade Sanitária, que levaria muito tempo e muitos recurso, que por sinal são escassos, dado que envolve a mobilização de parceiros, burocracia, etc. na possibilidade de criação de comités de saúde, que serviria de vinculo entre as populações mais recônditas com os serviços de saúde. Estes actores comunitários seriam capacitados em matéria inerente à acções básicas de promoção da saúde e prevenção das principais doenças nas comunidades.   

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