Outrora,
noutras publicações deste blog, escrevemos que o envolvimento comunitário é o
alicerce para garantir una comunidade inclusiva nas acções de saúde.
Parte, a
priori de identificação dos principais problemas de saúde das comunidades através
da auscultação a todos níveis, sobretudo da população alvo. Sobre auscultação,
é preciso referenciar que, a pesar dos conhecimentos técnico-profissionais, ate
mesmo epidemiológicos, os principais problemas de saúde das comunidades são ditos
pelas próprias comunidades. As comunidades melhor sabem dizer, ainda que não cientificamente,
as dificuldades e os problemas de saúde que enfrentam nos seus povoados, por
via disso, propor soluções para a mitigação.
A titulo exemplificativo,
numa reunião de auscultação havida num povoado a 20km sudeste de Homoíne, a comunidade
levantou os seguintes problemas de saúde:
1. Necessidade
de construção de uma Unidade Sanitária;
2. Aumento
de casos de malária e Tuberculose;
3. Abastecimento
de agua potável;
4. Partos
fora da maternidade;
5. Falta
de alimentação para crianças em idade escolar;
6. Melhoramento
da via de acesso e
7. Emprego
para os jovens e adultos
Provavelmente
seria necessário um inquérito apurado para o levantamento desses problemas de saúde,
se tivesse sido feito por pessoas de fora, ou seja, que não são da comunidade. Quanto
a priorização, perguntados os membros da comunidade sobre o que acham que
deveria ser solucionado primeiro, ao que responderam “construção de uma Unidade
Sanitária”
Em envolvimento
comunitário, respeitar as aspirações, pontos de vista, sonhos e interesses das populações
é primordial para o sucesso na interação Saúde – comunidade. Afinal, as pessoas
sentem-se respeitadas e sobretudo, respeitados seus problemas, dão confiança e credibilidade
no apoio que lhe vier.
O papel do
profissional de saúde na auscultação dos problemas de saúde das comunidades, não
é levar soluções para o terreno, é discutir soluções com as comunidades, com as
pessoas que estão a passar pelo problema. Fazer perceber o lado cientifico dos problemas,
acima de tudo, a hierarquização na resolução dos problemas, olhando para os níveis
de prestação de cuidados primários de saúde.
Voltando ao
exemplo, ainda que todos os problemas levantados requeiram uma intervenção imediata,
surgem muitas limitações socio-financeiras e politicas para a sua solução, mas
pode-se encontrar junto com as comunidades meio
termo para estancar os problemas levantados.
Pode se
pensar para a prioridade da resolução dos problemas levantados, ao invés da construção
de uma unidade Sanitária, que levaria muito tempo e muitos recurso, que por
sinal são escassos, dado que envolve a mobilização de parceiros, burocracia,
etc. na possibilidade de criação de comités de saúde, que serviria de vinculo
entre as populações mais recônditas com os serviços de saúde. Estes actores comunitários
seriam capacitados em matéria inerente à acções básicas de promoção da saúde e prevenção
das principais doenças nas comunidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário