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domingo, 25 de outubro de 2015

Até que ponto a inalação de fumo da cozinha é prejudicial à saúde e como minimizar os efeitos?


uso de lenha para actividades domesticas 
O monóxido de carbono que se forma a partir da queima de materiais entra pelo pulmão e cai na corrente sanguínea, ocupando espaço nos glóbulos vermelhos onde deveria estar o oxigênio. Quando os glóbulos vermelhos ficam tomados por monóxido de carbono, não conseguem transportar oxigênio, o que provoca a morte.
A morte é a consequência mais drástica da inalação do fumo, seja da cozinha durante as actividade domesticas ou num incêndio. Num incêndio a acção é mais rápida devido a quantidade de fumo inalado duma só vez e de forma agressiva. Mas para o caso da cozinha paras as comunidades que usam a biomassa como fonte de energia para a preparação das suas refeições e outras actividades domesticas correm concomitantemente riscos à saúde, embora a longo prazo.
Paulatinamente quando o fumo é inalado vai causado além das consequências acima citadas, mas também como a destruição dos pulmões ao longo do tempo. Quando isso acontece a respiração é dificultada, o que leva a problemas respiratórios, cardíacos, cânceres. Esse último porque os fumos contem variadas substancias químicas dependendo do que é carbonizado.
A pobreza que assola maior parte das comunidades moçambicanas faz com que setenta e cinco por cento da população use para as actividades de cozinha a energia da biomassa (lenha e carvão) o que leva a morte de dez mulheres moçambicanas por ano devido a inalação do fumo da cozinha. Diz ‘’Livaningo’’, organização não-governamental criada com o objectivo de melhorar a vida das comunidades de baixa renda. O estudo ainda diz que essa prática tem elevados custos sociais, econômicos e ambientais, daí que a agremiação está engajada em mobilizar e sensibilizar a juventude e a sociedade, em geral, a usar e adoptar alternativas novas na cozinha doméstica.
Adoptar novas alternativas na cozinha doméstica passam necessariamente de usar métodos mais eficazes, menos prejudiciais à saúde, ambientalmente saudáveis e economicamente viáveis. Sabe-se de antemão que se a comunidade usa a biomassa como fonte de energia para suas actividade domesticas, é porque não dispõe de condições financeiras de adquirir outros meios como: fogões a gás, elétricos etc. nesse âmbito, nos é difícil propor que a comunidade use recursos que acarretem custos elevados para a sua aquisição, seria insensato e teria um impacto negativo.
Nesse caso podemos adaptar medidas alternativas para minimizar os danos que o fumo provoca a saúde das mulheres, sendo elas que são responsabilizadas para a cozinha e outros trabalhos domésticos.

1.   Construir cozinhas com boa ventilação
É facto que algumas famílias preferem preparar suas refeições ao relento, ou seja, algum lugar sem cobertura e nem vedação laterais. Contudo, maior parte prefere mesmo construir uma ‘’boa’’ cozinha, com partes laterais fechas e com cobertura. Comentam alguns que esse tipo de cozinha é bom porque não entra areia durante a preparação das refeições.
É verídico que sim. Mas esquecemos duma parte mais importante, se calhar considerada menos importante. Todo material combustível (lenha, carvão, invólucros de coco, etc.) ai incinerado liberta monóxido de carbono (fumo) e que esse fumo tem dificuldades de se dissipar da cozinha para o ambiente e acaba sendo inalado por quem está na cozinha a fazer suas actividades. Embora o fumo seja por sua vez prejudicial ao meio ambiente, dado que provoca aquecimento global e outras consequências, é mais perigoso ainda quando é inalado rotineiramente pela mesma pessoa.
Nesse caso, construir cozinha que se adequa aos meios usados para cozinhar é a melhor alternativa. A cozinha deve conter uma ventilação muito rigorosa.
Se for um retângulo e tenha 5/2m e uma altura de 1.60, sem incluir a devida cobertura, a altura deve ser dividida por dois. Ou seja, 80cm será da vedação lateral (todas quatro paredes) e os outros 80cm superiores serão da ventilação. Desta forma estaria a garantir que o fumo tenha por onde sair. Sejam qual forem as medidas da sua cozinha, deixar um espaço de ventilação é sempre bom.

2.   Cuidado com as técnicas de aconchegar/ soprar
Geralmente usamos a mãos para mexer na lenha ao aconchegar e a boca para soprar quando a brasa diminui. Note que, quando aproximamo-nos da fogueira para soprar ficamos tão próximos dela que por vezes sentimos a quentura na face. Para além do risco de queimar que coremos, estamos também a concorrer para inalar maior quantidade de fumo em relação a se estivéssemos a usar um objecto como uma tampa para soprar a distância.

3.   Fique apenas na cozinha quando necessário
É facto que não ficamos o tempo integral na cozinha enquanto preparamos a refeição. Tem momentos em que não precisamos ficar ai a mexer na panela. Aproveite esse momento para passa-lo fora, estaria a fazer um favor para se mesmo, afinal será menos fumo inalado e mais saúde para si.

Qual o papel do Técnico de Medicina Preventiva e Saneamento do Meio no combate a riscos à saúde causados pela inalação do fumo da cozinha?
Como sempre digo, o papel desse provedor de saúde é a promoção. Ele deve disseminar na sua comunidade os riscos que as pessoas correm ao inalar constantemente o fumo da cozinha e por sua vez deixar recomendações de como prevenir-se desse mal à saúde e estimular a comunidade a adoptar alternativas saudáveis mediante as condições localmente existentes.

Noraldino nuva




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