Os técnicos de Medicina Preventiva e Saneamento do
Meio tem uma vaga e importante missão para a sua comunidade. Não limitam-se
apenas em aspectos de promoção de saúde, mas também na prevenção de doenças
infecto-contagiosas assim como as não infeciosas e nem contagiosas.
As acções de prevenção são desencadeadas sob
diversas formas. Se formos a relacionar esse conteúdo com a epidemiologia
veremos que nos níveis de prevenção e de intervenção da história natural da
doença, a prevenção primária inclui a promoção de saúde e a protecção
especifica. Portanto, a proteção específica inclui em parte a imunização.
Entretanto, para que a imunização seja feita nas
crianças ou em determinado grupo alvo específico é preciso que tenhamos a
informação completa dela para que sejam alocados meios para suprir as
necessidades como: siringas, caixas incineradoras, vacinas e outros matérias.
Daí surge a necessidade de se ter um domínio no cálculo
das necessidades para melhor gestão e minimização de desperdícios.
Existem três métodos possíveis utilizados para
estimar as necessidades de vacinas e material de vacinação a saber:
ü Método baseado na População Alvo,
ü Método baseado no Consumo Anterior,
ü Método baseado nas Sessões de Vacinação.
Para melhor compreensão
preferimos apresentar aqui um dos métodos mais usados (Método baseado na
População Alvo) e outros poderão ser publicados em outras ocasiões.
Método da população alvo
ü População alvo
(Palvo)
ü Cobertura vacinal (Tcv)
ü Nº doses necessárias para alvo (Ndoses)
ü Factor de perdas (Fperdas)
Fórmula para o cálculo
ü Palvo x CVobjectivo x Ndoses x Fperdas
Onde:
Palvo = População alvo
CVobjectivo = Cobertura vacinal
Ndoses = Nº de doses necessárias para alvo
Fpertes = Factor de perdas
Exemplo do cálculo do Grupo Alvo
Regra geral, em cada
grupo alvo em que queremos estimar as necessidades da vacina, tem uma cifra já
preconizada a ser usada, por exemplo:
ü Crianças de 0-11 meses é 4% da população total
ü Mulheres gravidas é 5% da população total
ü Mulheres em idade fértil 19.9% da população total
Nesse caso:
ü População Total 127 727 Hab
ü Cifra de Crianças de 0 – 11 meses = 4%
ü GA = 127 727 X 4% = 5 110 crianças
Exemplo da cobertura planificada
A cobertura a atingir
não é de planificação distrital, ela é planificada a nível central e dada para
as províncias e essas por sua vez aos distritos. É importante diferenciar a
meta e a cobertura; a meta é igual ao grupo alvo, o seja, a priori todo grupo
alvo deve ser abrangido, porém, por uma e outra razão não tem sido possível e
nesse caso pelo menos se atingir 90% do grupo alvo, esse desejo é portanto, a
cobertura.
ü BCG = 100%
ü Sarampo =
90%
ü VAP = 90%
ü DPT-HepB-Hib = 90%
ü VAT = 50%
Número de dose a aplicar por vacina
Outro aspecto a considerar é o número de doses a aplicar por cada
vacina, sabe-se que na política moçambicana aplicam as seguintes doses:
ü BCG = 1
ü Sarampo = 1
ü VAP = 4
ü DPT-HepB-Hib =
3
ü VAT = 2
Nota: para o caso do sarampo
esta ainda em discussão a introdução da segunda dose e também duas novas
vacinas serão introduzidas, a rotavírus e a pólio intramuscular. Esperamos
actualizar essa matéria quando for oportuno.
Dependendo das habilidades
do técnico responsável pela vacinação, as taxas de desperdícios podem ser maiores
ou menores, para o caso da VAS, BCG e PCV10 em que os frascos devem ser
descartados no final da sessão de vacinação os desperdícios são maiores ainda.
Contudo, todos esses casos já são previstos no cálculo das necessidades em
vacinas.
As taxas de desperdício devem ser convertidas em factor desperdício com a seguinte fórmula:
FD=100/100-50
O 100 do numerador e do
denominador são constantes, o que varia é o denominador a ser subtraído, número
50 nesse caso que é a taxa de desperdício correspondente. O exemplo acima
refere a BCG que temos como desperdício estimado de 50%, se fosse VAP por
exemplo seria 10%.
Note que as taxas de
desperdícios aqui feitas menção são já preconizadas pelo Ministério de Saíde,
contudo, muitas das vezes não referem a realidade dos nossos distritos ou
Unidade Sanitária. Por vezes tem sido mais ou menos. Numa Unidade sanitária
periférica por exemplo abre-se um frasco de BCG para vacinar uma criança por dia,
logicamente que o desperdício será mais que o 50%.
Entretanto, como
alternativa para solucionar esse problema, aconselha-se que seja usado o desperdício
real da sua U.S, como? Controle o desperdício dos últimos três meses, some e
ache a media, feito isso terá mais ou menos o seu desperdício a aplique-o para
calcular a estimativa da sua vacina.
Factor de desperdício a aplicar
ü VACINA Tx.
Desp F. Desp
ü BCG
50% 2
ü Sarampo
25% 1.33
ü VAP
10% 1.11
ü DPT-HepB-Hib 5% 1.05
ü VAT
10% 1.11
Como calcular a necessidade em seringas e
caixas incineradoras
ü Seringas de 0,05
ml = nr de doses de BCG
ü Seringas de
0,5ml = (Nr de doses VAS, VAT e DTP-HepB-Hib
ü Seringas de 2 ml = nr de doses de BCG/nr de doses por
frasco de BCG
ü Seringas de 5 ml
= nr de doses de VAS/nr de doses por frasco de VAS
ü Caixas
incineradoras = total de seringas/100
Os cálculos supra detalhados
estimam as necessidades na sua integridade, ou seja, o número de doses é directamente
proporcional ao número do grupo alvo e não foi prevista aqui a questão da
margem de segurança. Geralmente para a segurança da vacina usa-se uma margem de
25%. É aqui que importa então referenciar os stocks críticos. Veja noutras
publicações desse Portal o que são stocks
críticos e como calcular.
Referencias bibliográficas
Manual do
Programa Alargado de Vacinação” (PAV), 2009 - MISAU.
Qual é a importância de calcular às necessidades vacinal
ResponderEliminarGarantir uma boa gestão com isso tu podes saber como monitorar e avaliar o seu programa.
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