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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Cálculo de necessidades em vacinas e material de vacinação

Os técnicos de Medicina Preventiva e Saneamento do Meio tem uma vaga e importante missão para a sua comunidade. Não limitam-se apenas em aspectos de promoção de saúde, mas também na prevenção de doenças infecto-contagiosas assim como as não infeciosas e nem contagiosas.
As acções de prevenção são desencadeadas sob diversas formas. Se formos a relacionar esse conteúdo com a epidemiologia veremos que nos níveis de prevenção e de intervenção da história natural da doença, a prevenção primária inclui a promoção de saúde e a protecção especifica. Portanto, a proteção específica inclui em parte a imunização.
Entretanto, para que a imunização seja feita nas crianças ou em determinado grupo alvo específico é preciso que tenhamos a informação completa dela para que sejam alocados meios para suprir as necessidades como: siringas, caixas incineradoras, vacinas e outros matérias.
Daí surge a necessidade de se ter um domínio no cálculo das necessidades para melhor gestão e minimização de desperdícios.

Existem três métodos possíveis utilizados para estimar as necessidades de vacinas e material de vacinação a saber:
ü  Método baseado na População Alvo,
ü  Método baseado no Consumo Anterior,
ü  Método baseado nas Sessões de Vacinação.
Para melhor compreensão preferimos apresentar aqui um dos métodos mais usados (Método baseado na População Alvo) e outros poderão ser publicados em outras ocasiões.


Método da população alvo
ü  População alvo (Palvo)
ü  Cobertura vacinal (Tcv)
ü  Nº doses necessárias para alvo (Ndoses)
ü  Factor de perdas (Fperdas)
Fórmula para o cálculo
ü  Palvo x CVobjectivo x Ndoses x Fperdas
Onde:
Palvo             = População alvo
CVobjectivo     = Cobertura vacinal
Ndoses           = Nº de doses necessárias para alvo
Fpertes           = Factor de perdas

Exemplo do cálculo do Grupo Alvo
Regra geral, em cada grupo alvo em que queremos estimar as necessidades da vacina, tem uma cifra já preconizada a ser usada, por exemplo:
ü  Crianças de 0-11 meses é 4% da população total
ü  Mulheres gravidas é 5% da população total
ü  Mulheres em idade fértil 19.9% da população total
Nesse caso:
ü  População Total 127 727 Hab
ü  Cifra de Crianças de 0 – 11 meses = 4%
ü  GA = 127 727 X 4% = 5 110 crianças

Exemplo da cobertura planificada
A cobertura a atingir não é de planificação distrital, ela é planificada a nível central e dada para as províncias e essas por sua vez aos distritos. É importante diferenciar a meta e a cobertura; a meta é igual ao grupo alvo, o seja, a priori todo grupo alvo deve ser abrangido, porém, por uma e outra razão não tem sido possível e nesse caso pelo menos se atingir 90% do grupo alvo, esse desejo é portanto, a cobertura.
ü  BCG                                    =  100%
ü  Sarampo                             =  90%
ü  VAP                                     =   90%
ü  DPT-HepB-Hib                    =   90%      
ü  VAT                                     =   50%

Número de dose a aplicar por vacina
Outro aspecto a considerar é o número de doses a aplicar por cada vacina, sabe-se que na política moçambicana aplicam as seguintes doses:
  ü  BCG                                =  1
  ü  Sarampo                          =  1
  ü  VAP                                =  4
  ü  DPT-HepB-Hib               =  3   
  ü  VAT                                =  2

Nota: para o caso do sarampo esta ainda em discussão a introdução da segunda dose e também duas novas vacinas serão introduzidas, a rotavírus e a pólio intramuscular. Esperamos actualizar essa matéria quando for oportuno.

Dependendo das habilidades do técnico responsável pela vacinação, as taxas de desperdícios podem ser maiores ou menores, para o caso da VAS, BCG e PCV10 em que os frascos devem ser descartados no final da sessão de vacinação os desperdícios são maiores ainda. Contudo, todos esses casos já são previstos no cálculo das necessidades em vacinas.

As taxas de desperdício devem ser convertidas em factor desperdício com a seguinte fórmula:
FD=100/100-50

O 100 do numerador e do denominador são constantes, o que varia é o denominador a ser subtraído, número 50 nesse caso que é a taxa de desperdício correspondente. O exemplo acima refere a BCG que temos como desperdício estimado de 50%, se fosse VAP por exemplo seria 10%.
Note que as taxas de desperdícios aqui feitas menção são já preconizadas pelo Ministério de Saíde, contudo, muitas das vezes não referem a realidade dos nossos distritos ou Unidade Sanitária. Por vezes tem sido mais ou menos. Numa Unidade sanitária periférica por exemplo abre-se um frasco de BCG para vacinar uma criança por dia, logicamente que o desperdício será mais que o 50%.
Entretanto, como alternativa para solucionar esse problema, aconselha-se que seja usado o desperdício real da sua U.S, como? Controle o desperdício dos últimos três meses, some e ache a media, feito isso terá mais ou menos o seu desperdício a aplique-o para calcular a estimativa da sua vacina.

Factor de desperdício a aplicar
  ü  VACINA                 Tx. Desp                F. Desp
  ü  BCG                      50%                          2
  ü  Sarampo                25%                         1.33        
  ü  VAP                       10%                         1.11
  ü  DPT-HepB-Hib          5%                         1.05
  ü  VAT                       10%                         1.11


Como calcular a necessidade em seringas e caixas incineradoras
  ü  Seringas de 0,05 ml = nr de doses de BCG
  ü  Seringas de 0,5ml = (Nr de doses VAS, VAT e DTP-HepB-Hib
  ü  Seringas  de 2 ml = nr de doses de BCG/nr de doses por frasco de BCG
  ü  Seringas de 5 ml = nr de doses de VAS/nr de doses por frasco de VAS      
  ü  Caixas incineradoras = total de seringas/100

Os cálculos supra detalhados estimam as necessidades na sua integridade, ou seja, o número de doses é directamente proporcional ao número do grupo alvo e não foi prevista aqui a questão da margem de segurança. Geralmente para a segurança da vacina usa-se uma margem de 25%. É aqui que importa então referenciar os stocks críticos. Veja noutras publicações desse Portal o que são stocks críticos e como calcular.

Referencias bibliográficas 
Manual do Programa Alargado de Vacinação” (PAV), 2009 - MISAU.





2 comentários:

  1. Qual é a importância de calcular às necessidades vacinal

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  2. Garantir uma boa gestão com isso tu podes saber como monitorar e avaliar o seu programa.

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