Autismo
O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração
que afeta a capacidade de comunicação
do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos)
e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas
que regulam essas respostas). Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes
chamado transtorno global do desenvolvimento
(TGD), também conhecido como transtorno invasivo do
desenvolvimento (TID), do inglês pervasive developmental disorder
(PDD). Entretanto, neste contexto, a tradução correta de
"pervasive" é "abrangente" ou "global", e não
"penetrante" ou "invasivo". Mais recentemente cunhou-se o
termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a
Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra
Especificação.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência
e fala
intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem.
Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos
padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também
são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades
dos sintomas do autismo. Actualmente já há a possibilidade de detectar a
síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos.
Certos adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira
profissional. Porém, os problemas de comunicação e socialização causam,
frequentemente, dificuldades em muitas áreas da vida. Adultos com autismo
continuarão a precisar de encorajamento e apoio moral na sua luta para uma vida
independente. Pais de autistas devem procurar programas para jovens adultos
autistas bem antes dos seus filhos terminarem a escola. [Dica]: Caso conheça
outros pais de adultos com autismo, pergunte sobre os serviços disponíveis.
Em 2010,
no Dia Mundial de Conscientização do
Autismo, 2 de abril, a ONU declarou que, segundo
especialistas, acredita-se que a doença atinja cerca de 70 milhões de pessoas
em todo o mundo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem.
O aumento dos números de prevalência de autismo levanta uma discussão
importante sobre haver ou não uma epidemia da síndrome no planeta, ainda em
discussão pela comunidade científica.
Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu
mundo próprio, interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se,
por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras
crianças brincarem, não é porque ela necessariamente está desinteressada nessas
brincadeiras
ou porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha
dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa, muitos
cientistas atribuem esta dificuldade à Cegueira
Mental, uma compreensão decorrente dos estudos sobre a Teoria da
Mente.
Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente
se pensa em uma pessoa retardada ou que sabe poucas palavras (ou até mesmo que
não sabe alguma). Problemas na inteligência geral ou no desenvolvimento de
linguagem, em alguns casos, pode realmente estar presente, mas como dito acima
nem todos são assim. Às vezes é difícil definir se uma pessoa tem um déficit
intelectivo se ela nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou
com o ambiente. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência
acima da média.
A ciência, pela primeira vez falou em cura do autismo em novembro de 2010,
com a descoberta de um grupo de cientistas nos EUA, junto do pesquisador
brasileiro Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia,
que conseguiu "curar" um neurônio "autista" em laboratório.
O estudo, que baseou-se na Síndrome de Rett (um tipo de autismo com maior
comprometimento e com comprovada causa genética), foi coordenado por mais dois
brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol Marchetto e foi publicado na revista científica
Segundo a ASA (Autism Society of
America), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das
características listadas a seguir:
- Dificuldade
de relacionamento com outras pessoas
- Riso
inapropriado
- Pouco ou
nenhum contato visual - não olha nos olhos
- Aparente
insensibilidade à dor - não responde adequadamente a uma situação de dor
- Preferência
pela solidão; modos arredios - busca o isolamento e não procura outras crianças
- Rotação de
objetos - brinca de
forma inadequada ou bizarra com os mais variados objetos
- Inapropriada
fixação em objetos
- Perceptível
hiperatividade ou extrema inatividade - muitos têm problemas de sono ou excesso de
passividade
- Ausência de
resposta aos métodos normais de ensino - muitos precisam de material adaptado
- Insistência
em repetição desnecessária de assuntos, resistência à mudança de rotina
- Não tem real
medo do perigo
(consciência de situações que envolvam perigo)
- Procedimento
com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só;
impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma
determinada maneira os alisares)
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem
normal)
- Recusa colo
ou afagos -
bebês preferem ficar no chão que no colo
- Age como se
estivesse surdo - não responde pelo nome
- Dificuldade
em expressar necessidades - sem ou limitada linguagem oral e/ou corporal (gestos)
- Acessos de
raiva - demonstra
extrema aflição sem razão aparente
- Irregular
habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos
- Desorganização
sensorial - hipo
ou hipersensibilidade, por exemplo, auditiva
- Não faz
referência social - entra num lugar desconhecido sem antes olhar para o adulto
(pai/mãe) para fazer referência antes e saber se é seguro
21.
Observação: É relevante
salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes
sintomas, porém muitos dos sintomas estão presentes entre os 12 e os 24 meses
da criança. Eles variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para
sintoma, pois o autismo se manifesta de forma única em cada pessoa.
Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e
são inapropriadas para sua idade.
22.
Vale salientar também que a ocorrência desses sintomas não é determinista
no diagnóstico do autismo. Para tal, se faz necessário acompanhamento com
psicólogo, psiquiatra da infância ou neuropediatra.[2]
[1] SCHWARTZMAN,
José Salomão (16 de Setembro de 2010). Autismo
e outros transtornos do espectro autista. Revista
Autismo, edição de setembro de 2010.
[2] ↑ ONU
marca 1º Dia Mundial sobre Autismo. Rádio ONU (2 de Abril
de 2008).
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