INTRODUÇÃO
As vacinas
permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer
tratamento médico.
O Programa
Alargado de Vacinação (PAV) lançado em Moçambique em 1979, após a Campanha
Nacional de Vacinação, a primeira realizada após a Independência Nacional, mostrou ao longo dos anos notáveis ganhos de
saúde, como a redução da morbilidade e da mortalidade pelas doenças infecciosas
alvo da vacinação.
O actual
Programa Alargado de Vacinação, inclui as vacinas contra a tuberculose, a difteria,
o tétano, a tosse convulsa, a poliomielite, o
sarampo e a hepatite B, esta última introduzida no País em 2001.
O PAV é um
programa nacional e gratuito, cujos resultados se reflectem positivamente na
saúde pública e, neste sentido, a acessibilidade ao programa, sem qualquer tipo
de barreira, deve constituir uma das suas prioridades. Neste contexto, compete
aos profissionais de saúde divulgar o programa, motivar as famílias e
aproveitar todas as oportunidades de vacinar pessoas susceptíveis.
Não foi tarefa
fácil a sua extensão, de uma forma organizada, a todos os pontos do país, bem
como a sua posterior consolidação. Muitos obstáculos tiveram de ser vencidos, o
que só foi possível graças a um notável esforço de todos os profissionais de
saúde que se empenharam na tarefa de levar os benefícios da imunização a todas
as mães e crianças dos grupos alvo do PAV.
Apesar do
êxito do PAV, continua a verificar-se a existência de níveis de assimetrias
geográficas na sua aplicação e a presença de grupos populacionais com níveis de
protecção inferiores ao desejável. Há ainda milhares de crianças que adoecem e
morrem anualmente por não terem sido vacinadas. Há também insuficiências a
corrigir na aplicação do Programa a diversos níveis. A acção das estruturas locais
de saúde, com intervenção junto da comunidade, é fundamental para a correcção
dessas assimetrias.
Adicionalmente,
o desenvolvimento de novas vacinas e de novas apresentações vacinais em
associações diversas, tornam a sua utilização cada vez mais complexa.
Assim, é fundamental, por isso, garantir a formação e
permanente actualização de todos os que trabalham na área da vacinação de modo
a cumprirem a sua função e melhor compreenderem a importância do sentido humano
em que assentam os objectivos do Programa.
Este Manual
nada mais pretende que contribuir para essa formação e dar aos profissionais
uma noção, tanto quanto possível exacta, da complexidade que envolve
determinados aspectos do seu trabalho que, se não forem bem conhecidos e
cumpridos, poderão anular todo o esforço e comprometer o sucesso do Programa.
A actualização
do manual PAV teve em conta factores epidemiológicos, tecnológicos, sociais e
organizacionais, mantendo-se o seu objectivo inicial: minimizar o impacto
das doenças alvona saúde da população, visando a erradicação de doenças
como a poliomielite, a eliminação do tétano neonatal e o
controle/eliminação do sarampo.
Os esquemas
propostos não são rígidos, devendo adaptar-se às circunstâncias locais,
epidemiológicas ou de outra natureza e ainda a casos individuais , se razões de
ordem clínica ou outras o justificarem.
A melhor opção
possível basear-se-á, sempre, nas particularidades de cada indivíduo e
respectiva família, avaliadas através de um interrogatório dirigido.
É natural que,
num ponto ou outro, o Manual se apresente insuficiente na solução de algumas
dúvidas e preocupações. De um modo geral, porém, reúne os conhecimentos
fundamentais ao papel orientador e
esclarecedor que lhe cabe e, merece, por isso, a posição privilegida de
“companheiro” permanente do dia a dia de quem tem a pesada responsabilidade de
assegurar o correcto cumprimento do PROGRAMA ALARGADO DE VACINAÇÃO.
MAPUTO, ANO 2006
PAV – NACIONAL
Vacinar as crianças é defender a Saúde e
o futuro do País.
CAPÍTULO 1
VACINAÇÃO
Vacinar é o
acto de inocular ou administrar substâncias biológicas no organismo de forma a
criar, artificialmente e sem risco, um estado de protecção contra determinadas
doenças transmissíveis.
De um modo
muito simples, podemos descrever o processo da seguinte maneira:
·
As vacinas são
substâncias biológicas preparadas a partir de micro-organismos
causadores de doenças - bactérias ou vírus.
·
Esses
micro-organismos, depois de submetidos a um tratamento laboratorial,
perdem
o poder de causar doença, pelo que não mais representam perigo quando entram na
constituição da vacina e, através dela, são inoculados no organismo humano.
Por
exemplo:
- A vacina da BCG contém bactérias que causam
a Tuberculose. Contudo, essas bactérias, modificadas por um processo
laboratorial, estão tão enfraquecidas que não conseguem provocar doença.
- A
vacina contra o Sarampo contém vírus respectivos. Porém, esses vírus, também
estão modificados e não conseguem desenvolver doença.
Esses preparados de bactérias ou vírus
(vacinas), quando introduzidos no organismo, estimulam-no, depois de algum
tempo, à criação de anticorpos contra aquela bactéria ou vírus.
Os anticorpos
são os defensores do nosso organismo e têm a capacidade de eliminar a acção
dos vírus e das bactérias que, sem essa defesa, seriam capazes de causar a
doença.
Os anticorpos
são, assim, os elementos responsáveis pela defesa do organismo contra as
doenças.
Quando o
organismo de uma pessoa já vacinada entra em contacto com o vírus ou bactéria
de outra pessoa doente, o organismo reage e defende-se através dos anticorpos
produzidos pela vacina, eliminando a acção dos vírus ou bactérias invasores.
Os anticorpos
são específicos, isto é, protegem contra uma determinada doença para a qual é
feita a vacinação.
Por exemplo:
Os anticorpos
contra o vírus do Sarampo protegem apenas contra esta doença. Por isso,
a vacina deve ser administrada à criança
ANTES do seu contacto com o
vírus do Sarampo, para que dê tempo à formação de anticorpos.
CAPÍTULO 2
DOENÇAS-ALVO
DO PAV
Doenças-alvo do PAV, desordens por deficiência de Vitamina A
As
doenças-alvo do PAV são as que se podem evitar com a aplicação de vacinas
específicas incluídas no Programa. Uma vez que cada país tem a sua política em
relação às vacinas a serem usadas nos seus respectivos programas, as
doenças-alvo do PAV devem ser bem definidas de modo a facilitar a sua detecção
e seguimento a todos os níveis, através do sistema da vigilância
epidemiológica. A seguir são enumeradas, de forma detalhada, as doenças
preveníveis pela vacinação no país.
2.1 SARAMPO
O sarampo é uma doença altamente
infecciosa causada por um vírus. A doença é freqüente nalgumas populações e
freqüentemente ocorre em proporções epidémicas. O sarampo epidêmico é
particularmente comum em condições de sobrepovoamento e pobreza, onde elevado
número de pessoas não imunizadas vivem em contacto muito próximo. O Sarampo é
uma doença de notificação obrigatória, e a que mais crianças mata dentre as
doenças preveníveis pela vacinação.
2.1.1 Definição de caso
Presença
ou história de rash cutâneo generalizado e febre, e qualquer um dos seguintes
sinais: constipação, corrimento nasal ou vermelhidão nos olhos.
2.1.2 Epidemiologia
A
epidemiologia do Sarampo é dinâmica, mudando com o tempo à medida que os
serviços de vacinação alteram o “pool” de indivíduos susceptíveis (OMS, 1996).
As epidemias continuam a ocorrer mesmo quando as coberturas vacinais se situam
acima dos 90%. Contudo, elas são de muito pequena magnitude e são separadas por
intervalos muito longos. Isto se deve ao acúmulo de indivíduos susceptíveis (os
indivíduos não vacinados e os que falham em fazer a seroconversão) associado ao
facto de o Sarampo ser uma doença altamente infecciosa.
Em
condições de alta densidade populacional, é muito provável que o Sarampo ocorra
ao longo de todo o ano, às vezes com picos sazonais. Em áreas de pouca
densidade populacional, a cada dois ou três anos. Nos casos em que um grande
“pool” populacional de crianças é susceptível,
um único caso de Sarampo pode provocar
epidemias.
As
pessoas que se recuperam do Sarampo são imunes por toda a vida, e crianças que
nascem de mães que tiveram sarampo, geralmente são imunes por 6 a 8 meses. A
vacinação é a intervenção mais efectiva que existe em saúde pública, para
proteger uma criança contra o Sarampo.
|
Prevenir
o Sarampo através da imunização terá influências profundas na morbilidade
e mortalidade pela doença e trará outros
benefícios através da prevenção de outras condições tais como a desidratação,
infecções respiratórias, cegueira, malnutrição severa e deficiência de Vitamina
A.
O
vírus do Sarampo é transmitido através de gotículas respiratórias libertadas
por pessoas infectadas quando tossem ou expiram. Os casos são infecciosos um a
três dias antes do apatrecimento do rash cutâneo até 7 dias depois.
O
período de incubação vai de 7 a 18 dias.
A
doença propaga-se rapidamente nos locais onde as crianças e adolescentes se
juntam, tais como, hospitais, casas, escolas, mercados, centros de refugiados e
locais de convívio.
Crianças
entre os 9 e 12 meses, se não forem vacinadas, são muito prováveis de serem
infectados pelo vírus do Sarampo. O Sarampo severo é também muito provável de
ocorrer nos seguintes casos:
·
Crianças malnutridas,
especialmente aquelas com deficiência de Vitamina A.
·
Crianças vivendo em
ambiente superlotados.
·
Crianças com fraco
sistema imune devido, por exemplo, ao HIV/SIDA.
2.1.3
Quadro Clínico
A
erupção característica que é acompanhada de inflamação da mucosa ocorre no
momento em que a imunidade para o vírus se desenvolve. A febre, constipação e
diarréia precedem a erupção. Pode haver uma erupção na boca que se apresenta
como “manchas de koplik”.
A
erupção cutânea usualmente aparece primeiro por detrás das orelhas e se espalha
pela face e parte superior do tronco e depois se estende para o resto do corpo.
A erupção é macular ou mais freqüentemente maculo-papular e de cor mais escura
do que a pele normal.
As
seguintes complicações podem ocorrer especialmente em crianças menores de 5
anos:
- Infecções respiratórias agudas, principalmente pneumonia, que é a doenças mais comum associada a mortalidade por sarampo.
- Infecções do ouvido (otites)
- Diarréia
- Lesões da córnea (Keratomalácia) que podem provocar cegueira.
- Encefalite, entre outras complicações.
|
2.1.4
Tratamento
Uma
vez tratar-se de infecção viral, não existe tratamento específico. No entanto, o tratamento sintomático é
importante e deve ser feito pela mãe em casa nos casos ligeiros. O tratamento
caseiro deve incluir:
- Tratamento da febre (aspirina, paracetamol, arrefecimento corporal), alimentação e cuidados oculares (limpeza com água morna, sem usar medicamentos tradicionais).
- Reconhecimento dos sinais de complicação, especialmente dispnéia, desidratação e convulsões, os quais requerem que o paciente seja referido com urgência para a unidade sanitária mais próxima.
Cuidados
hospitalares incluem:
- Dar vitamina A, (100.000 unidades para crianças entre os 6 e 12 meses, e 200.000 unidades para maiores de 1 ano) a todos os casos e uma segunda dose no dia seguinte. Se houver xeroftalmia ou keratomalácia, dar uma terceira dose uma semana mais tarde.
- Tratamento com antibióticos para as infecções (pneumonia, otites, etc.).
- Tratamento da desidratação com SRO ou líquidos intravenosos.
- Alimentação extra se houver perda de peso.
|
2.2 POLIOMIELITE
É
uma infecção viral aguda que se propaga pela via fecal-oral. Conseqüentemente,
a transmissão é mais alta em áreas de saneamento pobre e de água contaminada. A
paralisia flácida aguda (PFA) que é a condição clínica para se suspeitar da
poliomielite, é uma doença notificável.
2.2.1
Definição de caso de suspeita de pólio ou paralisia flácida aguda
Qualquer
caso de início súbito de paralisia flácida de um ou mais membros em crianças
menores de 15 anos de idade.
2.2.2
Epidemiologia
O
vírus propaga-se pela via fecal-oral. Quase todas as crianças que vivem numa
casa onde alguém esteja infectado pelo vírus, serão infectadas. As pessoas infectadas
são muito susceptíveis de propagar o vírus 7 a 10 dias depois de manifestarem
os primeiros sintomas da doença. Pessoas infectadas assintomáticas também podem
propagar a infecção.
Durante
uma epidemia, somente uma pequena proporção de indivíduos manifesta a doença
(Philips J et. al, 1998). No entanto, embora este seja o caso, a incapacidade
severa (a qual é prevenível) torna a pólio numa doença muito séria. É a causa
mais importante de incapacidade física em crianças.
A
poliomielite é causada por uma das três estirpes de poliovirus (1, 2 ou 3), e
tem um período de incubação até ao início da paralisia de 2 – 3 semanas.
A
infecção pode ser assintomática ou causar uma doença febril com mal-estar,
cefaléias, náuseas, vômitos e dores musculares. Depois de alguns dias começa a
paralisia dos membros, geralmente de distribuição assimétrica. Às vezes há
envolvimento dos músculos respiratórios (nestes casos o doente pode morrer por
dificuldades de respirar) e da deglutição. É possível haver recuperação completa
espontânea, mas mais freqüentemente
ocorre paralisia residual , a qual se não for bem tratada com
fisioterapia, pode levar à deformidade marcada do(s) membro(s) e incapacidade
física.
2.2.3
Tratamento
Não
existe tratamento para esta doença. No entanto, os sintomas podem ser aliviados
com tratamento sintomático. Às vezes o paciente necessita de respiração
assistida, quando ocorre paralisia dos músculos respiratórios.
|
2.3 TÉTANO NEONATAL
O
tétano é uma doença neurológica aguda causada pela exotoxina (toxina) do bacilo
do tétano (Clostridium Tetani), o qual cresce em tecidos mortos na ausência de
oxigênio, como por exemplo, em feridas profundas e sujas, ou no coto do cordão
umbilical do bebé. O bacilo forma esporos que podem sobreviver no ambiente,
particularmente na superfície de metais enferrujados. A toxina que produzem,
intoxica os nervos que controlam os músculos e causa rigidez.
Os
recém-nascidos podem sofrer de tétano neonatal (TNN), que ocorre via cordão
umbilical se o parto ou cuidados pós-parto não tiverem sido assépticos
(limpos). A infecção ocorre como resultado de uso de instrumentos contaminados.
Qualquer pessoa pode apanhar tétano. O tétano neonatal é uma doença
notificável.
2.3.1
Definição de caso
Doença
caracterizada por início entre o 3o
e o 28o dias de idade e história de incapacidade de sugar,
seguida de rigidez e ou espasmo muscular, e freqüentemente, morte.
2.3.2
Epidemiologia
O
reservatório do bacilo é o meio ambiente em locais com poeira e lixo. É uma
doença comum com uma taxa de letalidade muito alta. Estão particularmente em
risco de apanhar a doença os que trabalham nas machambas, recém-nascidos ou
qualquer pessoa com ferida suja. Está também associada à convivência com
animais, falta de vacinação ou vacinação incompleta, e aplicação de remédios
tradicionais com cinza ou outo tipo de sujidade nas feridas.
A magnitude do tétano neonatal não é
conhecida porque muitas das mortes ocorrem em casa e são parcamente reportadas
pela comunidade.
Os recém-nascidos tornam-se infectados
se:
·
a faca, lâmina ou outro
instrumento usado para cortar o cordão umbilical estiver sujo.
·
as fezes ou cinza são
usadas para esfregar no cordão, ou se a areia entrar no cordão umbilical do
bebé.
·
as mãos da pessoa que
faz o parto não estiverem limpas
Bebés
e crianças também podem contrair o tétano quando instrumentos sujos são usados
para circuncisão, para perfurar a pele, ou quando carvão, sujidade ou outras
substâncias pouco claras são usadas para esfregar na ferida.
2.3.3
Quadro clínico
é
uma doença aguda causada pela toxina produzida pelo bacilo do tétano e
caracterizada por espasmo doloroso e involuntário dos músculos voluntários.
O
recém-nascido nasce normal, mas pára de sugar 3 a 10 dias mais tarde. O bebé
fica irritável e chora muito. Depois ocorre rigidez generalizada, convulsões e
espasmos musculares severos, particularmente a seguir a estímulos como tocar na
criança, barulho ou luz, e a morte segue-se em muitos casos.
Os
músculos da mandíbula são freqüentemente os primeiros a serem afectados pela
contração espástica, dando o característico “riso sardônico”. Mais tarde são
cada vez mais envolvidos outros grupos musculares resultando no quadro
característico de rigidez da nuca, rigidez abdominal (opistótonus) e dificuldades
em respirar e deglutir.
2.3.4
Prevenção
Indivíduos
imunizados com TT (toxóide tetânico) desenvolvem anticorpos contra o tétano.
Mulheres grávidas com vacinação anti-tetánica em dia passam os anticorpos para
seus bebés, assim, garantindo sua protecção contra o tétano à nascença, mas por
período limitado.Por isso, a VAT correcta às mulheres em idade fértil
(incluindo grávidas) protege-as à elas e aos seus bebés contra o tétano.
O
tétano neonatal também pode ser prevenido se forem observadas as condições de
assepsia em todos os momentos do parto.
Adicionalmente,
o manejo adequado das feridas também previne o tétano. As feridas devem ser
completamente limpas e todo o tecido morto removido. Pessoas com feridas sujas
e que não estejam completamente protegidas contra o tétano, devem receber
imunoglobulina tetânica para neutralizar os efeitos da toxina do tétano.
2.4 TUBERCULOSE
A
tuberculose (TB) é causada pelo Mycobacterium Tuberculosis, um bacilo gram-positivo
também conhecido por Bacilo de Koch. Afecta primariamente os pulmões, mas
outras partes do corpo podem ser atingidas, tais como, os ossos, as
articulações, os rins e o cérbro.
2.4.1
Casos suspeitos de tuberculose
Qualquer
criança doente com história de contacto com um caso suspeito ou confirmado de
tuberculose pulmonar.
Qualquer
criança com as seguintes características:
- Perda de peso, tosse e expectoração, que não respondem ao tratamento antibiótico para doenças respiratórias agudas.
- Massa anormal no corpo, dura, não dolorosa e livremente móvel debaixo da pele.
- Nódulos linfáticos aumentados, firmes e não dolorosos.
2.4.2
Epidemiologia
A
TB é endêmica em Moçambique, tanto nas áreas rurais como nas urbanas, e afecta
todas as idades. O HIV/SIDA e a falência terapêutica são factores contribuintes
para o agravamento do impacto da doença.
A
fonte de infecção é uma pessoa com tuberculose pulmonar com baciloscopia
positiva, e que espalha a doença através da tosse.
O
período de incubação é de 4 – 12 semanas, mas a infecção pode persistir por
meses ou anos antes da doença se tornar sintomática.
Os
factores de risco para a tuberculose incluem:
- Imunodeficiência
- Malnutrição
- Alcoolismo
- Diabetes
- Sobrelotação (sobrepovoamento)
- Locais com ventilação inadequada e contacto próximo com pessoa infectada
2.4.3
Quadro clínico
História
de tosse há mais de 4 semanas.
Características
gerais tais como, sudação nocturna, fraqueza geral e perda de peso.
2.4.4
Prevenção
A
BCG protege principalmente contra as formas infantis severas de TB, que são a
tuberculose miliar e a meningites tuberculosa. Não protege efectivamente contra
a forma adulta da tuberculose.
2.4.5
Tratamento
Pessoas
com tuberculose devem completar o curso da terapia curativa, o qual usualmente
inclui duas ou mais drogas antituberculosas por pelo menos 6 meses.
Infelizmente, algumas pessoas não tomam a medicação como prescrito ou não
completam o curso de terapia. Isto pode levar a formação de estirpes
resistentes às drogas da TB, que podem ser propagadas às outras pessoas.
2.5 DIFTERIA
É
uma infecção aguda causada por estirpes de Corynebacterium Diphtheria que
produzem a toxina diftérica. A toxina pode lesar ou destruir os tecidos do corpo humano e órgãos.Há dois
tipos:
- Forma tóxica – com falência cardíaca, contrações miocárdiacas fracas, pulso rápido, fraco e pressão arterial baixa.
- Forma obstructiva – na qual as membranas necróticas podem propagar-se a partir da garganta e obstruir a laringe.
A
difteria afecta pessoas de todas as idades, mas principalmente crianças
não-imunizadas menores de 15 anos.
2.5.1
Definição de caso
Dor
de garganta, febre e membrana esbranquiçada aderente às amígdalas, faringe e ou
passagens nasais.
2.5.2
Epidemiologia
A
difteria propaga-se quer por contacto directo pessoa-a-pessoa, ou através de
gotículas quando um portador nasal tosse. O portador pode ser assintomático e
imune. A propagação da doença é favorecida em locais superpovoados e em baixas
condições de vida.
O
período de incubação é de 1 – 7 dias. As
pessoas infectadas podem propagar a doença até 4 semanas. Raramente, podem
continuar infectantes até 6 meses. Durante os surtos e epidemias, algumas
crianças podem ser portadoras assintomáticas, mas ainda podem espalhar a doença
às outras pessoas.
2.5.3
Quadro clínico
Quando
a difteria afecta a garganta e as amígdalas, os sintomas precoces são a dor de
garganta, perda de apetite e febre ligeira. Dentro de 2 ou 3 dias, aparece uma
membrana esbranquiçada ou acinzentada na garganta e amígdalas, e os gânglios do
pescoço aumentam de volume. Os pacientes podem recuperar ou desenvolver
fraqueza severa e morrer dentro de 6 a 10 dias.
2.5.4
Tratamento
Casos
de difteria devem ser tratados com toxina anti-diftérica e antibióticos, e
devem ser isolados para evitar exposição às outras pessoas. Culturas das
secreções da garganta devem ser feitas para confirmar o diagnóstico. Os
pacientes tornam-se não infecciosos dois dias depois de iniciarem o tratamento
antibiótico.
2.6
PERTUSSIS (TOSSE CONVULSA)
É uma doença bacteriana causada pelo
Bordatella Pertussis, que vive na boca, nariz e garganta. A doença é
extremamente contagiosa, especialmente em ambientes de superpovoamento e má
nutrição. Muitas crianças com pertussis têm salvas de tosse que duram 4 a 8
semanas. A doença é comum em crianças não imunizadas. A tosse convulsa tem uma
mortalidade elevada quando afecta crianças com menos de 1 ano de idade. Devido
à tosse com vómitos constantes, o estado nutricional da criança doente tende a
complicar-se.
2.6.1
Definição de caso
Tosse
há pelo menos duas semanas e caracterizada por pelo menos um dos seguintes
sinas: salva de tosse, inspiração em guincho ou vômito a seguir à tosse sem
outra causa aparente.
2.6.2
Epidemiologia
A pertussis propaga-se muito facilmente
de pessoa-para-pessoa através de gotículas produzidas pela tosse ou expiro.
Muitas pessoas expostas ao germe tornam-se infectadas. A doença é transmitida a
partir de 7 dias depois da exposição até 3 semanas depois do início da tosse. O
período de infecção pode ir até 21 dias. Ocorre pouca ou nenhuma transferência
de imunidade da mãe para o filho. Infantes e crianças pequenas são muito
susceptíveis de se tornar infectadas, desenvolver complicações sérias e morrer.
Popularmente, a tosse convulsa é chamada “doença dos seis meses” e figura em
segundo lugar, depois do sarampo, entre as doenças causadoras de situações
sérias na criança.
2.6.3
Quadro clínico
Descrevem-se 3 estágios no caso
típico de tosse convulsa. Eles são:
·
Estágio
1 – inicialmente, por volta da primeira semana, há um estágio catarral, com
sintomas respiratórios superiores semelhantes aos de um resfriado comum. A
criança parece ter um resfriado comum com corrimento nasal, olhos
lacrimejantes, febre e tosse. A tosse piora gradualmente.
·
Estágio
2 – envolve numerosas salvas de tosse rápida. No fim destas salvas, a criança
inspira com um guincho. A criança pode ficar cianótica devido à falta de
oxigênio durante a longa salva de tosse. Vômito e exaustão freqüentemente
ocorrem a seguir aos ataques de tosse, que são particularmente freqüentes à
noite. Este estágio dura uma a seis semanas, mas pode ir até 10 semanas. Os
ataques tornam-se menos severos com o
passar do tempo.
·
Estágio
3 – a tosse gradualmente torna-se menos intensa e para em 2 a 3 semanas.
Geralmente há febre alta durante o curso da doença.
As complicações são mais
prováveis em crianças menores, e incluem a pneumonia, que é a complicação mais
comum e causa mais comum de morte, convulsões, perda de apetite, otite e
desidratação.
2.6.4
Tratamento
Os
antibióticos ajudam a reduzir os episódios de tosse e no tratamento de
complicações como pneumonia e otite média. Deve-se também dar muitos fluídos
para prevenir a dsidratação.
A
eritromicina é usada para a profilaxia dos contactos (reduz a propagação
secundária entre os contactos) especialmente quando administrada poucos dias
depois do início dos sintomas.
2.7
HEPATITE B
A Hepatite B é o maior problema
de saúde pública no mundo. Aproximadamente 30% da população mundial tem
evidências serológicas de infecção pelo vírus da hepatite B (VHB). Ë uma doença
viral altamente infecciosa e que afecta o fígado.
Muitas das conseqüências sérias
da infecção pelo virus da hepatite B (VHB) ocorre entre pessoas que se tornam
cronicamente infectadas. Pessoas com infecção crônica geralmente são
assintomáticas durante décadas depois da infecção, e 15-25% destas pessoas
desenvolvem cancro do fígado ou cirrose. Estes portadores crônicos também são
um reservatório importante para a transmissão de novas infecções.
2.7.1
Diagnóstico
O vírus da hepatite B é um dos 5
vírus causadores da hepatite no homem. A doença aguda causada por todos estes
vírus é similar e é necessário fazer testes laboratoriais específicos para
determinar o vírus causador numa pessoa com sinais e ou sintomas de hepatite
aguda.
As crianças geralmente são
assintomáticas quando são infectadas pelo VHB, mas freqüentemente desenvolvem
infecção crônica. Assim, os casos reportados de hepatite B subestimam a
magnitude da doença, particularmente em países com alta endemicidade da
infecção pelo VHB, onde a maioria das infecções crônicas são adquiridas na
infância.
2.7.2
Epidemiologia
A doença é altamente endêmica em
África. 60 – 90% são infectadas até à
idade adulta, dos quais 5 – 25% são portadores crônicos. A transmissão
do VHB pode ocorrer com a exposição
percutânea ou da mucosa, de sangue ou fluídos corporais de portadores. O
vírus é encontrado em altas concentrações no sangue e exudatos serosos,
moderada no sêmen e fluído vaginal, e baixa na saliva.
As vias
primárias de transmissão são:
·
Perinatal
(da mãe para o filho)
·
De
criança para criança
·
De
injecções e transfusões contaminados
·
Contacto
sexual
A transmissão perinatal
geralmente ocorre desde a exposição ao sangue materno, ao líquido amniótico e
ou fluído vaginal na altura do parto.
A transmissão pessoa para pessoa
(criança para criança), responde pela maioria das infecções pelo VHB á nível
mundial. Ocorre em contactos interpessoais através de feridas e ulcerações.
Muitas crianças se infectam nos primeiros anos de vida.
Nas unidades sanitárias, a
infecção pelo VHB pode ser transmitida através de agulhas e seringas usadas e
outro equipamento que não tenha sido devidamente esterilizado, e através de
transfusão de sangue contaminado e que não tenha sido testado para o antígeno
do VHB (AgHbs).
A transmissão sexual pode
contribuir para uma alta proporção de casos de hepatite B entre os adolescentes
e adultos em países com uma baixa prevalência da hepatite B. Em países com alta
prevalência a maioria das pessoas já terá sido infectada durante a infância.
2.7.3
Quadro clínico
Pessoas infectadas com o VHB têm
ambos resultados a curto e a longo termos. Quando uma pessoa é infectada pela
primeira vez com o VHB pode apresentar quer doença sintomática (hepatite B
aguda) ou pode ter uma infecção assintomática, sem sinais nem sintomas da
doença. Independentemente de serem sintomáticos ou assintomáticos, podem ambos
os casos recuperar da infecção e desenvolver uma imunidade duradoura, ou
desenvolver uma infecção crônica que usualmente permanece pelo resto da vida.
Em pessoas com hepatite B aguda,
o período de incubação é usualmente de 3 – 4 meses, com uma variação de 6
semanas a 6 meses. Os sintomas e sinais da doença geralmente duram várias
semanas, e incluem perda de apetite, fraqueza, náuseas, vômitos, dor abdominal,
icterícia (pele e olhos amarelados), urina carregada, rash cutâneo e dor nas
articulações. Cerca de 1 – 2 % de pessoas com hepatite B morrem de hepatite
fulminante.
2.7.4
Prevenção
Existe uma vacina segura e
eficaz contra a hepatite B há aproximadamente 30 anos. A vacina da hepatite B é
eficaz na prevenção da infecção pelo VHB quando é aplicada quer antes ou pouco
depois da exposição ao vírus. A OMS recomenda a inclusão da vacina da hepatite
B em todos os programas de vacinação de rotina de todos os países. Moçambique
introduziu a vacina contra a hepatite B no programa de vacinação em Julho de
2001, sob a forma combinada de DPT/Hepatite B. O objectivo primário da
vacinação contra a hepatite B é prevenir a infecção crônica que ocorre na infância,
a qual pode resultar em doença crônica
do fígado mais tarde na vida.
2.7.5
Tratamento
Não existe tratamento específico
para o vírus da hepatite B. Geralmente, recomenda-se dieta com baixo teor de
gorduras e não consumo de álcool.
2.8 VITAMINA
“A” E DESORDENS POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA “A”
A vitamina A joga diferentes
papeis no organismo. Entre estes, ela contribui para formar o pigmento
necessário para a visão na escuridão parcial, protege as células epiteliais do
olho e é importante para a resistência do corpo às infecções. A vitamina A
(retinol) é uma substância gordurosa solúvel armazenada nos órgãos do corpo,
principalmente no fígado. Ela é liberta conforme necessário para a circulação
sanguínea, tornando-se disponível para ser usada pelas células do corpo,
incluindo as do olho. A falta de vitamina A causa lesões principalmente do
olho, mas também a pele é afectada.
2.8.1
Definição de Caso
As manifestações
precoces da deficiência de vitamina A são a cegueira nocturna, xeroftalmia ou
“olho seco”. Em estágios avançados, pode ocorrer keratomalácia, levando à
cegueira completa. As manifestações desta lesão são a necrosis, ulceração e,
finalmente, perfuração da córnea.
2.8.2 Epidemiologia
A doença ocorre
principalmente em crianças jovens. Estudos mostraram que a suplementação com
vitamina A pode reduzir a mortalidade em crianças com idade dos 6 meses aos 5
anos em cerca de 23% (Beaton GH et al., 1994). Em adultos, algumas doenças
gatro-intestinais associadas com diarréia prolongada e mal-absorção geralmente
condicionam a deficiência de vitamina A.
O metabolismo da
vitamina A é também prejudicado pelo sarampo, uma infecção viral comum em
crianças no nosso país. Quando os níveis de vitamina A são baixos, o sarampo os
reduz ainda mais freqüentemente levando à lesão da córnea.
2.8.3 Quadro clínico
A deficiência de
vitamina A aprsenta-se da seguinte forma:
·
Secura reversível da conjuntiva e da córnea
no estágio precoce.
·
Lesão irreversível da córnea com erosão ou
ruptura da globo ocular causando cegueira nos estágios tardios.
·
Manchas de BITOT. Estes são uns pontos
esbranquiçados freqüentemente vistos nos olhos.
·
Cegueira nocturna pode ser uma queixa precoce
na criança mais velha.
2.8.4 Tratamento
Dar
vitamina A, (100.000 Unidades Internacionais UI, se a criança tiver 6 – 12
meses, e 200.000 UI se for > 12 meses) á todos os casos e repetir no dia
seguinte e uma semana mais tarde.
No
sarampo: dosagem específica para a idade nos dias
1 e 2.
Casos
de xeroftalmia: dosagem específica para a idade nos dias
1, 2 e 14.
2.8.5 Prevenção
Diversificação
da dieta (alimentos ricos em caroteno).
Fortificação
dos alimentos.
Suplementação
com vitamina A.
CAPÍTULO
3
VACINAÇÃO
E CALENDÁRIO VACINAL
O
objectivo da vacinação no país é garantir que todas as crianças recebam todas
as doses de todos os antígenos antes do seu primeiro aniversário, embora
crianças até aos 23 meses permaneçam elegíveis para a vacinação de rotina. Uma
criança completamente vacinada é aquela que tenha recebido a BCG, Sarampo, VAP3
e DPT/Hepatite B3 até ao seu primeiro ano de vida. As crianças que abandonam –
isto é, as que não completam o ciclo vacinal – devem ser identificadas e
seguidas.
O
MISAU adoptou a política de oferecer os serviços de vacinação de rotina às crianças
e mulheres de uma idade específica para satisfazer as necessidades do país.
Assim, os grupos-alvo para a vacinação de rotina incluem crianças menores de 1
ano de idade, mulheres grávidas e mulheres em idade fértil (dos 15 aos 49
anos). Os serviços de vacinação devem ser integrados com outros aspectos de
promoção da saúde, tais como, educação para a saúde e aconselhamento,
suplementação em micronutrientes, planeamento familiar, cuidados pré-natais e
pós-natais. Adicionalmente ao esquema de rotina, em caso de necessidade, são
também organizadas campanhas especiais de vacinação.
3.1 Vacinação da criança
3.1.1 Calendário vacinal
Cada
criança deve receber uma dose de BCG, quatro de VAP, três de DPT/Hepatite B, e
uma dose de Sarampo antes do seu primeiro aniversário. Se a criança é vista na
unidade sanitária ou se ela se apresenta
no posto de vacinação da brigada móvel nas primeiras duas semanas de vida (até
13 dias de idade) deve receber a VAP0 ao mesmo tempo que a BCG.
Para
as vacinas de doses múltiplas como a VAP e a DPT/Hepatite B, é enfatizado que o
intervalo entre as doses deve ser de pelo menos 4 (quatro) semanas. Dar doses
de uma vacina com um intervalo menor do que as 4 semanas recomendadas pode
reduzir a resposta da produção dos anticorpos. No entanto, um intervalo entre
as doses maior do que o recomendado, não reduz a concentração final dos
anticorpos.
Quando
uma criança está atrasada, inicie as doses o mais cedo possível. Se uma dose de
DPT/Hepatite B ou VAP é perdida (oportunidade perdida), a vacinação na ocasião
seguinte deve continuar como se o intervalo usual tivesse passado, e não é
necessário dar uma dose extra.
Tabela 1.
Calendário Vacinal da Criança
VACINA
|
IDADE
|
IDADE
MÍNIMA
|
|
À
nascença ou ao 1o contacto
|
À
nascença
|
VAP0
(Pólio Primária)
|
À
nascença ou ao 1o contacto antes das 6 semanas de vida
|
À
nascença
|
VAP1
e DPT/Hepatite B1
|
À
6a semana de vida ou ao 1o
contacto depois das 6 semanas
|
6
semanas
|
VAP2
e DPT/Hepatite B2
|
À
10a semana ou 4 semanas
depois da VAP1 e DPT/Hepatite B1
|
10
semanas
|
VAP3
e DPT/Hepatite B3
|
À
14a semana ou 4 semanas depois da VAP2 e DPT/Hepatite B2
|
14
semanas
|
Sarampo
|
Ao
9o mês ou 1o contacto depois dos 9 meses
|
8,5
meses
|
3.1.2 Administração
simultânea de vacinas
Múltiplas
vacinas podem ser dadas ao mesmo tempo. Por exemplo, a BCG, VAP0, ou a VAP1 e a
DPT/Hepatite B1, devem ser dadas ao mesmo tempo se a criança for elegível para
tal. Isto reduz o número de contactos necessários para completar o calendário
vacinal.
É
importante que a criança receba as vacinas antes de ser exposta às doenças, mas
depois da perda suficiente de anticorpos maternos, dado que eles influenciam a
eficácia das vacinas. Nalguns casos a vacinação antes das idades recomendadas
pode ser eficaz. No entanto, crianças mais novas do que a idade recomendada não
devem ser vacinadas, excepto em circunstâncias excepcionais autorizadas pelas
autoridades sanitárias á nível nacional. Crianças vacinadas em idade precoce do
que a recomendada, podem não manter a protecção necessária contra as doenças
sem doses de reforço.
3.1.3 Vacinação de
recuperação
Crianças
mais velhas que não estejam completamente vacinadas devem receber as doses
perdidas. Todas as outras doses em falta devem ser dadas a intervalos de tempo
normais, de acordo com o calendário.
3.1.4 Contra-indicações
para a vacinação
Existem
poucas contra-indicações absolutas para a vacinação. O risco de adiar uma
vacinação por causa de uma doença intercorrente, é que a criança pode não
voltar e perder-se a oportunidade. Em todo o mundo, oportunidades perdidas por
causa de falsas contra-indicações, são a principal causa do atraso em completar
a vacinação ou da não vacinação.
Em
geral, o PAV recomenda que todos os trabalhadores da saúde devem usar todas as
oportunidades para vacinar as crianças elegíveis; a vacina deve ser dada à
todas as criança elegíveis que frequentam todos os estabelecimentos de saúde,
mesmo em regime ambulatório. Crianças hospitalizadas devem ser vacinadas logo
que a sua condição clínica melhore, pelo menos antes de terem alta do hospital.
A vacina anti-sarampo deve, preferencialmente, ser administrada na admissão,
devido ao risco de transmissão nosocomial do sarampo.
·
Contra-indicação absoluta
Indivíduos
com doenças imuno-deficientes, ou sob terapia com agentes imunossupessores, ou
radiação, geralmente, não devem receber vacinas vivas. No entanto, todos os antígenos excepto a BCG,
devem ser dados à todas as crianças com HIV/SIDA sintomático.
Um
evento adverso severo a seguir à aplicação de uma dose de vacina (anafilaxia,
colapso ou shock, ou convulsões não febris) constitui uma verdadeira
contra-indicação à vacinação. A mãe e o trabalhador de saúde podem facilmente
reconhecer tais eventos. Uma segunda ou terceira dose de DPT/Hepatite B não
deve ser administrada a uma criança que tenha sofrido tais reacções adversas à
uma dose prévia.
·
Falsas contra-indicações
É
particularmente importante vacinar crianças sofrendo de mal-nutrição. Febre
baixa, infecções respiratórias médias e outras doenças menores não devem ser
consideradas como uma contra-indicação para a vacinação. A diarreia não deve
ser considerada contra-indicação para a VAP. Algumas condições que não são
contra-indicação para a vacinação são como se segue:
·
Doenças menores tais
como, infecções respiratórias superiores ou diarreia, febre < 38.5o
C.
·
Alergia, asma ou
outra manifestação atípica, febre do feno
·
Malnutrição.
·
Amamentação
·
História familiar de
convulsões.
·
Tratamento com
antibióticas, dose baixa de corticosteróides.
·
Dermatoses, eczema ou
infecção localizada na pele.
·
Doença crónica do
coração, pulmões ou fígado.
·
História de icterícia
logo depois do nascimento
As
mães ou outros responsáveis pelas crianças, devem ser encorajados a conservar o
cartão de registo de peso e vacinas das suas crianças mesmo depois da infância
para referência futura.
3.2
MULHER GRÁVIDA E MULHER EM IDADE FÉRTIL (MIF)
Todos
os contactos com mulheres em idade fértil devem ser usados para verificar se a
sua vacinação está em dia e dar o conselho apropriado. Isto deve levar a uma redução
de oportunidades perdidas de vacinar com VAT e melhorar as coberturas com esta
vacina. Cada dose de VAT deve se registada no cartão de VAT da mulher. Doses
recebidas durante a gravidez devem ser registadas tanto na fica pré-natal assim
como no cartão de VAT. Doses recebidas antes da gravidez actual devem ser
transferidas do cartão de VAT para a ficha pré-natal.
A
política em Moçambique é que cada grávida deve ser protegida contra o tétano
neonatal, aderindo ao esquema da tabela 2 abaixo. As doses de tétano recebidas
durante a infância podem contar para o esquema da VAT e a DPT3 conta como VAT2.
Se uma mulher tiver uma história documentada de cinco (5) injecções de VAT, ela
não precisa fazer doses adicionais de VAT, dado que cinco (5) doses dão uma protecção
completa durante os anos de idade fértil como mostrado na tabela 3.
Tabela
2. Calendário Vacinal da Mulher Grávida/MIF
DOSE DE
VAT
|
CONTACTO
|
VAT 1
VAT 2
VAT 3
VAT 4
VAT 5
|
Ao primeiro
contacto ou o mais cedo possível durante a gravidez , incluindo o primeiro
trimestre
Pelo menos
quatro (4) semanas depois de VAT 1
Pelo menos 6
meses depois da VAT 2 ou durante a gravidez subsequente
Pelo menos 1
ano depois da VAT 3 ou durante a gravidez subsequente
Pelo menos 1
ano depois de VAT 4 ou durante a gravidez subsequente
|
Este é o calendário ideal. Se não fôr
possível segui-lo exactamente, deve-se adaptá-lo às condições locais.
Tabela 3: Duração esperada da imunidade depois da
aplicação de diferentes doses de VAT em Mulheres em Idade Fértil (15 – 49 anos)
DOSES
|
INTERVALO MÍNIMO
|
PROTECÇÃO
|
DURAÇÃO DA
PROTECÇÃO
|
VAT1
|
1O
CONTACTO
|
0
|
0
|
VAT2
|
4 SEMANAS
|
80%
|
3 ANOS
|
VAT3
|
6 MESES
|
95%
|
5 ANOS
|
VAT4
|
1 ANO
|
99%
|
10 ANOS
|
VAT5
|
1 ANO
|
99%
|
TODA A VIDA
|
No
esquema vacinal do PAV de rotina, os grupos visados pela VAT compreendem as
grávidas, as mulheres em idade fértil, os alunos do 1º ingresso e os
trabalhadores.
É necessário, no entanto, ter presente
que as vacinas antitetânicas anteriormente recebidas, isto é, na infância,
idade escolar etc, são contadas para o cumprimento do calendário, desde que
entre elas tenham sido respeitados os intervalos mínimos. Não há intervalo
máximo entre as doses.
A comprovação de vacinações anteriores
exige a apresentação de um documento válido das Unidades Sanitárias onde foram
efectuadas (Cartão de Saúde da criança, Ficha de Consulta Pré-Natal, etc.).
Na
falta de comprovação nas condições referidas, a mulher deve iniciar e completar
o calendário de 5 doses. Neste caso, se a mulher estiver grávida, deve fazer 2
doses durante a gestação (Consulta Pré-Natal), uma 3.ª dose quando o filho fôr
vacinado contra o Sarampo, ficando a 4.ª dose para além de um ano e a 5.ª dose,
passado também um outro ano.
O
quadro seguinte indica a conduta a seguir em algumas situações que se podem
apresentar comprovadas.
Tabela
4. Situações a considerar na vacina antitetânica (MIF’s)
DOSES JÁ RECEBIDAS
|
|
DOSES A RECEBER
|
||||
NA
INFÂNCIA
|
NA ESCOLA
|
NA IDADE
ADULTA
|
||||
VACINA-DOSES
|
Doses válidas
|
VACINA - DOSES
|
Doses válidas
|
VACINA - DOSES
|
Doses válidas
|
|
DPT0 ou
1 Dose
|
0
|
VAT0 ou 1 Dose
|
0
|
Iniciar calendário
|
5
|
|
DPT0 ou
1 Dose
|
0
|
VAT - 2 Doses
|
2
|
fazer 3.ª,4.e 5.ª Doses
|
3
|
|
DPT2 ou
3 Doses
|
2
|
VAT - 0 Doses
|
0
|
fazer 3.ª,4.e 5.ª Doses
|
3
|
|
DPT2 ou
3 Doses
|
2
|
2 doses com um intervalo
mínimo de 1 Ano
|
2
|
Completa a 5 Dose
|
1
|
|
A
última hipótese - 2 doses na infância e 2 doses na escola - só é válida se o
intervalo entre as duas doses recebidas na escola for superior a um ano (1.ª e
2.ª classes).
Se o intervalo for inferior (4 semanas
por exemplo) deve-se contar apenas uma dose, anulando a
segunda por não corresponder ao
intervalo entre a 3.ª e 4.ª doses do calendário.
As
vacinas recebidas na infância, na escola ou noutras situações, só poderão ser
consideradas válidas quando comprovadas por um documento oficial e
reconhecido pelo misau.
|
|
Não há
intervalo máximo entre as doses
|
3.3
ACTIVIDADES ESPECIAIS DE VACINAÇÃO
Moçambique
também adoptou as políticas e princípios da OMS em relacção à eliminação do
sarampo, eliminação do tétano neonatal e erradicação da poliomielite. Estas
políticas incluem campanhas de vacinação especiais, direccionadas a grupos de idade
diferentes daqueles da vacinação de rotina.
3.3.1 Eliminação do
Sarampo
As
estratégias para a eliminação do sarampo incluem:
·
Atingir coberturas de vacinação de rotina iguais ou
superiores a 95% com uma dose de vacina anti-sarampo dada aos 9 meses de idade.
·
Realizar uma vez a nível nacional, uma campanha de vacinação
de ataque para interromper a transmissão.
·
Fazer á nível nacional, campanhas periódicas
de seguimento para manter a interrupção da transmissão do sarampo.
·
Estabelecer a vigilância baseada no caso com confirmação
laboratorial.
A eliminação do
sarampo requer uma vigilância intensiva a todos os níveis. Qualquer caso de
suspeita de sarampo deve ser investigado. Isto implica preencher a ficha de
investigação de caso, colher amostra de sangue entre 0 – 30 dias depois do
início do rash e amostras de urina dos
casos detectados somente durante 0 – 7
dias depois do início.
3.3.2 Erradicação da
Pólio
As
seguintes 4 actividades são necessárias no processo de erradicação da Pólio:
·
Vacinação de rotina:
atingir e manter altos níveis de cobertura com VAP3 (pelo menos 80% em todos os distritos).
·
Vigilância
Epidemiológica: focalizar na vigilância da paralisia flácida aguda (PFA), um
sistema para detectar todos os casos de paralisia flácida aguda e confirmar se
são ou não pólio.
·
DNV`s
(Dias Nacionais de Vacinação): dar doses suplementares de VAP a todas as
crianças dos 0 – 59 meses.
·
Actividades de
limpeza: campanhas sub-nacionais de vacinação antipólio, somente numa área
focal, quando nela se suspeite da circulação do vírus da pólio.
Moçambique
está comprometido com os esforços globais de erradicação da pólio e tem levado
a cabo com sucesso, campanhas dos DNV`s em 1996, 1997, 1998 e 1999. A
vigilância da PFA é parte integral dos esforços para a erradicação da Pólio.
Qualquer caso de PFA em crianças menores de 15 anos de idade deve ser
notificado. As investigações devem ser iniciadas o mais cedo quanto possível
incluindo a colecta de duas (2) amostras de fezes, de preferência dentro dos primeiros
14 dias depois do início da paralisia. As amostras de fezes podem ainda ser
colhidas até 60 dias depois do início da paralisia. Um exame de seguimento para
definir a paralisia residual deve ser feito pelo menos 60 dias depois do início
da paralisia.
3.3.3 Eliminação do
tétano neonatal
Para
reduzir a incidência do tétano neonatal para menos do que 1caso em cada 1000
nados vivos, Moçambique propõe-se a elevar
a cobertura de VAT em mulheres em idade fértil através da redução de
oportunidades perdidas, intensificação da mobilização social e informação,
educação e comunicação (IEC) a todos os contactos e melhoria da vigilância
epidemiológica. Deve-se dar ênfase as
actividades especiais em áreas de alto risco.
Outra
estratégia de suporte à vacinação na eliminação do tétano neonatal é a observância dos “cinco aspectos” de assépsia durante o parto
: limpar o local de parto, lavar bem as
mãos, usar fios limpos para laquear o cordão umbilical, usar lâmina ou tesoura
limpa para cortar o cordão e limpar bem o coto umbilical.
Parabéns pelo blog,Agradeço por partilhares esta informação com mais leitores interessados na saúde pública em Moçambique.
ResponderEliminarA equipa do blog agradece, subscreva-se para receber novas actualizações grátis. E recomende-nos a mais leitores.
EliminarÉ possível me enviarem esse manual electrónico?
ResponderEliminarWow que riqueza
ResponderEliminarParabéns pelo Blog e difusão de informação útil e necessária à sociedade, que por sinal o grosso dela ainda não é bem informada. Contudo, fazendo parte desta mesma sociedade, agradecia que me esclareça o seguinte, qual é o nome da 1ª vacina que se dá a criança no 1º dia de vida? A tabela fornecida não apresenta nome algum na tabela do calendário de vacinação para criança.
ResponderEliminarobrogado pela informacao,podes mi enviar o manual
ResponderEliminarIntroduza o seu comentário... Gostei da informação. Peço me enviar via e-mail / eletrônica
ResponderEliminarGostei da informação peço que me envie no meu e-mail
EliminarSou Trisha Nelson, dos EUA. Contraí o HIV 4 anos atrás, meu médico me disse que não há cura possível para o HIV / AIDS. Comecei a tomar meus ARVs, meu CD4 era de 77 e a carga viral era de 112.450. Eu pesquisei um remédio de ervas e vi o Dr. James Herbal remédio misto, também vi muitos depoimentos sobre ele sobre como ele usa Seu remédio de ervas fortes para curar HIV / AIDS e outras doenças. Entrei em contato com ele e contei-lhe meus problemas, ele me disse para não me preocupar mais que eu me beneficiasse e me curasse de seu fitoterápico para HIV / Aids. Nunca duvidei Dele porque acreditava que serei curado, pois a natureza tem o poder de curar todos os tipos de doenças quando o fitoterápico é usado nas proporções certas. Ele preparou sua bebida à base de ervas e me mandou pelo serviço de correio Speed, e eu tomei por 3 semanas de manhã e à noite em uma quantidade que ele me disse, depois disso, fui fazer um check-up e fiquei curado do HIV . Sua mistura de ervas NÃO TEM EFEITO COLATERAL E É FÁCIL DE BEBER, não há dieta especial quando se toma a mistura de ervas do Dr. James. Ele me disse que conseguiu curas para doenças como doença de Alzheimer, câncer, transtorno bipolar, herpes, hepatite, esquizofrenia, fibromialgia. Doença de Dupuytren, Neoplásica, Diabetes, Doença celíaca, Antipatia Amilóide Cerebral, HPV, Ereção Fraca, Removedor de Verrugas. Ataxia, Artrite, Esclerose Lateral Amiotrófica, Carcinoma Adrenocortical. Asma, Alérgica, Removedor de verrugas, Melanoma, Parkinson, dermatite peitoral, tireóide, HPV, ALS, DOENÇAS RENAS, SHINGLES. Pile, você pode entrar em contato com ele em seu endereço de e-mail @ drjamesherbalmix@gmail.com
ResponderEliminarSou Trisha Nelson, dos EUA. Contraí o HIV 4 anos atrás, meu médico me disse que não há cura possível para o HIV / AIDS. Comecei a tomar meus ARVs, meu CD4 era de 77 e a carga viral era de 112.450. Eu pesquisei um remédio de ervas e vi o Dr. James Herbal remédio misto, também vi muitos depoimentos sobre ele sobre como ele usa Seu remédio de ervas fortes para curar HIV / AIDS e outras doenças. Entrei em contato com ele e contei-lhe meus problemas, ele me disse para não me preocupar mais que eu me beneficiasse e me curasse de seu fitoterápico para HIV / Aids. Nunca duvidei Dele porque acreditava que serei curado, pois a natureza tem o poder de curar todos os tipos de doenças quando o fitoterápico é usado nas proporções certas. Ele preparou sua bebida à base de ervas e me mandou pelo serviço de correio Speed, e eu tomei por 3 semanas de manhã e à noite em uma quantidade que ele me disse, depois disso, fui fazer um check-up e fiquei curado do HIV . Sua mistura de ervas NÃO TEM EFEITO COLATERAL E É FÁCIL DE BEBER, não há dieta especial quando se toma a mistura de ervas do Dr. James. Ele me disse que conseguiu curas para doenças como doença de Alzheimer, câncer, transtorno bipolar, herpes, hepatite, esquizofrenia, fibromialgia. Doença de Dupuytren, Neoplásica, Diabetes, Doença celíaca, Antipatia Amilóide Cerebral, HPV, Ereção Fraca, Removedor de Verrugas. Ataxia, Artrite, Esclerose Lateral Amiotrófica, Carcinoma Adrenocortical. Asma, Alérgica, Removedor de verrugas, Melanoma, Parkinson, dermatite peitoral, tireóide, HPV, ALS, DOENÇAS RENAS, SHINGLES. Pile, você pode entrar em contato com ele em seu endereço de e-mail @ drjamesherbalmix@gmail.com
ResponderEliminarAgradeceria se me explicassem por que sao chamados o Pessoal do PAV Técnico de medina preventiva?
ResponderEliminarGOSTEI DO CONTEUDO
ResponderEliminarGostei, será que podes enviar me o manual?
ResponderEliminarGostei preciso por favor
ResponderEliminarGostei
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