CAPÍTULO
4
ADMINISTRAÇÃO
DE VACINA E SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA A
Para
minimizar o risco de falhas resultantes de um manuseamento e administração
inadequados de vacina durante as sessões de vacinação, os trabalhadores da
saúde devem estar conscientes dos requisitos para cada vacina, os quais diferem
em relacção a quando e como são administradas e como devem ser manuseadas.
Outros princípios gerais, os quais se aplicam igualmente quando se faz a
triagem das crianças para a vacinação são:
·
É seguro e
imunologicamente eficaz administrar todas as vacinas no mesmo dia em diferentes
locais do corpo.
·
Febre moderada,
malnutrição, infecções respiratórias moderadas, tosse, diarreia e vómitos não
são contra-indicações para a vacinação.
4.1
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS
A tabela 5
apresenta um sumário do calendário vacinal, das vias e doses de administração
de vacinas.
Tabela 5: Calendário vacinal, vias e
doses de administração de vacinas
VACINA
|
IDADE
IDEAL
|
IDADE
MÍNIMA
|
IDADE
MÁXIMA
|
DOSE
|
VIA DE
APLICAÇÃO
|
BCG
|
à nascença
|
à nascença
|
23 meses
|
< 1ano 0,05 ml
> 1ano 0,1 ml
|
Intradérmica
|
Pólio Zero
|
à nascença
|
à nascença
|
5 semanas
|
2 gotas
|
Oral
|
Pólio 1
|
2 meses
|
6 semanas
|
23 meses
|
0,5 ml
|
Oral
|
Pólio 2
|
3 meses
|
10 semanas
|
idem
|
idem
|
Idem
|
Pólio 3
|
4 meses
|
14 semanas
|
idem
|
idem
|
Idem
|
DPT/HepB 1
|
2 meses
|
6 semanas
|
23 meses
|
2 gotas
|
Intramuscular
|
DPT/HepB 2
|
3 meses
|
10 semanas
|
idem
|
idem
|
idem
|
DPT/HepB 3
|
4 meses
|
14 semanas
|
idem
|
idem
|
idem
|
Sarampo
|
9 meses
|
8.5 meses
|
23 meses
(4 anos na
população
deslocada)
|
0,5 ml
|
Subcutânea
|
|
|
|
|
|
|
Figura
1: Vias de administração da vacina
4.2
SERINGAS E AGULHAS PARA A VACINAÇÃO
Com
a introdução de seringas auto-destructíveis (seringas AD) em julho de 2001, já
não se justifica o uso de seringas e agulhas esterilizáveis. As seringas AD são
desenhadas para prevenir a reutilização por mecanismo interno que bloqueia o
êmbolo depois de usada uma vez. As seringas AD devem estar disponíveis em todas
as unidades sanitárias do país.
4.3
VACINA DA BCG
A
BCG protege contra a tuberculose. É feita de uma microbactéria atenuada,
desenvolvida por Calmette e Guerin, daí o nome de BCG (Bacilo de Calmette e
Guerin).
É
uma vacina liofilizada congelada e se apresenta em pó num frasco. É
reconstituída com um diluente esterilizado antes de ser injectada. Somente o
diluente particular pertencente ao mesmo lote de uma dada vacina deve ser
usado.
4.3.1 Conservação da
vacina de BCG
A
BCG pode ser com segurança conservada e transportada a temperaturas entre – 15o
C e –25o C e entre + 2o C e + 8o C. O
diluente não deve ser congelado, mas deve estar à mesma temperatura que a
vacina no ponto de utilização. Isto significa que o diluente deve ser colocado
na geleira a temperaturas entre + 2o C e + 8o C pelo
menos 24 horas antes de ser usado. A BCG nunca deve ser exposta à luz do sol.
A BCG é mais estável ao calor do que a pólio antes da reconstituição, mas menos
estável depois da reconstituição. A vacina reconstituída deve ser usada dentro
de 6 horas ou descartada ao fim desse tempo.
4.3.2 Aplicação da
vacina BCG
Idade:
à nascença ou a qualquer momento
|
Dose:
0.05 ml, para crianças < de 1 ano.
0.1
ml, para crianças > = 1 ano.
|
Via:
injecção intradérmica, na parte superior do ombro direito.
|
No
de doses: uma
|
Se
não aparecer cicatriz no local de injecção seis (6) semanas depois da vacinação
com BCG, a injecção deve ser repetida.
4.3.3 Como administrar a
BCG
·
Prepare a BCG
§ Verifique
a data de expiração da vacina e do diluente.
§ Verifique
se é o diluente apropriado (da mesma fábrica e mesmo lote que a vacina).
§ Verifique
se o diluente está frio.
§ Retire
todo o diluente para uma seringa de diluição (reconstituição).
§ Misture
a vacina com o diluente.
§ Não
agite a vacina, pois isto pode estragá-la.
·
Posição do bebé e
enchimento da seringa
§ Prepare
a seringa apropriadamente.
§ Insira
a agulha no frasco da vacina e retire 0.05 ml do frasco para uma criança menor
de 1 ano de idade, e 0.1 ml para crianças com 1 ano ou mais.
§ Deixe
a mãe segurar a criança firmemente ou ajude-a.
§ Segure
o braço direito do bebé com a palma virada para cima com a sua mão esquerda,
enquanto injectas com a mão direita.
·
Dê a vacina por via
intradérmica
§ Insira
a ponta da agulha na pele com o bisel virado para cima – apenas o bisel e um
bocadinho mais.
§ Mantenha
a agulha paralela à parte superficial da pele, de modo que ela avance apenas na
camada superficial da pele.
§ Não
pressione muito e não aponte para baixo (senão a injecção será profunda demais,
portanto, subcutânea).
§ Pressione
o êmbolo com o polegar, enquanto seguras a seringa entre o indicador e os dedos
médios.
Figura 2:
Administração intradérmica da vacina BCG
4.3.4 O que acontece
depois da injecção
§ Reacção
normal
Deve
aparecer um pequeno inchaço na pele no local de injecção semelhante ao da
picada de mosquito, com buracos muito pequenos. Isto geralmente desaparece
dentro de 30 minutos. Depois de aproximadamente duas semanas, aparece uma
ferida vermelha com cerca de 10 mm de
diâmetro. A ferida permanece por mais duas semanas e depois cura. Uma pequena
cicatriz de cerca de 5 mm permanece. Este é um sinal de que a criança foi
eficazmente vacinada com a BCG.
A
mãe deve ser informada de que isto vai acontecer, e que desde que a lesão não
aumente ou cause dor, não é motivo para preocupação. Aconselhe a mãe a não
esfregar ou pôr qualquer medicamento na ferida.
Se
por engano a injecção for muito mais profunda, aparecerá um inchaço redondo
debaixo da pele (efeitos colaterais, tais como, abcesso ou gânglios aumentados
são mais prováveis se a BCG tiver sido subcutânea).
§ Reacção
severa
Às
vezes ocorre inflamação local com reacção severa, inchaço na região axilar ou
perto do cotovelo, ou abcesso profundo. Isto pode acontecer porque:
§ A
seringa e agulhas usadas não eram esterilizadas.
§ A
injecção tenha sido demasiado profunda debaixo da pele.
§ Dose
demasiado grande de vacina tenha sido administrada.
§ A
estirpe usada pelo fabricante na produção da vacina.
Se
a reacção permanecer localmente, não é necessário nenhum tratamento. Para
úlceras muito grandes, o tratamento antibiótico é efectivo. Tipicamente,
linfonodos supurativos podem necessitar de excisão total, em vez de incisão e
drenagem.
4.3.5 Contra-indicações
A
única contra-indicação para a BCG é a infecção sintomática por HIV/SIDA. Estas
crianças não devem ser administradas BCG. Suspeita de infecção com HIV, baixo
peso á nascença ou prematuridade não são contra-indicações para a BCG.
4.4
VACINA DA DPT/HEPATITE B (DIFTERIA / PERTUSSIS / TÉTANO /
HEPATITE B)
A
vacina DPT/Hepatite B contém a bactéria diftérica enfraquecida, o toxóide
tetánico, a bactéria pertussis morta e o antígeno se superfície do Virus da
Hepatite B (HBsAg) .Ë uma vacina líquida, administrada de forma injectável.
4.4.1 Conservação da
vacina DPT/Hepatite B
A
DPT/Hepatite B deve ser conservada a temperaturas positivas entre + 2o
C e + 8o C. Nunca se deve congelar esta vacina.
4.4.2 Aplicação da
DPT/Hepatite B
Idade:
comece à 6a semana de vida, depois na 10a e 14a semanas.
|
Dose:
0.5 ml
|
Via:
Injectável intramuscular, na face lateral da coxa esquerda.
|
Nr.
de Doses: 3 com intervalo mínimo de 4 semanas entre as doses.
|
Espere
pelo menos 4 semanas entre as doses. Se o intervalo for maior, não
precisa recomeçar o calendário. Continue com as doses seguintes
normalmente.
4.4.3 Como administrar
DPT/Hepatite B
·
Prepare a vacina
§ Verifique
a data de expiração da vacina
§ Agite
para se assegurar que a vacina não congelou
§ Verifique
o monitor de vacina se o frasco tiver
§ Remova
o centro da tampa do frasco
§ Agite
bem o frasco
§ Retire
a quantidade de vacina necessária, 0.5 ml
§ Expelir
o ar ou excesso de vacina
·
Posicione o bebé
§ Peça
a mãe para sentar o bebé nas coxas
§ O
braço esquerdo da mãe passa à volta do bebé para suportar a cabeça, o pescoço,
o ombro e seu braço esquerdo.
§ O
braço direito do bebé fica em repouso para trás
§ O
braço direito da mãe segura firmemente as pernas do bebé
·
Aplique a vacina
§ O
melhor local para injectar é a porção central da face externa da coxa do bebé.
§ Divida
a coxa em 3 partes iguais entre o joelho e a espinha ilíaca.
§ Limpe
a pele se estiver suja com bola de algodão húmida e deixe secar
§ Coloque
seu polegar e indicador em cada um dos lados do local aonde vai injectar e
estique a pele suavemente.
§ Introduza
a agulha profundamente para dentro do músculo.
§ Pressione o êmbolo com o polegar para injectar
a vacina e depois retire a agulha.
§ Esfregue
o local de injecção rapidamente com uma bola de algodão.
Não injecte nas
nádegas, pois a injecção pode lesar o nervo ciático e provocar paralisia da
perna da
criança.
Figura 3.
Administação da vacina DPT/Hepatite B
4.4.4 Contra-indicações
No
geral, não há contra-indicações para a vacinação com a DPT/Hepatite B. Em
crianças com febre alta a vacinação pode ser feita mais tarde quando esta
estiver controlada.
4.4.5 Efeitos colaterais
·
Febre: advirta a mãe
de que muitas crianças experimentam febre e ficam irritáveis depois de receber
a vacina da DPT/Hepatite B, e que isto desaparece dentro de 24 horas. A criança
pode ser tratada com paracetamol para resolver este problema.
·
Dor local: informe à
mãe que a criança pode ter um pequeno inchaço avermelhado e doloroso no local
de injecção. Isto não é sério e não necessita de tratamento. No entanto, se
aparecer pus no local de injecção, uma semana ou mais depois da injecção, a mãe
deve levar a criança à unidade sanitária mais próxima.
·
Abcesso: se a dor e o
inchaço começarem tarde (uma semana ou mais depois da injecção), pode ser
devido a um abcesso. Os abcessos podem ocorrer:
·
Se a agulha não for
esterilizada
·
Se se tiver tocado
com os dedos
·
Se se tiver pousado a
seringa em local não esterilizado
·
Se o topo do frasco
tiver sido tocado ou tiver estado em contacto com superfícies sujas
·
Se não se injectar a
vacina com a profundidade suficiente
Se
a criança desenvolver um abcesso, ponha compressas mornas no inchaço e dê
antibióticos. Se o abcesso não resolver, refira a criança para a unidade
sanitária de referência mais próxima para incisão e drenagem.
·
Convulsões: esta é
uma complicação rara que ocorre em cerca 1/1.200 a 1/1.600 crianças e está
frequentemente relaccionado com a febre. Isto é devido à componente pertussis
da vacina.
Nota: Se uma criança
que tenha recebido a vacina DPT/Hepatite B tiver convulsões ou choque nos três
dias seguintes, essa criança não deve receber mais doses de DPT/Hepatite B.
4.6 VACINA ANTI-PÓLIO (VAP)
A vacina contém um vírus vivo atenuado. É mais
facilmente estragada pelo calor do que as outras vacinas. Pode ser armazenada e
transportada a temperaturas negativas até ao nível da unidade sanitária.
Entretanto, a este nível, deve sempre ser conservada a temperaturas positivas,
entre + 2o C e + 8o C.
A VAP apresenta-se quer em plásticos com conta-gotas
ou em frasco de vidro com conta-gotas separado. É importante usar o conta-gotas
apropriado para a vacina a fim de evitar que esta jorre.
4.6.1 Conservação da vacina da Pólio
Deve ser conservada entre – 15o C e – 25o
C. Os monitores do frasco da VAP indicam se a vacina foi estragada pelo calor.
Se o quadrado é mais claro do que o círculo circundante, a vacina pode ser
usada (vide capítulo 12).
4.6.2 Aplicação da vacina da pólio oral (VAP)
Idade: dentro dos primeiros 13
dias depois do nascimento, à 6a , 10a e 14a
semanas
|
Dose: 2 a 3 gotas, dependendo do
fornecedor (verificar sempre as instruções do fornecedor)
|
Nr de doses: 4 com intervalo
mínimo de 4 semanas entre as doses
|
Via: Oral
|
4.6.3 Como administrar a VAP
·
Prepare a vacina
§ Verifique a data de expiração
§ Verifique o monitor do frasco de vacina para se
certificar de que a vacina pode ser usada
§ Verifique se é a vacina certa
§ Verifique o número de gotas necessárias para uma dose
de vacina do frasco
·
Posicione o bebé. Peça à mãe para segurar o bebé firmemente, sentando-o
de forma a que não aspire a vacina.
·
Dê a vacina
§ Abra a boca da criança apertando-a suavemente entre os
dedos.
§ Dê duas ou três gotas (depende das instruções do
fabricante) na língua da criança, usando o conta-gotas.
§ Assegure-se de que a criança engole a vacina.
§ Se ela cuspir, repita a dose.
§ O conta-gotas nunca deve entrar em contacto com a boca
ou língua do bebé.
Figura 4. Administração da vacina anti-pólio
4.6.4 Contra-indicações
Não há contra-indicações. Se a criança tiver diarréia,
administre a vacina mesmo assim.
4.6.5 Efeitos colaterais
Geralmente não existem efeitos colaterais
|
4.7 VACINA ANTI-SARAMPO
A vacina contém o vírus do sarampo atenuado. A vacina é liofilizada congelada e deve ser reconstituída
(misturada com diluente) antes de ser usada. Use SOMENTE o diluente que
é fornecido pelo mesmo fabricante da vacina, para fazer a reconstituição desta.
|
4.7.1 Conservação da vacina anti-sarampo
Nos níveis central e provincial, a vacina deve ser
conservada a temperaturas entre – 15o C e – 25o C. No
nível distrital e de unidade sanitária, entre + 2o C e + 8o
C. O diluente não deve ser congelado, mas resfriado antes de ser usado para não
neutralizar a vacina. A vacina do sarampo é muito sensível à luz. Assim, as
seringas nunca devem ser preenchidas e deixadas sobre a mesa fora da caixa
isotérmica.
4.7.2 Aplicação da vacina anti-sarampo
Os anticorpos maternos contra o sarampo permanecem
mais tempo do que outros anticorpos. Assim, a vacinação contra o sarampo não é
eficaz antes dos 9 meses de idade.
Idade: aos 9 meses; no entanto pode-se vacinar a partir
dos 8.5 meses.
|
Dose: 0.5 ml
|
Via: Injecção subcutânea, na face lateral do braço.
|
Nr de doses: uma
|
4.7.3 Como administrar a vacina anti-sarampo
·
Prepare a vacina
§ Verifique a data de expiração da vacina e do diluente
§ Verifique se é o diluente correcto (mesmo fabricante)
§ Verifique se o diluente esta frio
§ Retire o diluente para a seringa de diluição
§ Misture a vacina e o diluente
§ Não agite a vacina, pois pode estragá-la.
·
Aplique a vacina
1.
A
dose é de 0.5 ml, dada por via subcutânea na parte lateral externa superior do
braço esquerdo.
2.
O
local de injecção deve ser limpo com algodão mergulhado em água limpa para
remover qualquer sujidade visível.
3.
Segure
o braço da criança pela parte inferior, seus dedos devem estar a volta do braço
e formar uma prega da pele entre os
dedos polegar e indicador.
4.
Introduza
a agulha na parte da pele abaulada numa profundidade não superior a 1 cm.
Agulha deve penetrar num ângulo inclinado ( cerca de 35o a 45o
), não recto.
5.
Pressione
o êmbolo com o polegar para injectar a vacina.
6.
Retire
a agulha e pressione o local de injecção com uma bolinha de algodão. Se houver algum sangramento, mantenha a
pressão até este parar.
Figura 5: Aplicação da vacina Anti-Sarampo
4.7.4
Efeitos colaterais
Informe
à mãe de que a criança pode ter febre de 1 a 3 dias até cerca de uma semana
depois da vacinação, e que pode aparece um rash de sarampo ligeiro. Assegure à
mãe de que este rash é muito mais ligeiro do que a doença do sarampo, e que
desaparece expôntaneamente.
4.8 TOXÓIDE TETÂNICO (TT OU VAT)
A vacina consiste em um toxóide (uma anti-toxina ou
neutralizador de toxina). A vacina é dada a mulheres grávidas e às mulheres em
idade fértil para prevenir o tétano neonatal.
Em Moçambique, também é administrada aos estudantes dos primeiros anos e
trabalhadores cuja actividade lhes põe um certo risco de contrair o tétano. É o
mesmo toxóide tetânico da vacina DPT/Hepatite B.
4.8.1 Conservação da VAT
Deve ser conservada a temperaturas entre + 2o
C e + 8o C. O congelamento destrói a VAT. O teste da agitação
confirmará se esta foi ou não congelada, como no caso da DPT/Hepatite B. O
teste de agitação é descrito em pormenores no capítulo 12.
4.8.2 Aplicação da VAT
Idade: a qualquer momento durante a gravidez e mulheres
em idade fértil.
|
Dose: 0.5 ml.
|
Nr de doses: cinco (5),
observando o intervalo mínimo entre as doses sucessivas.
|
Via: Intramuscular, na região
deltóide do braço esquerdo.
|
4.8.3 Como administrar a VAT
·
Prepare a vacina da mesma maneira como se prepara a DPT/Hepatite B
§ Verifique
a data de expiração da vacina
§ Agite
para se assegurar que a vacina não congelou
§ Verifique
o monitor de vacina se o frasco tiver
§ Remova
o centro da tampa
§ Agite
bem o frasco
§ Retire
a quantidade de vacina necessária, 0.5 ml
§ Expelir
o ar ou excesso de vacina
·
Posicione a mulher
·
Aplique a vacina
intramuscular na região deltóide do braço esquerdo.
§ Use
uma das suas mãos para apertar os músculos do braço da mulher.
§ Introduza
a agulha profundamente para o músculo.
§ Injecte
a vacina.
§ Retire
a agulha.
§ Esfregue
o local de injecção rapidamente com uma bola húmida de algodão.
|
Figura 6. Aplicação da vacina antitánica (VAT) nas MIF’s
4.8.4 Efeitos colaterais
É comum haver dor ligeira a moderada, vermelhidão e
inchaço no local de injecção, até 48 horas depois da aplicação. Informe a
mulher que isto passa expontaneamente e não necessita tratamento.
4.9 SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA A
Suplementação com vitamina A significa dar gotas de
vitamina A para aumentar a quantidade de vitamina A no corpo. A suplementação
periódica com vitamina A é feita para protecção contra a deficiência em
vitamina A e suas conseqüências, através da garantia de uma reserva desta
vitamina para os períodos de reduzido consumo ou de aumento de necessidades.
4.9.1 Conservação da vitamina A
A estabilidade química e, conseqüentemente, a
actividade biológica da vitamina A é afectada pela temperatura e exposição ao
sol e outras fontes de raios ultravioletas. Contudo, ela é suficientemente
estável para não necessitar de cadeia de frio para a sua distribuição. A vida
útil de uma solução oleosa de vitamina A num frasco opaco, não aberto e
devidamente conservado, é estimado em pelo menos dois anos. Uma vez o frasco
tenha sido aberto a potência é perdida gradualmente. Protecção parcial contra a
perda da potência é conseguida quando a solução oleosa é formulada em cápsulas.
Normas para a conservação da vitamina A (ver manual de nutrição)
·
Não coloque perto de fonte de calor, pois este destrói a vitamina A
·
Não coloque o frasco ao sol, pois o calor destrói a vitamina A
·
O frasco deve estar bem fechado para evitar humidade.
·
Verifique a data de expiração e use o princípio “primeiro a expirar,
primeiro a sair”.
4.9.2 Dosagem na administração de Vitamina A
Quem recebe
vitamina A
|
Quando
|
Dosagem
|
Crianças dos 6 – 11 meses
|
Uma vez
|
100.000 UI
|
Crianças dos 12 – 59 meses
|
De 6 em 6 meses
|
200.000 UI
|
Mulheres
|
Dentro de 8 semanas depois do
parto
|
200.000 UI
|
4.9.3 Como administrar vitamina A
Verifique a data de expiração
Administre vitamina A da seguinte maneira:
§ Peça á mãe/zelador para deitar a criança
de costas e segurá-la firmemente.
§ Abra a boca da criança apertando as
bochechas suavemente entre os seus dedos.
§ Dê ás crianças com idade dos 6-11 meses 4
gotas da cápsula vermelha (correspondentes a 100.000 UI).
§ Dê ás crianças com idade dos 12-59 meses
uma cápsula vermelha inteira (200 000 IU).
§ Corte a ponta da cápsula e aperte-a para
pingar o líquido na boca da criança. Se as gotas falharem a boca ou se a
criança cuspir imediatamente, dê outra cápsula.
§ Deite fora (no recipiente) as cápsulas
usadas.
§ Registe a dose na folha de contagem, no
local correcto para a idade da criança.
§ Informe á mãe/zelador que a vitamina A
deve ser dada a cada 6 meses até a criança completar 5 anos de vida. (Aconselhe
a mãe a levar de novo a criança á unidade sanitária mais próxima para a próxima
dose de Vitamina A seis meses mais tarde).
Dosagem de Vitamina A
1.
Crianças com idade dos 6-11 meses receberão 100,000
IU de Vitamina A (4 GOTAS de cápsula
vermelha).
2. Crianças
com idade dos 12–59 meses receberão UMA (1) cápsula VERMELHA de 200,000 IU de
Vitamina A.
Figura 7. Administração da vitamina A
Figura 8. Dosagem na administração da vitamina A
4.9.4 Efeitos colaterais
Quando a vitamina A é administrada nas doses
recomendadas, não há efeitos colaterais sérios nem permanentes. Efeitos
colaterais que podem ocasionalmente ocorrer (Por exemplo, fontanela tensa ou
vômitos em bebés), são menores e transitórios e não necessitam tratamento
específico.
CAPÍTULO 5
EFEITOS
ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO (EAPV)
5.1 DEFINIÇÃO DE CASO DE EAPV
Um acidente médico que ocorra depois de
uma vacinação e que pareça estar associado com a vacinação é chamado um “efeito
adverso pós-vacinação” (EAPV). A associação de um evento adverso com uma vacina
específica é sugestivo se existe um grupo de incidentes médicos não usuais
entre as pessoas que receberam uma dada vacina, num intervalo de tempo limitado
a seguir á vacinação.
O objectivo da vacinação é proteger o
indivíduo e o público das doenças preveníveis pela vacinação. Muito embora as
vacinas sejam seguras, nenhuma vacina é completamente sem risco. As reacções
adversas pós-vacinação podem minar o programa, fazendo com que os pais e a
comunidade percam a confiança nos benefícios da vacinação. Assim, é importante
que os programas de vacinação façam a monitoria dos eventos adversos e tomem as
medidas correctivas apropriadas.
Muitos dos EAPV são ligeiros a
moderados, sendo os mais freqüentes a febre e inflamação local a seguir à DPT.
EAPV sérios são definidos como aqueles eventos que resultam em hospitalização
ou morte. São extremamente raros e ocorrem em proporções que são uma fracção
muito pequena comparada às complicações causadas pela doença.
Cada EAPV deve ser investigado e
esforços devem ser envidados para determinar a causa, entretanto, de uma
maneira que ambos o cliente e o provedor de serviços sejam protegidos. A
detecção de um EAPV deve ser seguido pelo tratamento apropriado e comunicação
aos interessados e trabalhadores de saúde, e, se muita gente tiver sido
afectada, à comunidade.
5.2 FACTORES QUE PODEM INFLUENCIAR OS
EAPV
Os factores que podem influenciar os
EAPV são agrupados em 4 categorias. Eles podem ser devidos à erros
programáticos, resposta individual à vacina, coincidência ou de causa desconhecida.
5.2.1 Erros
Programáticos
O erro programático é a causa mais
freqüente dos eventos adversos. Ele inclue erros no manuseamento, na
reconstituição ou administração de vacinas, tais como:
·
Sobredosagem numa aplicação
·
Via de administração incorrecta
·
Vacina recosntituída com diluente impróprio
·
Quantidade errada de diluente usado
·
Outra droga inadvertidamente tida como vacina
·
Vacina preparada incorrectamente antes de ser
usada, por exemplo, DPT ou TT não agitada apropriadamente antes do uso
·
Vacina ou diluente contaminados
·
Seringa e agulhas inapropriadamente
estrerilizados
·
Ignorar as verdadeiras contradindicações, por
exemplo, quando uma criança com história de reacção severa à DPT é vacinada com
esta vacina.
Os
seguintes factores são conhecidos como recções geralmente associadas as
vacinas:
-
Linfadenite a seguir à
administração de BCG
-
Febre, convulsos febris
ou choque anafilático a seguir à administração da vacina anti-sarampo ou DTP
-
Paralisia a seguir à
administração da vacina anti-pólio
5.2.2 Coincidência
Algumas
condições médicas que podem ocorrer depois da vacinação podem ser pura
coincidência. Nestes casos, não existe nenhuma associação entre a vacinação e o
acidente médico que ocorre depois da vacinação. As vezes a doença parece mais
evidente a seguir à vacinação devido à preocupação dos pais ou maior atenção
prestada à criança logo depois da vacinação.
5.3
Tratamento de um caso de EAPV
5.3.1 Tratamento
O tratamento deve ser sempre a
primeira resposta a um caso de EAPV. Todos os casos severos de EAPV devem ser
referidos imediatamente ao centro de saúde ou hospital mais próximos para
tratamento. A
ficha de investigação de caso deve ser preenchida e seguir junto com o doente a
ser referido, pois caso contrário a investigação pode não ser prosseguida. Uma ficha de investigação de
caso deve ser preenchida para cada caso
de EAPV severo.
§ Os casos de
anafilaxia devem ser tratados na unidade sanitária onde a vacinação teve lugar
ou numa unidade mais próxima onde exista o kit de emergência.
§ Sintomas
modestos tais como febre, podem ser tratados em casa ou por trabalhadores de
saúde. Os trabalhadores de saúde devem ser capazes de decidir quais casos devem
ser tratados e quais requerem atenção imediata (p.e. anafilaxia).
§ O tratamento de
EAPV deve ser grátis.
5.3.2 Procedimentos de Emergência nos
Casos de Anafilaxia
A
anafilaxia é uma reacção severa muito rara que pode ocorrer depois de qualquer
injecção incluindo a vacinação (ex: vacinação anti-sarampo). O paciente colapsa
com sinais de choque e dificuldades respiratórias. Se isto acontecer, siga os
seguintes passos imediatamente:
- Procure ajuda e coloque a
criança numa superfície plana e comece a assistí-la imediatamente.
- Verifique a respiração e os
batimentos cardíacos.
-
Se o paciente não
estiver a respirar, desobstruir as vias aéreas e fazer ventilação artificial
com ambú ou boca-a-boca.
-
Se não houver
batimentos cardíacos, fazer ressuscitação cardio-pulmonar, se possível.
ACÇÕES A SEREM TOMADAS NO CASO DE EAPV
Quadro 1:
Abordagem de um caso de EAPV
|
|
NÃO
SIM
SIM
NÃO
|
|
Notas
1) Definida como Severa se resulta em hospitalização
ou morte.
2) Um Cluster
(neste caso) é definido como um evento de EAPV que ocorre com frequência
incomum, por vacina, por tipo de reacção, ou por localidade/unidade sanitária.
Quadro 2: Procedimentos de
emergência na anafilaxia
5.4 NOTIFICAÇÃO DE CASOS DE EAPV
-
O trabalhador de saúde deve reportar todos os
casos suspeitos de EAPV ao distrito dentro de 24 horas.
-
O trabalhador que detectar o caso de EAPV deve
colher toda a informação relevante possível à esse nível, e preencher o
formulário de investigação de caso de EAPV. Este formulário só será
completamente preenchido depois de completada a investigação do caso de EAPV.
-
As hospitalizações e mortes devem ser
imediatamente notificadas.
-
Todos os “eventos catalizadores” de EAPV devem
ser notificados para qualquer vacina administrada.
5.5 INVESTIGAÇÃO DE CASO DE EAPV
O objectivo da investigação de um caso
de EAPV é determinar a causa e corrigí-la, se possível. Os que são afectados ou
envolvidos, devem ser informados dos resultados. Uma investigação completa
pode, por si só, aumentar a confiança do público pelos serviços de vacinação.
5.5.1 Quem
dever investigar o caso de EAPV
O
trabalhador de saúde que inicialmente viu o caso deve iniciar a investigação do
caso e preencher a ficha de investigação de caso o mais cedo possível. Ele pode
necessitar da ajuda de outros na investigação, como por exemplo, o trabalhador
que realizou o acto de vacinação e o responsável do PAV ou um clínico.
|
5.5.2
Propósito da Investigação de EAPV
§ Confirmar o
diagnóstico reportado ou propor outros possíveis diagnósticos
§ Determinar se
outras pessoas não vacinadas estão a experimentar a mesma condição médica.
§ Determinar se o
evento reportado era um caso de acidente singular ou parte de um “cluster”, e,
neste caso, onde, quando e como a vacinação foi feita.
§ Identificar as
especificações da vacina usada para vacinar o paciente ou pacientes.
§ Examinar os
aspectos operacionais do programa. Mesmo nos casos em que o evento pareça ter
sido precipitado pelo acto de vacinação ou ser coincidente, erros programáticos
podem ter aumentado a sua severidade.
§ Para reassegurar
ao público e trabalhadores de saúde de que a vacinação é um procedimento seguro
e efectivo.
A
investigação deve colher dados sobre o paciente, o evento adverso, a vacina, a
sessão de vacinação, outras crianças vacinadas, como descrito na ficha de
investigação de caso no anexo 1.
5.6 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS CASOS DE EAPV
§ As vacinas devem ser reconstituídas
somente com diluente fornecido pelo produtor das mesmas.
§ A vacina reconstituída deve ser descartada
no final de cada sessão de vacinação (ou 6 horas depois de reconstituída) e
NUNCA guardada para uso em sessões subsequentes.
§ Na geleira de vacinas não devem ser
conservados outros medicamentos ou produtos que não sejam vacina.
§ É
essencial treinar os vacinadores e supervisores para garantir que procedimentos
correctos sejam seguidos de modo a prevenir lesões ou mortes a seguir à
vacinação.
§ Uma investigação epidemiológica cuidadosa
deve ser levada à cabo no caso de um evento de EAPV. É de importância vital
completar a ficha de investigação de EAPV para detectar a causa do acidente e
corrigir as prácticas de vacinação de modo a prevenir futuros EAPV.
5.7
PAPEL DO LABORATÓRIO
O papel mais importante do laboratório é
diagnosticar e ou confirmar o diagnóstico de um evento médico. O teste
laboratorial da vacina é de valor limitado. Muitas das vacinas usadas no dia da
vacinação não estarão disponíveis para serem testadas dado que, de acordo com a
política de frasco aberto, as vacinas da BCG e Sarampo devem ser descartadas 6
horas após a sua reconstituição. Pode-se testar a vacina do mesmo lote, mas seu
valor é bastante limitado. Vacinas como a VAP, DPT/Hep B e a VAT, ainda podem
ser testadas poucos dias depois da administração da dose do frasco suspeito,
dado que o frasco aberto pode ser usado ate 28 dias depois, desde que tenham
sido observadas algumas regras básicas (ver nova política do frasco aberto no capítulo 6).
As vacinas enviadas ao laboratório para
testagem devem ser acompanhadas de uma cópia do relatório de investigação e
instruções claras sobre o que se pretende seja testado. Nenhuma vacina deve ser
enviada para testagem antes que a investigação tenha sido levada a cabo, e a
testagem está indicada apenas nos casos em que grandes lotes estejam
envolvidos.
5.8 ANÁLISE DE
DADOS
Uma vez os dados necessários para a
investigação do EAPV tenham sido colhidos, deve-se fazer uma análise para
diagnosticar o caso e determinar a causa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INVESTIGAÇÃO DOS SURTOS
EPIDÉMICOS
A Vigilância de doenças no PV envolve a
colecta, a agregação, a análise e interpretação de dados em relação a onde,
como e porquê uma doença ocorre, quem está afectado e a disseminação da
informação para uma tomada de decisão apropriada. No PAV, o focos está na
Paralisia Flácida aguda (PFA), no Sarampo, no Tétano Neonatal (TNN) e nos
efeitos adversos Pós-Vacinação (EAPV). Contudo, as outras doenças preveníveis
por vacinas também estão incluídas.
6.1 Propósito da
Vigilância no PAV
O propósito da vigilância no PAV é a
identificação de caos e surtos de PFA, Sarampo, TNN e eventos adversos
Pós-Vacinação, de forma a que respostas rápidas e apropriadas possam ser dadas
para controlar os surtos. A notificação rotineira de doenças através do Sistema
de Informação para a Saúde (SIS) e o PAV é importante para monitorar as
tendências, mas não é rápido o suficiente para os propósitos de controle de
doenças.
A oportunidade de controlar os surtos
epidémicos e prevenir mortes e doenças desnecessárias, duras apenas poucos dias
ou semanas. Os distritos devem ser capazes de tomar acção rapidamente dentro do
distrito, com apoio logístico e supervisão do nível provincial.
A Informação gerada pelo sistema de
vigilância epidemiológica é usada para:
- Identificar, investigar e controlar surtos epidémicos
por doenças preveníveis por vacinas.
- Identificar áreas e grupos de alto risco.
- Analisar as tendências das doenças.
- Planear e implementar actividades do PAV para reduzir
ou eliminar o risco.
- Monitorar a segurança da vacina nos casos de EAPV.
- Medir o impacto das estratégias do PAV no controle das
doenças alvo do PAV.
- Satisfazer os requisitos para a certificação da
erradicação (por exemplo, PFA) ou eliminação, (por exemplo, Sarampo).
6.2 Tipos de Vigilância
Vigilância Passiva: neste caso, a
informação é colhida quando os pacientes visitam as unidades sanitárias e
usando a notificação de rotina.
Existem algumas limitações da vigilância
passiva de casos:
- Sub-notificação
- Os casos não são representativos de todos os afectados
pela condição.
- Falta de notificação atempada.
- Diagnóstico não acurado.
Vigilância Activa: neste caso, as
doenças são activamente procuradas e a informação é colhida através da revisão
dos registos ou investigação de casos. Nesta abordagem há a possibilidade de
encontrar mais casos.
Uma notificação
completa é essencial para:
- Vigilância de doenças raras.
- Eliminação de doenças (por exemplo, Sarampo e TNN).
- Erradicação de doenças (por exemplo, Pólio).
6.3 Características de
um bom sistema de vigilância
Um bom sistema de vigilância deve ser
capaz de:
- Se as estratégias de controle de doenças são
efectivas.
- Identificar problemas na prestação dos serviços de
vacinação.
- Identificar grupos e áreas de alto risco.
6.4 O sistema de
vigilância de Moçambique
Todas as doenças preveníveis por vacina
são notificadas numa base semanal. Os dados são enviados das unidades
sanitárias para o distrito, onde são agregados. A informação daí resultante é
analisada e usada para a tomada de decisão localmente, ao mesmo tempo em que é
enviada para o nível provincial, e deste para o nível nacional.
Cada distrito e cada província fazem a
monitoria dos relatórios completos e atempados recebidos dos níveis inferiores.
4 condições constituem o foco da vigilância activa: PFA, Sarampo, TNN e Eventos
Adversos Pós-Vacinação, este último descrito no capítulo 5 deste manual.
Dentro
do sistema de vigilância, os papéis e responsabilidades dos trabalhadores de
saúde e autoridades sanitárias a diferentes níveis são como descrito abaixo:
Unidade
Sanitária
- Detectar e
notificar os casos e surtos usando a definição de caso standard
- Investigar
os casos de surtos epidémicos e fazer o tratamento adequado dos
casos.
- Colher,
consolidar, analisar e interpretar os dados de vigilância.
Nível
Distrital:
- Realizar uma investigação do surto epidémico a qual inclui uma
investigação imediata logo que o ponto de alerta for atingido, fazendo
vigilância activa na comunidade e anotando todos os casos com dados
essenciais tais como, a idade, o estado vacinal, a residência e a data do
início.
- No caso de doenças-alvo de erradicação ou controle acelerado,
como é o caso da Pólio e do Sarampo, respectivamente, assegurar que as
amostras sejam colhidas para todos os casos suspeitos e para os primeiros
5 casos, em caso de epidemia de Sarampo.
- Analisar o
padrão das doenças e as tendências, interpretar os dados e elaborar os
relatórios.
- Enviar os dados e relatórios para o nível provincial.
Nível
Provincial:
- Analisar
os padrões e tendências das doenças, interpretar os dados de vigilância em
conjunto com os dados de cobertura da vacinação de rotina e elaborar
relatórios.
- Monitorar
a performance da vigilância usando indicadores standard.
- Enviar os dados e o relatório para o nível nacional.
- Fazer retro-informação para o nível distrital e o
pessoal local.
- Fazer supervisão das actividades no nível distrital e dar apoio
técnico aos distritos.
Nível
Nacional:
- Confirmar
os casos e surtos epidémicos usando testes laboratoriais (dentro ou fora
do país, conforme apropriado) e organizar o envio de amostras para
isolamento do vírus e determinação do genótipo (no caso do Sarampo ou
Pólio).
- Analisar
as tendências e padrão de doenças, interpretar os dados de vigilância em
conjunto com os dados das coberturas de rotina, e produzir
relatórios.
- Monitorar
a performance da vigilância usando indicadores standard (ver manual de
vigilância epidemiológica).
- Fazer
retroalimentação aos níveis periféricos e avançar a informação à OMS/FRO.
- Supervisar
e dar assistência técnica às actividades do nível provincial e distrital.
- Usar os
dados para avaliar os objectivos nacionais e direccionar o programa.
- Fazer a
revisão de assuntos técnicos e programáticos regulamente.
6.5 Vigilância da PFA
6.5.1 Objectivos gerais
Erradicar a Poliomielite até 2010,
verificada pela Certificação Livre da Pólio pela OMS.
6.5.2 Estratégias de Erradicação da Pólio
Existem duas estratégias em uso: a
vacinação de rotina e campanha de vacinação suplementar.
Segundo os Inquéritos Demográficos e de
Saúde (IDS) realizados em 1997 e 2003, as coberturas da vacinação de rotina com
a Pólio 3 evoluíram de 59% para 71%, à
nível nacional e com grandes variações entre províncias, encontrando-se, ainda
muito abaixo do mínimo de 80% de cobertura necessária por distrito para se
atingir a certificação.
O país realizou de 1997 a 1999, os Dias
Nacionais de Vacinação (DNV’s), nos quais se administrou a vacina da Pólio em
duas rondas, com o objectivo de interromper a circulação do vírus selvagem e
obter a certificação de livre da Pólio. Muito embora em todas as campanhas
tenham sido atingidas coberturas acima de 80%, a rotina não conseguiu suster
essas coberturas elevadas, pelo que, perante a ameaça representada pelo
ressurgimento da Pólio em alguns países Africanos, Moçambique integrou a
vacinação contra a Pólio na campanha de vacinação contra o Sarampo realizada em
2005.
6.5.3 Metas da Vigilância da PFA
- Detectar e notificar pelo menos 1 caso de PFA em cada
100,000 crianças menores de 15 anos de idade.
- Investigar cada caso singular de PFA.
- Colher e amostras de fezes de cada caso de PFA.
- Analisar mensalmente os relatórios de cobertura
vacinal.
- Melhorar a submissão atempada dos relatórios mensais
de rotina em 95% dos distritos.
- Monitorar a qualidade da vigilância de doenças através
do uso dos indicadores da vigilância da PFA.
- Fazer o seguimento de 100% dos casos de cujos
espécimes foram colhidos depois dos primeiros 14 dias do início da
paralisia.
- Acelerar a busca activa dos casos de PFA nos registos
(Pediatria, Ortopedia, Fisioterapia, etc.).
- Fazer retroalimentação aos trabalhadores de Saúde.
6.5.4 O Processo de Vigilância da PFA
Todos os trabalhadores devem
familiarizar-se com a definição de caso, a apresentação e a epidemiologia da
Poliomielite (capítulo 2 – doenças-alvo do PAV). Eles devem também estar
conscientes de outras condições que possam causar Paralisia Flácida Aguda
(PFA). Algumas delas são:
- Síndrome de Guillain-Barre
- Meningite Tuberculosa
- Hemiplegia
- Paraplegia
- Neurite traumática
- Mielite transversa
- Picada de cobra
- Tuberculose espinhal
Uma criança de menor de 15 anos que se
apresente com uma fraqueza súbita das pernas e / ou braços não causada por
lesão, deve ser notificada e investigada como paralisia flácida aguda.
Cada caso notificado de PFA deve ser
investigado dentro de 24 horas após a notificação. Deve-se obter informação
epidemiológica como, a data do início da paralisia, sintomas e sinais iniciais,
estado vacinal e história de visitas (visitados ou visitantes). O trabalhador
da Saúde deve assegurar-se de que as amostras de fezes são colhidas e
transportadas adequadamente. Adicionalmente, visitas domiciliárias são vitais
para:
- Fazer busca activa adicional
- Colher informação (tamanho da população, logística,
etc.) em preparação para uma eventual intervenção.
- Estabelecer onde vivem os casos com o objectivo de
facilitar o seguimento do caso aos 60 dais.
- Alertar as autoridades e líderes locais sobre uma
eventual vacinação suplementar e obter o seu apoio e cooperação.
A colheita e transporte
de amostras de fezes serão como se segue:
- Colher duas amostras de fezes, com um intervalo de 24
a 48 horas dentro dos primeiros 14 dias do início da paralisia, quando a
carga viral é elevada nas fezes.
- Logo que a segunda amostra tenha sido colhida,
envie-as imediatamente.
- Use qualquer frasco limpo.
- Feche bem o frasco para evitar que o conteúdo se
despeje, e rotule-o (nome, idade e data).
- Guarde a amostra na geleira (refrigerador) entre + 4o
C e + 8o C.
- Preencha a ficha de investigação de caso de PFA (ver
manual de epidemiologia)
- Para o transporte, coloque as amostras num cólman com
acumuladores congelados e feche-o bem.
- Envie as amostras para o distrito ou provincial,
dependendo do nível.
Cada caso de PFA deve ser visto como uma
potencial epidemia de Pólio. Resposta para a epidemia de Pólio deve ser
accionada quando um caso de PFA é notificado. Os trabalhadores de Saúde devem
mobilizar as áreas afectadas e circunvizinhas para vacinação suplementar. Uma
dose de VAP deve ser administrada a todas as crianças menores de 5 anos nas
áreas afectadas e circunvizinhas, independentemente do seu estado vacinal. Se o
caso de PFA for confirmado Pólio ou se outro caso de PFA ocorrer na mesma área,
pouco depois do primeiro caso, uma segunda dose de VAP deve ser administrada
logo que as condições logísticas o permitirem, mas não antes da 4 semanas
depois da primeira ronda.
Qualquer caso de PFA com uma ou duas
amostras de fezes colhidas depois de 14 dais do início da paralisia deve ser
seguido para o exame clínico aos 60 dias. Qualquer trabalhador de saúde capaz
de testar os reflexos e avaliar o tónus e a força muscular pode fazer o exame
de seguimento.
|
11.6 Vigilância do
Sarampo
O Sarampo, quando complicado é uma
doença mortal, e pode piorar a malnutrição e causar cegueira. Moçambique
experimentou epidemias de sarampo de 2002 a 2005, com mais de 50 mil casos,
tendo sido a maior em 2003 com 28 mil casos. Isto levou o MISAU a embarcar na
estratégia de redução acelerada do Sarampo, realizando uma campanha de
vacinação contra o sarampo em menores de 15 anos em 2005, o que resultou numa
redução dramática de casos em 2006, tendo sido notificados até Maio, apenas 51
casos de Sarampo, com três amostras de sangue colhidas para análise
laboratorial e todas elas negativas.
6.6.1 Objectivos gerais
Eliminar o Sarampo até ao ano de 2015
através de um sistema efectivo de vigilância.
6.6.2 Objectivos
específicos
- Detectar cada caso singular de suspeita de Sarampo
- Notificar cada caso de suspeita de Sarampo
- Investigar cada caso de suspeita de Sarampo
- Identificar a população de risco
- Responder a cada caso de Sarampo confirmado
laboratorialmente.
- Determinar se o genotipo (local ou importado)
6.6.3 Estratégias de
eliminação do sarampo
As estratégias de eliminação do Sarampo
incluem:
- Alcançar e manter uma cobertura vacinal contra o
Sarampo de pelo menos 05%.
- Implementar uma campanha nacional de vacinação de
repescagem com coberturas de pelo menos 95%.
- Implementar campanhas nacionais periódicas de
seguimento com coberturas de pelo menos 95%, numa frequência que depende
do acúmulo de susceptíveis.
- Estabelecimento da vigilância do Sarampo baseada no
caso, com confirmação laboratorial dos diagnósticos.
6.6.4 O Processo da
vigilância do Sarampo
- O diagnóstico é baseado na definição de caso descrita
no capítulo 2 (doenças-alvo do PAV).
- Qualquer caso singular de suspeita de Sarampo deve ser
notificado à unidade sanitária mais próxima que por sua vez irá notificar
o nível distrital para comunicação posterior aos níveis superiores. Para
acelerar a investigação do caso e resposta, pode-se usar a notificação por
telefone, rádio, ou outro meio rápido onde for possível.
- Casos suspeitos de Sarampo devem ser investigados
dentro de 24 horas depois de recebida a informação do caso suspeito,
usando a ficha de investigação.
- Amostras de sangue devem ser colhidas ao primeiro
contacto com os casos suspeitos para testá-las par a IgM do Sarampo. No
caso de epidemia, testar as primeiras 5 amostras.
- As amostras de sangue devem ser colhidas dentro de 0 a
30 dias (idealmente dentro de 6 dais) do início do rash.
- Retire 5 ml de sangue venoso e coloque dentro de um
tubo para o teste. Para separar o soro das células, pode-se usar qualquer
um dos seguintes 3 métodos:
- Deixe o sangue repousar em angulo sem agitar por pelo
menos uma hora, para decantar as células e depois coloque o soro num tubo
de vidro.
- Se uma geleira estiver disponível, refrigere a
amostra por 4 a 6 horas até o coágulo retrair e depois retire o soro par
o tubo de vidro.
- Se uma centrifugadora estiver disponível, deixe o
sangue em repouso por 30 – 60 minutos e depois centrifugue a amostra a
2000 rpm por 10 a 20 minutos e coloque o soro num tubo de vidro limpo.
- Rotule as amostras como segue: nome, idade, sexo e
data da colheita do sangue.
- Transportar a amostra numa cólman com acumuladores
congelados e a ficha de investigação devidamente preenchida num saco
plástico, os quais devem ser entregues ao ponto focal do Sarampo.
- As amostras devem chegar ao laboratório, de
preferência nos primeiros 3 dias após a sua colheita.
Nota: as
amostras devem ser conservadas a uma temperatura entre + 4o C e + 8o
C, para prevenir o crescimento de bactérias, até que estejam prontas para serem
transportadas. O soro pode ser conservado na geleira por um máximo de 7 dias.
Se os casos
forem confirmados, os trabalhadores de saúde devem vacinar todas as crianças
com idades entre os 9 e os 59 meses, nas áreas afectadas e circunvizinhas,
independentemente do seu estado vacinal.
As crianças devem receber também suplemento de vitamina A.
6.7 Vigilância do
Tétano neonatal
6.7.1 Objectivo geral
Eliminar o tétano neonatal reduzindo a
sua incidência para menos de 1 caso por 1000 nascidos vivos em todos os
distritos até 2010.
6.7.2 Estratégias de
eliminação do TNN
A estratégia recomendada para a
eliminação do TNN focaliza na abordagem de alto risco porque o TNN
frequentemente ocorre em áreas com limitado acesso aos serviços básicos de
saúde e educação tais como os cuidados pré-natais e partos limpos.
A abordagem de alto risco inclui:
- Identificação dos distritos de alto risco, por
exemplo, distritos com casos notificados de TNN ou rate estimado de mais
de 1 caso de TNN por 1,000 nascidos vivos.
- Desenvolver um micro plano distrital, o qual deve
incluir:
- Três rondas de vacinação com toxóide tetánico
devidamente espaçadas (um mês entre a primeira e a segunda e seis meses
entre a segunda e a terceira rondas) para todas as mulheres em idade
fértil (MIF’s).
- Assegurar as actividades de informação, educação e
comunicação (IEC) para atingir pelo menos 80% de cobertura das mulheres em
idade fértil com as 3 doses de VAT em áreas de alto risco.
- Monitorar as coberturas da VAT por dose (VAT1, VAT2 e
VAT3) através de inquéritos de cobertura e de impacto.
Os critérios par identificação dos distritos de alto risco
incluem:
- Incidência dos casos de TNN.
- Cobertura
da VAT2+
- Cobertura
da DPT3
- Estado
urbano/rural
- Outros com
a cobertura das consultas pré-natais e factores sócio-ambientais.
A eliminação do TNN deve ser mantida através de:
- Melhoria na
cobertura de rotina da VAT2+ nas mulheres grávidas.
- Melhorias
na cobertura de rotina da DPT3
- Implementando
a vacinação nas escolas para todas as alunas com 15 anos ou mais.
- Melhorar o
acesso e uso de serviços de parto limpo.
- Vigilância
efectiva do TNN.
6.7.3 Objectivos da vigilância do TNN
- Detectar e
notificar casos de TNN.
- Investigar
todos os casos suspeitos de TNN
- Responder
apropriadamente a um caso de TNN.
- Monitorara
a vigilância do TNN.
- Acelerar a
vigilância activa do TNN.
- Iniciar a
vigilância comunitária do TNN.
- Fazer
retroalimentação aos trabalhadores de saúde e à comunidade.
6.7.4 O processo de vigilância do tétano
neonatal
- O
diagnóstico e a notificação de casos de TNN deve basear-se numa cuidadosa
observação do quadro clínico e na definição de caso (ver capítulo 2).
- O
trabalhador da saúde deve fazer a investigação do caso dentro de 24 horas
após a recepção da notificação de um caso suspeito de TNN usando a ficha
de investigação de caso.
- Para
análise epidemiológica, os trabalhadores de saúde devem manter e
periodicamente rever a lista e o mapear os casos confirmados de TNN, uma
vez a investigação esteja completa.
- Onde
ocorram casos, deve-se vacinar todas as mulheres em idade fértil com VAT
nas áreas afectadas e circunvizinhas, independentemente do seu estado
vacinal. É importante manter os registos.
- Visite a
mesma área um mês mais tarde e depois de examinar os cartões de VAT, dê
uma segunda dose de VAT a toda MIF que não tiver pelo menos 2 doses.
|
CAPÍTULO 6
USO DE FRASCOS
ABERTOS DE VACINA EM SESSÕES SUBSEQUENTES E SEGURANÇA DA VACINA (POLÍTICA DO
FRASCO ABERTO)
6. 1 POLÍTICA
DE FRASCO ABERTO ANTIGA
Frasco aberto refere-se ao frasco
multi-dose do qual uma ou mais doses de vacina foram retiradas, segundo
procedimentos estéreis padronizados. A antiga política estabelecia que todos os
frascos abertos de vacinas líquidas deviam ser descartados no fim de cada
sessão nas brigadas móveis, ou podiam ainda ser usados na sessão seguinte por
mais um dia nos postos fixos de vacinação, desde que a sessão fosse no dia
seguinte. Quanto ás vacinas liofilizadas, estas deviam ser descartadas 6 horas
após a sua reconstituição, independentemente de se tratar de brigada móvel ou
posto fixo de vacinação.
6.2 POLÍTICA DO FRASCO ABERTO
REVISTA (NOVA POLÍTICA)
A nova política do frasco aberto revista
pela OMS aplica-se às vacinas líquidas
como a VAP, VAT e DPH/HepB, desde que estejam satisfeitas a seguintes
condições:
- A vacina satisfaz os requisitos da OMS para a potência
e estabilidade térmica
- A vacina tenha sido embalada de acordo com os padrões
estabelecidos pela OMS
- A vacina
contenha concentração apropriada de preservativo
Todas as vacinas líquidas (VAP, VAT e
DPT/Hep B) adquiridas pelo MISAU satisfazem estes critérios, e ,
consequentemente, podem ser usadas sob esta nova política do frasco aberto.
|
No entanto, a nova política do frasco
aberto requer que estejam satisfeitas as seguintes condições:
- A data de expiração não tenha sido ultrapassada
- A técnica de assépsia tenha sido usada para retirar as
doses usadas
- Os frascos tenham sido conservados sob condições
apropriadas de cadeia de frio
- O monitor do frasco de vacina, se existir, não tenha
atingido o ponto de descarte
- O frasco de vacina não tenha sido submerso na água
A nova política não altera os
procedimentos da política antiga em relacção aos frascos de vacinas que
necessitam de ser reconstituídas, tais como, a BCG e a VAS. Estas, uma vez
reconstituídas, devem ser descartadas no fim de cada sessão ou 6 horas após a
sua reconstituição, conforme o que acontecer primeiro.
6.3
POTÊNCIA DA VACINA
A potência da vacina num frasco aberto é
determinada primariamente por:
- Estabilidade ao calor de uma vacina particular
- Se a vacina foi ou não reconstituída
A vacina dos frascos abertos de VAP, VAT
e DPT/Hep B, permanece potente desde que os frascos tenham sido conservados sob
condições apropriadas de cadeia de frio e as datas de expiração não tenham sido
ultrapassadas. Um bom indicador é o monitor do Frasco de Vacina, actualmente em
uso nos frascos de VAP, e que estará disponível num futuro próximo também nos
frascos de outras vacinas.
A estabilidade ao calor de vacinas
liofilizadas reduz substancialmente quando estas vacinas são reconstituídas com
seu diluente.
6.4
SEGURANÇA DA VACINAÇÃO
A segurança da vacina no frasco
multi-dose é primariamente dependente de:
- Risco de contaminação com organismos patogénicos
- Efeito bacteriostático ou virucida dos preservativos
no frasco
O risco de contaminação é alto no frasco
mutli-dose do que no mono-dose (dose única) porque o frasco é repetidamente
exposto cada vez que se retira uma dose de vacina.
Muitas vacinas liofilizadas não contêm
preservativos e, consequentemente, não devem ser mantidas mais do que o tempo
limite recomendado pela fábrica e nunca mais de 6 horas após a sua
reconstituição.
|
As vacinas líquidas injectáveis contêm
preservativos que previnem o crescimento de bactérias, na eventualidade de
ocorrer contaminação, reduzindo, deste modo, o nível de contaminação. No
entanto, o tempo limite de 4 semanas (28 dias) é aquí estabelecido por motivos
de gestão.
6.5 VERIFICAÇÃO
DA POTÊNCIA DA VACINA
As vacinas são muito sensíveis. As
vacinas podem perder a eficácia se o prazo e validade expirar, se forem
expostas ao calor, à luz do sol, ao congelamento ou se for usado diluente
inapropriado. Nalguns casos, o uso de vacina contaminada pode ser letal.
6.5.1 Procrddimentos para
verificar a potência da vacina e etiqueta
- Verifique a etiqueta nos frascos de vacina e de
diluente
- A etiqueta está acoplada ao frasco?
- É a vacina correcta e seu diluente específico?
- A vacina e o diluente tem o prazo de validade expirado?
- O monitor de frasco de vacina está alterado,
sugerindo estrago por exposição ao calor?
- Verifique a contaminação
- Verifique o frasco para se assegurar de que não há
aberturas nem líquido (vacina) a pingar.
- Verifique a solução para ver se há alterações na
aparência ou floculações
- Se o topo da vacina tiver sido mergulhado na água,
assuma que o frasco está comtaminado e descarte-o
- Se a vacina tiver sido reconstituída há mais de 6
horas, descarte o frasco (ver política do frasco aberto).
- Se o frasco das vacinas líquidas estiver aberto há
mais de 28 dias (4 semanas), descarte-o.
- Verifique se as vacinas sensíveis ao congelamento
foram congeladas
O teste de agitação é
usado para verificar se a vacina foi congelada. É recomendado quando o gráfico
de temperatura mostra temperaturas negativas. O teste de agitação pode ser
usado para as vacinas DPT/Hepatite B e VAT. Para mais pormenores sobre o teste,
veja o capítulo 11.
- Verifique a exposição ao calor: leia os monitores do
frasco de vacina
O monitor do frasco de
vacina é uma etiqueta feita de material sensível ao calor que é colocado no
frasco da vacina para mostrar a exposição cumulativa ao calor ao longo do
tempo. Os monitores do frasco de vacina têm dois importantes benefícios:
- Asseguram que apenas a boa vacina é usada.
- Reduzem o desperdício da boa vacina.
Para mais pormenores
sobre a leitura do do Monitor fo Frasco de Vacina, veja o capítulo 12.
6.5.2 Recosntitução segura da
vacina
O uso efcicaz e seguro de vacina
reconstituída depende de:
- Armazenamento de vacinas e diluentes a temperaturas
apropriadas.
- Reconstituição de vacinas apenas com diluente
específico.
- Habilidade em identificar vacina contaminada.
- Conhecimento de quando descartar o frasco da vacina
Siga os passos
abaixo para reconstituição segura da vacina:
- Não reconstitua a vacina até que a pessoa a ser
vacinada esteja presente.
- Use uma nova agulha e seringa para reconstituir cada
frsaco de vacina.
- Leia a etiqueta no frasco de diluente para se
assegurar de que é o diluente apropriado, fornecido pelo fabricante para
aquela vacina específica e para aquele tamanho do frasco.
- Verifique se o prazo de validade não expirou.
- Gele o diluente para temperaturas de + 2o C
a + 8o C antes de usar para evitar aquecer a vacina.
- Retire todo o conteúdo do diluente para a seringa de
diluição
- Esvazie completamente a seringa de diluição para
dentro do frasco de vacina.
- Descarte a seringa e agulha de diluição usadas.
- Não deixe a seringa de diluição no septo do frasco de
vacina; este é um erro comum que resulta na contaminação da vacina.
- Role o frasco de vacina entre os dedos para misturar
os conteúdos até que o pó de vacina esteja bem dissolvido. Se necessário,
anote a data e a hora em que o frasco foi reconstituído.
- Retire a vacina do frasco usando a mesma seringa e
agulha que será usada para injectar a vacina.
- Mantehna a vacina recosntituída fria, colocanado-a num
acumulador gelado e não exposta à luz solar.
|
CAPÍTULO 7
EQUIPAMENTO
DE INJECÇÕES
7.1 TIPOS DE EQUIPAMENTO DE INJECÇÕES
O seguinte material pode ser usado para
administrar vacinas injectáveis
- Seringas e agulhas de uso único
- Seringas e agulhas esterilizáveis
- Seringas preenchidas
7.1.1
Seringas e agulhas de uso único
As seringas e agulhas de uso único são
apropriadas para todo tipo de estratégias de vacinação, incluindo o uso nos
postos fixos, nas brigadas móveis e nas campanhas. Nestes casos, uma seringa e
agulha esterilizadas são usadas para cada injecção e devem ser destruídas
imediatamente depois de usadas. Há dois
tipos de agulhas e seringas de uso único: Descartáveis e
auto-destructíveis.
Seringas e agulhas
descartáveis podem ser usadas para vacinação somente em
locais onde haja garantias de que serão imediatamente destruídas depois de
usadas uma única vez, o que pode ser verificado pela monitoria do consumo e
supervisão do processo de disposal.
Seringas e agulhas
auto-destructíveis são feitas de maneira que seja impossível usá-las mais do
que uma vez. Consequentemente, elas apresentam um risco mínimo de transmissão
de infecções por via sangínea, de pessoa-para-pessoa. São o tipo de seringas
preferido para administrar vacinas, especialmente nos casos de campanhas.
Moçambique introduziu o
uso de seringas AD no programa em Julho de 2001, altura em que introduzia a
vacina tetravalente DPT/Hep B. Isto ajudou a minimizar os riscos que eram
impostos por provável esterilização inadequada, a qual resultava em injecções
pouco seguras.
No geral, as seringas e agulhas de uso
único devem ser usadas somente nos locais onde possam ser destruídos de forma
segura depois de usadas.
Figura
9: Seringas auto-destrutíveis (AD)
7.1.2
Seringas e agulhas esterilizáveis
Seringas e agulhas esterilizáveis podem
ser usadas na vacinação de rotina em locais onde se possa garantir, entre cada
uso das mesmas, o cumprimento dos procedimentos de limpeza e esterilização,
conforme verificado pelas visitas de supervisão e pelo uso rotineiro de
monitores de tempo de esterilização (panelas de pressão) e de temperatura
(estufas). Não
são prácticas nem económicas para as campanhas e não devem ser usadas para este
propósito.
Uma seringa e agulha esterilizadas devem ser usadas para cada injecção.
Seringas e agulhas esterilizáveis devem ser esterilizadas antes de serem usadas
pela primeira vez e depois de cada uso subsequente.
|
7.1.3 Seringas pre-enchidas
São seringas já preenchidas com dose
única de vacina e que vêm com a agulha já fixada da fábrica. Este tipo de
equipamento pode ser usado apenas uma vez.
Cada seringa preenchida e sua respectiva
agulha são esterilizadas e seladas num pacote próprio pelo fabricante. Antes de
usar, o trabalhador de saúde remove o pocote e a cápsula que envolve a agulha.
Depois de usadas, a seringa e a agulha devem ser dispostas de forma segura.
7.2 Uso de seringas auto-destructíveis
O êmbolo das seringas auto-destructíveis
pode ser puxado e metido apenas uma vez, prevenindo, assim, a sua reutilização.
Isto requer que os trabalhadores de saúde abandonem as prácticas de:
·
aspirar ar para injectar no frasco
·
aspirar para verificar se a agulha está dentro
do vaso (de realçar que os locais selecionados para administrar vacina não
possuem garndes vasos sangíneos – PATH, 2000)
|
7.3 Prevenção
de picada com agulhas
Os trabalhadores da saúde freqüentemente
se picam acidentalmente com agulhas e podem se injectar pequenas e perigosas
quantidades de sangue infectado com o vírus da Hepatite B, hepatite C e do HIV.
7.3.1 Factores
que podem levar à picada acidental
·
Recolocar a tampa da agulha
·
Mau manuseamento de seringas e agulhas usadas
·
Posicionamento incorrecto ou inseguro do
paciente
·
Práticas de disposição que deixam seringas e
agulhas usadas acessíveis ao público
As seguintes medidas podem contribuir
para prevenir as picadas acidentais por agulhas:
7.3.2 Minimizar
o manuseamento de agulhas e seringas
Picadas acidentais podem ocorrer a
qualquer momento, mas elas são mais freqüentes durante e imediatamente depois
da injecção. Os métodos para minimizar o manuseamento de agulhas e seringas são:
·
Colocar uma caixa incineradora em todas as
mesas de vacinação e para cada vacinador para permitir a disposição imediata de
seringas e agulhas usadas.
·
Não remover manualmente a agulha contaminada da
seringa.
·
Não andar à volta da área de vacinação carregando
agulhas e seringas usadas.
·
Não re-encape as seringas.
·
Aspirar a dose de vacina, injectar ao paciente
e colocar imediatamente a seringa usada numa caixa incineradora sem pousá-la
entre estes passos.
·
Não separar manualmente o lixo
7.3.3 Depositar
as seringas e agulhas numa caixa incineradora
Todas
as seringas e agulhas devem ser dispostas com segurança depois de usadas. Antes
da sua destruição, as seringas e agulhas devem ser colocadas numa caixa
incineradora à prova de água e resistente à perfuração de agulhas.
Alternativamente, recipientes feitos de plástico espesso (como baldes) ou de
metal, podem ser usados para colectar seringas e agulhas e transporta-las para
um incinerador ou outro sítio onde serão queimadas.
Figura 10: Caixas incineradoras
7.3.4
Queimar ou incinerar caixas incineradoras
Uma caixa incineradora de 5 litros pode
comportar aproximadamente 100 seringas. Quando cheia, deve ser destruída
(queimada ou incinerada) o mais próximo possível do local do uso e logo depois
de terminar a sessão de vacinação. O local de incineração deve ser seguro. As
incineradoras de combustão que atinjam temperaturas acima de 800o C,
são as de preferência, embora o método de queimar possa também ser usado
noutros tipos de incinerador, ou, por exemplo, numa cova, num tambor ou forno.
Algumas caixas incineradoras são feitas
de material inflamável. Aproximadamente 4 minutos depois de iniciar o fogo, as
seringas e agulhas no interior da caixa começam a queimar. Dependendo do tipo
de seringas, pode demorar pelo menos uma hora para ficarem completamente
destruídas.
Algumas seringas podem não ficar
completamente destruídas pelo processo de combustão, mas não representarão
nenhum risco para transmissão de infecções depois de queimadas. Contudo, mesmo
assim devem ser tomados cuidados para evitar picadas acidentais enterrando os
restos numa cova, metendo numa latrina ou num local onde o público não tenha
acesso.
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