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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Manual de PAV 4 parte


 

CAPÍTULO 14

 

MANUTENÇÃO DOS REFRIGERADORES

 

 

 

14.1 REFRIGERADOR (GELEIRA) ELÉCTRICO

 

14.1.1 Funcionamento do refrigerador eléctrico

 

 

Para o bom fiuncionamento do refrigerador eléctico deve-se observar periodicamente o seguinte:

 

-          Se está bem ligado à fonte eléctrica.

 

-          Se a tomada é exclusiva. Evite o uso de fichas múltiplas.

 

-          Se o fio não tem emendas, o que é de evitar.

 

-          Utilize um estabilizador de voltagem, se houver queda ou excesso de energia na rede eléctrica.

 

O refrigerador deve ser ligado num estabilizador da corrente eléctrica para se evitar os danos que podem advir da oscilação da energia.

 

 

O refrigerador possui um botão com números ou palavras (máximo e mínimo) para regular o seu funcionamento de acordo com a temperatura que se deseja. Para tal, gire lentamente o botão, mas sem se esquecer que nem sempre o número mais alto corresponde à temperatura mais fria. Em caso de dúvidas, veja o livrete de instruções para uso de refrigeradores. É necessário aguardar, pelo menos uma hora, antes de verificar a nova temperatura.

 

 

Se o refrigerador deixar de funcionar:

 

 

} verifique o fornecimento de energia.

 

} verifique se a geleira está ligada à tomada.

 

} verifique se o botão principal está ligado e se o botão de controlo também está na posição

   de ligado

 

} controle os fusíveis

 

} chame o técnico de frio se a geleira não funcionar após estes cuidados.

 

 

Se o refrigerador não produzir frio suficiente:

 

 

} Faça as verificações indicadas anteriormente.

 

} Verifique se o botão de controlo está na posição “máximo”. Se não estiver, aumente  um

   pouco e espere uma hora para ler novamente a temperatura.

 

} Veja se o termostato está a funcionar.

 

}Verifique se as portas fecham devidamente.

 

} Controle a acumulação de gelo no compartimento de congelação.

 

} Verifique se a circulação do ar é boa dentro e fora do refrigerador.

 

} Ver se o condensador e a unidade de esfriamento não estão sujos ou obstruídos  com      

    poeira.

 

 

 
Em caso de falta de energia eléctrica, evite que a temperatura dentro do refrigerador  suba até a um nível perigoso (acima de 8ºC.)  Não permita que a porta seja aberta.

 

 

É de extrema importância providenciar de imediato a transferência das vacinas para uma geleira a petróleo, se existir, ou para uma Unidade Sanitária mais próxima, onde haja uma geleira a funcionar devidamente. Alternativamente, transfira as vacinas simplesmente, para uma caixa isotérmina com um número considerável de acumuladores de gelo, obedecendo sempre à regra de arrumação de vacinas na caixa isotérmica.

 

 

14.1.2 Manutenção do refrigerador eléctrico:

 

 

14.1.2.1      Manutenção Diária

 

 

} Anote a temperatura da geleira (manhã e tarde) e preencha o registo.

 

} Mantenha sempre a temperatura das vacinas entre os 0 e 8ºC.

 

 

14.1.2.2      Manutenção semanal

 

 

            } Controle a acumulação do gelo no compartimento de congelação.

 

} Se o gelo atingir 5mm ou mais de espessura, descongele-o.

 

            } Depois do descongelamento limpe e seque dentro e fora do refrigerador.

 

 

14.1.2.3      Manutenção mensal

 

 

} Aproveite contar o stock físico das vacinas e verificar se é o mesmo que consta nos

   registos.

 

            } Limpe o condensador e a unidade de refrigeração. Tire a sujidade e a poeira com uma

   escova leve.

 

            } Faça limpeza da borracha da porta e pulverize-a com o pó de talco cirúrgico.

 

            } Controle a ferrugem e a danificação da chaparia da geleira e, se possível, mande pintar.

 

 

 

14.1.3  Causas mais frequentes do mau funcionamento dos refrigeradores eléctricos.                 

 

           

 
MEDIDAS A TOMAR

 

 

Seguir a seta correspondente à insuficiência dectetada e procurar, na coluna respectiva, a (s) causa (s) e as medidas a tomar.

 

 

 
Refrigerador não gela completamente
 
Refrigerador não gela o suficiente
 
Refrigerador gela demais
 

                       

1
 l
 l
 
Refrigerador não nivelado
 
instalar o refrigerador
horizontalmente (nivelado)
2
 l
 l
 
Temperatura ambiente muito alta
Mudar o refrigerador para um lugar fresco.
3
l
l
 
Voltagem incorrecta
Verificar a tomada de alimentação
4
 l
 
 
Unidade de refrigeraçao defeituosa
Substituir a unidade de refrigeração
5
 
 l
 
Tensão de alimentação não constante
Montar um estabilizador de corrente eléctrica, se possível
6
 
 l
 
Unidade de refrigeração bloqueada
Retirar tudo o que possa cobrir a unidade de refrigeração
7
 
l
 
Raios solares incidem directamente na geleira
Colocar o refrigerador na sombra
8
 
l
 
A porta não fecha devidamente
Ajustar a parte que não está boa
9
 
l
 
Gelo no evaporador
Descongelar o refrigerador
10
 
l
 
Poeira na unidade de refrigeração
Limpar a unidade de refrigeração
11
 l
 
 
Mau contacto nas conexões
Verificar todas as ligações nas tomadas, resistência e termostato
12
 
 l
 
Espaço insuficiente entre as vacinas
Organizar e deixar espaços maiores entre as vacinas
13
 
 l
 
Carregar o refrigerador de vacinas antes de baixar a temperatura
Esperar até a temperatura no refrigerador atigir + 2oC a +8ºC.

 

 

 

Causas mais frequentes do mau funcionamento dos refrigeradores  eléctricos (Continuação)                  

                                                           

 

MEDIDAS A TOMAR

 

 

Seguir a seta correspondente à insuficiência dectetada e procurar, na coluna respectiva, a (s) causa (s) e as medidas a tomar.

 

 
Refrigerador não gela completamente
 
 
 Refrigerador não gela o suficiente
 
 Refrigerador gela demais
 

                       

14
 
 l
 
Muitos pacotes de gelo
 
reduzir o número de pacotes de gelo
15
l
l
 
Resistência mal colocada no respectivo tubo
Fixar a resistência com parafusos no tubo apropriado
16
l
l
l
Termostato mal ajustado
Ajustar o termostato
17
 
 
l
Tubo capilar mal montado nas bordas do evaporador
Manter um bom contacto do tubo capilar do termostato com as bordas do evaporador
18
 
 
l
Muitos pacotes de gelo congelados no evaporador
Remover todos os pacotes de gelo
19
 
 
l
Parede separadora de plástico no refrigerador
Usar parede separadora de alumínio
20
 
l
 
Separador de alumínio e de plástico no refrigerador
Usar somente o separador de alumínio
21
 
 
l
Refrigerador sem parede separadora
Usar parede separadora de alumínio para conservar as vacinas e para  congelar pacotes de gelo
22
l
l
l
Defeito no termostato
Substituir, se possível, o termostato
23
l
 
 
Defeito na resistência
Substituir a resistência
24
 l
 
 
Refrigerador a funcionar com dois tipos de energiaa
Apagar a chama do queimador e deixar funcionar o sistema eléctrico

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14.2 REFRIGERADOR A PETRÓLEO

 

 

Funciona  com calor produzido pela chama de um combustível que é o petróleo. A composição de um refrigerador a petróleo é a seguinte:

 

            } Tanque de combustível

 

           } Queimador com tubo de vidro e torcida no tanque que transporta o combustível.

 

            } Esquentador com chaminé e espalhador.

 

} Circuito de refrigeração.

 

} Botão regulador da torcida.

 

 

Figura 31: Geleia a petróleo

 




 

Legenda:

 

 

a)      Chaminé

b)      Circuito de refrigeração

c)      Tubo de vidro

d)      Queimador

e)      Tanque de combustível

f)       Botão regulador

g)      Deflector ou espalhador

 

 

Em alguns refrigeradores, o tanque sai pela parte lateral em vez de sair pela parte da frente.

14.2.1 Funcionamento do refrigerador a petróleo

 

} Encha o tanque com petróleo puro. A torcida deve estar apagada. Use o filtro

   sempre que assim proceder.

 

} O petróleo não deve ser misturado com outros combustíveis, pois é perigoso.      

                                   

} A torcida deve ser bem ajustada, assim como o queimador.

 

 

Figura 32:


Oval: 1
Oval: 2


 


Oval: 6Oval: 8

Oval: 7

Oval: 5Legenda:

 

1.      Anel obturador

2.      Vidro

3.      Tampa superior do queimador

4.      Anel metálico

5.      Torcida completa com amarras

6.      Porta torcidas

7.      Difusor da chama

8.      Base do queimador com botão regulador completo

 

Importante:         

 

}  A torcida e a chaminé devem ficar sempre limpos. Se tiver fuligem, esta deve ser limpa.

    Para a limpeza da chaminé, queimador ou torcida, puxe o tanque para fora, em primeiro

    lugar, e, quando  for a recolocá-lo, faça-o de modo a que fique bem ajustado.

 

}  O bom funcionamento deste tipo de geleira depende do nivelamento correcto da mesma.

 

}  O queimador compõe-se em geral de várias peças (ver legenda).

 

}  Todas as partes devem ser limpas e bem ajustadas. A parte inferior da torcida deve estar    

    submersa no petróleo dentro do tanque. A torcida acesa sem petróleo no tanque, 

    danifica-se.

 

 

14.2.1.1 Como acender a chama ?

 

 

} Retire primeiro a tampa superior do queimador, juntamente com o tubo de vidro e o anel

   obturador.

 

} Faça subir a torcida até 3 milímetros acima do bordo e acende-a.

 

} Quando a chama não estiver uniforme (trémula), apague e reveja o sistema reiniciando

    toda a operação. É indispensável que a janela mantenha a chama uniforme.

 

} A chama deve ter cor azulada. Se apresentar uma cor amarelada, ainda que seja em parte,

               significa  que há fuga de ar, porque as peças estão mal ajustadas ou a torcida está muito 

               alta ou suja.

 

} Para aumentar o frio da geleira, gire o botão regulador para a direita, para elevar a torcida

   e obter uma chama mais alta, de côr azul.

 

 

A chama de cor amarela só consome petróleo e suja a unidade de refrigeração sem produzir  o frio desejado.

 

 

14.2.1.2 Como limpar a chaminé ?

 

 

  • Cada geleira vem com uma escova especial para limpar a chaminé. Deve dispôr de uma escova de reserva.

 

  • Puxe o tanque e o queimador para fora. Coloque um papel no chão e por baixo da chaminé, para onde vai cair a fuligem. Para tal operação, é preciso:

 

  • Introduzir a escova dentro da chaminé e movê-la de cima para baixo sucessivamente, esfregando-a nas partes laterais da chaminé para as libertar da sujidade.

 

  • Fazer esta operação até a fuligem desaparecer completamente e deixar de cair no papel.

 

  • Retire o papel com sujidade.

 

  • Limpe a chaminé com um pedaço de torcida limpa e molhada com petróleo.

 

  • Se tudo estiver limpo, acenda a torcida e coloque o tanque no lugar.

 

 



Figura 33: Limpeza de geleira a petróleo

 


Oval: a
Oval: b
 

 


Legenda:

 

 

a)      Escova especial

b)      Papel

 

14.2.1.3 Como trocar a torcida ?

 

  • Retire o queimador completo do tanque.

 

  • Desarme a parte superior do queimador, juntamente com o tubo de vidro e o anel obturador.

 

  • Retire o porta-torcida e o difusor da chama.

 

  • Gire o botão de controlo para elevar a torcida o mais alto possível.

 

  • Retire a torcida usada.

 

 

Figura 34: Retirada da torcida do queimador




 

  • Coloque a torcida nova, introduzindo as suas extremidades inferiores com caudas de papel, de cima para baixo, em direcção ao tanque.

 

  • Puxe as extremidades da torcida com cuidado. Retire as caudas do papel da torcida.

 

  • Coloque o anel metálico nas amarras e introduza-o na base do queimador.

 

  • Gire o regulador da torcida e comprove se esta sobe e desce com facilidade.

 

  • Volte a colocar o difusor da chama, o porta-torcida e a parte superior do queimador, com o seu tubo de vidro e volte a colocar tudo no tanque.

 

 



Figura 35: Recolocação da torcida no queimador

14.2.1.4  Material de reposição de reserva:

 

  • 2 torcidas

  • 1 aparador (lâmina) da torcida

  • 2 tubos de vidro
  • 10 litros de petróleo

  • 1 filtro de combustível

 

 

 

 

 

 

14.2.2         Manutenção do refrigerador a petróleo

 

 

14.2.2.1      Manutenção diária       

 

  • Verificar a temperatura e preencher o registo
  • Manter a temperatura das vacinas entre + 2o C e + 8ºC
  • Verificar o nível da chama (chama azul)
  • Verificar se não deita fumo
  • Preencher o reservatório de petróleo.
  • Utilizar o filtro sempre que assim proceder

 

14.2.2.2      Manutenção semanal

 

  • Limpar a chaminé e o espalhador da chama
  • Limpar o queimador
  • Aparar a torcida
  • Controlar a acumulação de gelo no compartimento de congelação.
  • Se o gelo tiver 5mm ou mais de espessura descongelar a geleira.
  • Depois da descongelação, limpar e secar sempre a geleira por dentro e por fora.            

 

 

14.2.2.3      Manutenção mensal

 

  • Contar as vacinas e verificar se o stock físico é igual ao stock dos registos.  

 

  • Esvaziar o reservatório do petróleo, lavando-o com um pouco de petróleo limpo e voltar a enchê-lo com este combustível.

             

  • Limpar o condensador e a unidade de refrigeração. Tirar a  sujidade e a poeira com uma escova leve.

 

  • Limpar a borracha da porta e pulverizá-la com pó de talco cirúrgico.

 

  • Controlar a ferrugem na chaparia da geleira. Se houver danos, mandar reparar e pintar, se fôr necessário.

14.2.3 Causas mais frequentes do mau funcionamento dos refrigeradores a petróleo.

                       

                                                            MEDIDAS A TOMAR

 

Seguir a seta correspondente à insuficiência detectada e procurar, na coluna  

       respectiva, a (s) causa (s) e as medidas a tomar.

 

 
Refrigerador não gela completamente
Refrigerador não gela o suficiente
Refrigerador gela demais
Queimador não acede
Chama fumarenta
 

 

                                                                       CAUSA                                               ACÇÃO                                               

 1
l
l
 
 
 
Refrigerador não nivelado
 
Instalar o refrigerador
horizontalmente (nivelado)
 2
l
l
 
 
 
Temperatura ambiente muito alta
Mudar o refrigerador para um lugar fresco e com sombra.
 3
l
l
 
 
 
Chama regulada na posição mínima
Ajustar a chama para posição máxima
 4
l
 
 
 
 
Unidade de refrigeração defeituosa
Substituir a unidade de refrigeração
 5
l
 
 
l
 
Conteúdo do tanque muito baixo
Encher o tanque
 6
l
 
 
 
 
Unidade de refrigeração bloqueada
Livrar a unidade de tudo o que a bloqueia
 7
l
 
 
 
 
Raios solares incidem directamente na geleira
Colocar o refrigerador na sombra
 8
l
 
 
 
 
A porta não fecha devidamente
Ajustar a parte que não está boa
 9
l
 
 
 
 
Gelo no evaporador
Descongelar o refrigerador
10
l
 
 
 
 
Unidade de refrigeração suja
Limpar a unidade de refrigeração
11
l
 
 
 
 
Mau contacto nas conexões
Verificar todas as ligações nas tomadas, resistência e termostato
12
l
 
 
 
 
Espaço entre as vacinas insuficiente
Organizar e deixar espaços maiores entre as vacinas
13
l
 
 
 
 
Carregar o refrigerador de vacinas antes de baixar a temperatura
Esperar até a temperatura no refrigerador atigir 2 a 8ºC.
14
l
 
 
 
 
Muitos pacotes de gelo com água no compartimento de refrigeração
Diminuir o número de pacotes de gelo
15
 
l
 
 
l
Torcida ou queimador sujos
Limpar ou colocar nova torcida e limpar o queimador
16
 
 
 
l
 
Falta de petróleo na ponta da torcida
Mergulhar a parte de cima da torcida no petróleo
17
 
 
l
 
l
Chama mais alta que o normal
Ajustar a chama entre médio e máximo
18
 
 
l
 
 
Muitos pacotes de gelo congelados no refrigerador
Diminuir o número de pacotes de gelo
19
 
 
l
 
 
Parede de separação de alumínio no refrigerador.
Para conservar as vacinas usar parede separadora de plástico
20
 
l
 
 
 
Separador de alumínio e de plástico no refrigerador
Usar só um separador

Causa mais frequentes do mau funcionamento dos  refrigeradores a petróleo (Continuação)

                       

                                                            MEDIDAS A TOMAR

 

Seguir a seta correspondente à insuficiência dectetada e procurar, na coluna  

      respectiva, a (s) causa (s) e as medidas a tomar.

 

Refrigerador não gela completamente
Refrigerador não gela o suficiente
Refrigerador gela demais
Queimador não acende
Chama fumarenta

 

 

                       

                                                                      CAUSA                                             ACÇÃO

21
 
 
l
 
 
Refrigerador sem parede separadora
Usar parede separadora de plástico para conservar as vacinas
 22
 
l
 
 
l
Torcida não nivelada
Ajustar ou aparar a torcida
23
 
l
 
 
l
Fuligem na chaminé
Limpar a chaminé com uma escova metálica
24
 
 
 
 
l
Anilha do vidro mal instalada debaixo da chaminé
Certificar se a anilha do vidro está colocada exactamente debaixo da chaminé
25
 
 
 
 
l
Vidro partido
Instalar novo vidro
26
 
l
 
 
l
Rede metálica inserida no queimador, não existe ou está mal colocada
Certificar se a rede metálica está correctamente instalada
27
 
l
 
 
l
A grande rede metálica com parte sólida está mal instalada
Instalar a rede metálica com a parte sólida virada para baixo no guia do queimador
28
 
 
 
 
l
Existência do cartão de protecção da torcida
Remover o cartão de protecção da torcida
 
29
l
l
l
 
 
A geleira funciona com duas fontes de energia
Desligar a fonte de energia menos confiante
30
 
 
 
 
l
Muita corrente de ar
Colocar o refrigerador num canto onde pode ter a certeza que não vai apanhar corrente de ar

 

 

14.3 REFRIGERADOR (GELEIRA) SOLAR

                                   

Este tipo de refrigerador funciona através da energia solar. No País, temos utilizado dois tipos de geleira solar, com as marcas “BP” e HELIOS, estas últimas a serem descartadas.

 

O refrigerador solar é a melhor solução para as áreas onde não há perspectivas de abastecimento de energia eléctrica, a curto prazo, mais distantes e de difícil acesso aos centros de abastecimento de petróleo.

 

Os apontamentos que se seguem limitam-se a descrever, de uma forma simples, a constituição do sistema solar bem como os cuidados de manutenção essencial, não dispensando a leitura  e consulta do manual próprio de cada marca  e fabricante, onde todas as questões são apresentadas de uma maneira pormenorizada.

 

 

14.3.1 Constituição do sistema refrigerador solar de vacinas.

 

 

As partes básicas que compõem o sistema de fornecimento de energia solar são: Colector solar e baterias.

 

O colector captura a energia do sol, através dos painéis, passa-a em forma de electricidade para o regulador, no refrigerador. O regulador controla o fornecimento de energia para a bateria assim como o fluxo da energia do colector ou bateria, para as partes móveis do refrigerador.

 

O colector solar pode ser montado no telhado (tecto) ou no solo onde não haja nenhum obstáculo que faça sombra durante o dia, no Inverno ou Verão (árvores, prédio, etc.)

 

As duas luzes na parte da frente do refrigerador funcionam quando a bateria tiver pequena quantidade de energia.

 

A Luz Amarela, quando acende, avisa para não congelar acumuladores de gelo.

 

A Luz vermelha, quando acende, avisa que a bateria não tem energia para manter em funcionamento o refrigerador.

 

 

14.3.1.1  Peças móveis do refrigerador

 

 

A energia do colector solar é fornecida, em primeiro lugar, para o Cartão do Regulador. Este certifica que a energia para as baterias é correctamente controlada.

 

A Unidade de Controlo Danfoss retira a energia disponível da bateria e do colector solar e usa-a para operar o motor no compressor.

 

O Sensor de Temperatura verifica se o compartimento das vacinas tem a temperatura correcta. Se aquecer demais, o sensor actuará sobre o regulador permitindo que o compressor funcione para arrefecer o refrigerador.

Quando o refrigerador ficar suficientemente frio, o regulador desliga o compressor, cortando  o fornecimento de energia no referido refrigerador. Normalmente, o compressor funciona durante 20 minutos e, depois, se desliga durante um período de tempo. O tempo de inactividade depende  muito da temperatura do local onde o refrigerador se encontra instalado e da rapidez de aquecimento do conteúdo do refrigerador. Quando o refrigerador estiver a congelar acumuladores de frio,  o período de ligação do compressor prolongar-se-á durante muitas horas até os mesmos acumuladores ficarem congelados. Aí começa, de novo, o ciclo do compressor (de arranque-paragem).

 

 

O Interruptor de descongelação permite parar o fluxo de energia para o compressor. Terá de o utilizar quando precisar de descongelar a bandeja para retirar o gelo que aí se tenha acumulado.

 

Figura 36:



 
Importante: Mesmo com o interruptor de descongelação desligado (OFF), os circuítos ainda continuam com potência. Não toque em qualquer peça eléctrica.
 
Nota - A instalação do refrigerador e das baterias não pode ser feita num lugar onde a luz do sol incide directamente em qualquer altura do dia. O espaço livre entre o refrigerador e as paredes, prateleiras ou tecto deve ser de, pelo menos, 30 cm em cada sentido.



Figura 37:
   
 
 
 
14.3.1.2 Interruptores:

Há normalmente dois: Um da bateria, que actua para a desligar quando a corrente eléctrica fornecida for demasiadamente forte e um outro de descongelação, que desliga o fornecimento de energia para o compressor (o refrigerador aquece lentamente e põe o gelo a derreter).

 
Figura 38:
 
 


 
 
Para verificação da temperatura no compartimento das vacinas é necessário:

  • Registar a temperatura - duas vezes por dia. Este registo deve ser feito com a ampola do termómetro perto do termostato do refrigerador e a tampa fechada durante, pelo menos, uma hora antes do registo.
 
  • Colocar vacinas, respeitando as condições.
 
  • Verificar sempre a temperatura do refrigerador (deve estar entre + 2oC e + 8ºC.).
 
  • Colocar as vacinas somente no compartimento reservado para tal.
 
  • Deixar espaço livre entre as vacinas, estas com as paredes do refrigerador, para circulação de ar.
 
  • Não encher demais o compartimento de vacinas.
 
  • Colocar as vacinas com a data de expiração mais longa por baixo das da data de expiração mais próxima (primeiras a serem usadas).
 
  • Nunca guardar alimentos ou bebidas no refrigerador. Colocar apenas pacotes de gelo (condição a respeitar)
 
  • Colocar os acumuladores de frio na bandeja respectiva
 
  • Colocar os novos acumuladores de frio sempre nas manhãs.
 
  • Se o refrigerador tiver a luz de aviso acesa não congelar acumuladores de frio.
 
14.3.2 CUIDADOS COM O SISTEMA

14.3.2.1    Tarefas diárias

  • Verificar e registar a temperatura do refrigerador, todas as manhãs e todas as tardes.
  • Verificar a ventilação - a grelha de ventilação pode estar  bloqueada.
  • Verificar as luzes de aviso.
 
14.3.2.2    Tarefas semanais
 
  • Verificar a formação de gelo na bandeja. Se o gelo atingir 5mm ou mais de espessura, descongelar o refrigerador.Ver se a tampa veda  convenientemente.
 
  • Secar o fundo do compartimento de vacinas para impedir a formação de gelo pela existência da água (usar um pano seco e macio ou uma esponja).
  • Limpar o colector - lavar com água limpa e um pano macio, com muito cuidado, começando do ponto mais alto para baixo; realizar esta operação de manhã ou ao fim da tarde.
 
  • Verificar se há qualquer sombra sobre o colector.
14.3.2.3    Tarefas mensais

  • Limpar o compartimento do compressor - retirar a tampa e observar se o condensador e o compressor estão limpos.
 
  • Limpar qualquer sujidade ou poeira com uma escova macia.
  • Limpar o exterior do refrigerador  com um pano húmido
  •                                    
Nota - Não usar escovas metálicas ou com partes metálicas junto dos circuítos  eléctricos, bem como joalharia pessoal ( aneis, relógio, pulseira de metal, etc.)
 

 

14.3.2.4    Tarefas semestrais

           

 

Retirar a tampa da bateria e verificar o seu estado.

 

Verificar as ligações da bateria (podem estar soltas, corroídas ou sem lubrificação).

 

  • Verificar o nível do electrolítico (água) e aumentar até ao nível desejável, se for necessário.

 

  • Observar se há porcas e parafusos desapertados no colector.

 

  • Ver o vedante da tampa do refrigerador: abrir o refrigerador, colocar uma tira de papel fino na parte frontal  do armário, fechar a tampa e apertar a lingueta. Puxar a tira do papel. Se a mesma sair facilmente, o vedante da tampa (porta) precisa de ser ajustado.

 

 
Importante:

 

As baterias contêm ácido que pode causar lesões em contacto com a pele ou com os olhos. Portanto, é necessário confirmar se as baterias estão colocadas num local seguro e inacessível a crianças. Nunca aproximar das baterias qualquer objecto ou material que provoque chama (fogo), porque os gases podem incendiar e provocar uma explosão.

CAPÍTULO 15

 

PLANIFICAÇÃO

 

 

15.1 PLANIFICAÇÃO NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA ACD

 

Entende-se por  planificação um conjunto de acções orientadas para alcançar objectivos bem definidos. Assim, pode-se chamar planificação à operação de coordenar a totalidade de acções preventivas ligadas à vacinação da comunidade, segundo um projecto geral que fixa os objectivos de redução da morbi-mortalidade por doenças preveníveis pala vacinação e os meios escolhidos para a sua prossecução.

 

Neste contexto, os objectivos do PAV em Mçambique de atingir uma cobertura universal de pelo menos 90% a nível nacional e 80% em cada distrito para todos os antígenos até 2010, estõ em linha com as recomendações da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2002, a qual foi também adoptada por muitos outros países membros da OMS e  por outras Parcerias para o fortalecimento sustentado dos serviços de vacinação, como é o caso do GAVI.

 

O caminho escolhido para a prossecução dos objectivos acima referidos é a implementação da estratégia Alcançando Cada Distrito (ACD), com focus no distrito e composto pelos seguintes cinco compenentes operacioanis:

 

1. Re-estabelecimento das actividades das brigadas móveis regularesa as comunidades distantes

 

As brigadas móveis são uma estratégia essencial para levar os serviças de vacinação a todas as áreas populacionais pouco servidas ou desprovidas de serviços de vacinação, sejam  elas urbanas ou rurais, próximas dos serviços de saúde ou remotas. A base para uma implementação com sucesso das brigadas móveis é a existência de uma unidade sanitária equipada com uma geleira funcional, abastecida com vacinas potentes e os respectivos materiais de injecção, com recursos humanos adequadamente treinados e supervisados, e com  meios de transporte funcionais ou fundos adequados para custear as deslocações das brigadas móveis.

 

2. Supevisão formativa – formação contínua no local de trabalho pelos supervisores

           

A supervisão formativa deve construir a capacidade no distrito de implementar serviços de vacinação seguros e de boa qualidade, incluindo actividades de comunicação, através de treinamento no local de trablaho e  assiatência regulares. Deve-se aproveitar a oportunidade para integrar a supervisão de outras intervenções de saúde, como por exemplo, o programa do AIDI, da Malária, etc.

 

3. Ligação entre os serviços e a comunidade – encontros regulares entre a comunidade e os profissionais de saúde

 

Os serviços de vacinação necessitam de estar melhor integrados na estrutura comunitária, o que pode se conseguido através de consultas permanentes entre a comunidade e os gestores dos serviços de saúde. A comunicação para a vacinação deve ser considerada uma componente chave do plano distrital, visndo motivar as comunidades a fazer uma utilização efectiva dos serviços de vacinação e outros serviços e saúde disponíveis.

 

4. Monitoria para a acção – gráficos, mapas em cada unidade sanitária

 

            O sistema de monitoria deve ser fortalecido para direcionar as acções de planificação e gestão ao nível distrital. Os dados colhidos devem ser interpretados e usados ao nível da unidade sanitária.

 

5. Palnificação e Gestão dos recursos – melhor gestão dos recursos humanos e financeiros

           

A planificação e gestão de recursos é geralmente fraca ao nível do distrito. Os planos distritais devem possuir o diagnóstico da situação financeira actual e, a cada nível, detalhes dos recursos humanos e financeiros necessários para alcançar todas as crianças elegíveis, de uma maneira sustentada.

 

Para além de planificar para a implementação efectiva das cinco compenetes operacionais acima referidos, a abordagem ACD também preconiza que os serviços de vacinação devem ser dispensados como um pacote integrado de intervenções essenciais em todos os distritos, de modo a contribuir efectivamente para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Este princípio deriva do facto de os serviços de vacinação serem geralmente os mais desenvolvidos em todos os distritos e poderem, assim, ser usados como uma plataforma para outras intervenções essenciais, as quais incluem o AIDI, o controle da Malária, a suplementação com Vitamina A e outros micronutrientes, as consultas pré-natias, as consultas pós-parto, a educação sanitária, os serviços curativos, etc. Por outro lado, a integração torna os serviços mais custo-efectivos e motivadores para as comunidades, em especial nas áreas de pobre acesso. O pacote mínimo de imntervenções deve ser definido de acordo com as necessidades específicas e a capacidade de cada distrito.

 

Para mais detalhes no que concerne à abordagem alcançando cada distrito (ACD), recomemnda-se a leitura do guião para a equipa de gestão do distrito, sobre a implementação da estratégia ACD.

 

15.1.1 Etapas no processo de planificação

 

De uma forma resumida, podem-se caracterizar as diferentes etapas de planificação do seguinte modo:

 

15.1.1.1  Conhecimento da comunidade

 

Não é possível planificar correctamente as actividades de vacinação sem um conhecimento muito preciso da comunidade e dos seus problemas. Este conhecimento fundamenta-se, por um lado, na recolha de elementos que caracterizam a área - limites, divisão administrativa, dados demográficos básicos da população, vias de comunicação, rede sanitária, estruturas sócio-económicas, etc. – e, por outro, no contacto directo e profundo com a comunidade, único meio de conhecer os seus hábitos, os seus anseios e os problemas reais relacionados com a sua saúde.

 

 

 

 

 

15.1.1.2  Identificação dos problemas

 

São sete as doenças abrangidas pelo PAV, nomeadamente, a tuberculose, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, sarampo e Hepatite B. Algumas destas doenças afectam uma elevada proporção de crianças nos dois primeiros anos de vida. O conhecimento da sua incidência e a identificação das áreas de risco são aspectos primordiais de uma planificação que tenha em vista a redução da morbi-mortalidade. Os dados estatísticos anteriores existentes nas Unidades Sanitárias (US) são uma base de apoio a esse conhecimento. Recomenda-se a análise a nível local (Distrito/US), relacionando-se as coberturas vacinais com a incidência das doenças do PAV.

 

15.1.1.3  Estabelecimento de  prioridades

 

É uma sequência lógica da etapa anterior: a identificação de problemas leva à procura de medidas eficazes de controlo para os problemas mais graves e frequentes, considerados prioritários.

 

É, desse modo, que as crianças menores de um ano e as mulheres grávidas surgem, naturalmente, como grupos-alvo prioritários. Por outro lado, se considerarmos a localização geográfica, as áreas urbanas e as períurbanas deverão figurar também como prioritárias, devido à sua maior acessibilidade e maior facilidade de transmissão das doenças. Alguns grupos da população como crianças malnutridas e, em situação de emergência, devem merecer, do mesmo modo, uma atenção especial, por serem de alto risco.

 

15.1.1.4  Inventário dos recursos disponíveis

 

É uma questão que não pode ser negligenciada, pois, sem essa inventariação, não é possível programar as acções futuras a desencadear.  Essa inventariação compreende, não apenas os meios materiais com a cadeia de frio, meios de transporte, material de vacinação, eventual apoio financeiro, etc. - mas também, o pessoal executor e colaborador, como sejam os Técnicos de Medicina Preventiva, os Agentes de Medicina Preventiva, as Enfermeiras de SMI e outro pessoal  ligado ao PAV. Pode-se incluir também os apoiantes da comunidade, como alunos, socorristas, estruturas locais de base, etc.

 

15.1.1.5  Escolha de estratégias e tácticas

 

O conhecimento da área geográfica onde vive a comunidade, dos recursos disponíveis  e dos problemas identificados, levarão à escolha de estratégia(s) a adoptar para um bom cumprimento do plano. Só assim será possível cumprir o plano traçado, de forma mais produtiva, vacinando a área com sucesso, tendo em consideração as prioridades estabelecidas, as vantagens e as desvantagens.

 

A vacinação na US é sempre preferível por razões bem conhecidas. Apesar disso, em áreas distantes, de difícil acesso, poderá ser necessária a utilização de Equipas Móveis. Em qualquer dos casos, é imprescendível ter presente a existência de um grupo populacional  - por vezes numeroso - que por falta de informação pode não utilizar os serviços oferecidos nas Unidades Sanitárias, não cumprindo assim com as normas de vacinação e exigindo, portanto, estratégias especiais de mobilização e de consciencialização.

 

 

 

 

15.1.1.6  Escalonamento de actividades de vacinação

 

As circunstâncias particulares da vida da comunidade, em determinadas áreas, podem levar à alteração do horário e da periodicidade das sessões de vacinação, de modo a torná-las mais acessíveis a grupos populacionais com outros interesses. É o caso, por exemplo, de áreas essencialmente agrícolas em que a vacinação no período da tarde ou mesmo fora das horas normais de serviço, poderá ser indicada. Em zonas menos povoadas, poderá justificar-se a redução das sessões de vacinação para uma ou duas vezes por semana, enquanto que em áreas mais distantes, servidas por Equipas Móveis, não será possível mais que uma deslocação mensal, bimensal ou mesmo trimestral.

 

Seja qual for o horário e a periodicidade da vacinação, o sucesso estará sempre dependente de uma boa organização dos serviços e da clara informação transmitida à comunidade.

 

15.1.1.7 Estabelecimento de objectivos

 

Se o objectivo geral de uma boa planificação do PAV for o aumento da cobertura vacinal e a consequente redução da morbi-mortalidade, não podemos ignorar que a sua concretização depende de muitos outros objectivos de base a serem atingidos ao longo do processo.

 

Da boa ou má execução das acções programadas para cada um deles resultará o sucesso ou o fracasso do objectivo geral do Programa.

 

Por tal motivo, cada objectivo deve ser claramente definido, tendo, indubitalvelmente, como pressuposto, a necessidade da sua realização. É indispensável, por isso, que para cada objectivo  se tenha as suas acções bem programadas e sejam quantificadas, indicando, com precisão, os pormenores específicos, a data de realização e o responsável ou responsáveis pelo seu cumprimento.

 

Cada objectivo deve ser realizável de acordo com os meios disponíveis e avaliado no seu desempenho.

 

15.1.1.8 Programação da distribuição de vacinas.

 

A existência de vacinas em quantidades suficientes para a vacinação prevista em cada US, deve ser uma preocupação constante de quem tem a responsabilidade de programação e distribuição.

 

Cada Província, cidade ou Distrito tem particularidades próprias que devem ser conhecidas e consideradas para que não se verifiquem roturas de stock, que poderão comprometer o plano de vacinação.

 

A distância, a capacidade do depósito, o equipamento de frio e as condições de transporte são, entre outros, aspectos que o depósito de distribuição de vacinas não deve menosprezar.

 

Há, porém, toda a conveniência de que o rigor de evitar roturas no abastecimento, não leve a um armazenamento excessivo de vacinas onde não haja condições para a sua conservação, dentro do período estabelecido para cada nível.

 

Há, contudo, metodologias aceitáveis detalhadas no capítulo 13 que, quando associadas ao conhecimento dos gastos anteriores da US requisitante, respondem de certo modo, às preocupações de quem tem a função de prever o consumo e dirigir a distribuição:

 

15.1.1.9 Programação da mobilização da comunidade 

 

(ver mobilização social, capítulo 8)

 

15.1.1.10 Avaliação do programa e modificação do plano conforme os resultados

 

Estas duas etapas finais são importantes para o sucesso do PAV e encontram-se pormenorizadamente desenvolvidas nos capítulos 17, 18 e 19 deste manual. A sua leitura constituirá um apoio decisivo para uma boa planificação.

 

15.2 OBJECTIVOS DA PLANIFICAÇÃO

 

  • Determinar os recursos necessários para alcançar uma certa taxa de cobertura vacinal
  • Determinar as estratégias necessárias para alcançar uma certa taxa de cobertura vacinal.
  • Elaborar um plano para as actividades de vacinação a ser implementado durante o ano.

 

15.3 ASPECTOS IMPORTANTES NA PLANIFICAÇÃO DO PAV

 

Para uma planificação eficiente do PAV, numa determinada área de saúde, é necessário em primeiro lugar, conhecê-la e saber recolher dela os elementos indispensáveis para o sucesso da actividade de vacinação.

 

Esse conhecimento obtém-se através do Reconhecimento Físico da área de Saúde, que compete aos técnicos, aos agentes de medicina preventiva e à outro pessoal de saúde ligado ao Programa. O  Guião de Planificação, Organização e Avaliação para Centros de Saúde descreve os seus aspectos fundamentais.

 

Nestes apontamentos referir-se-á apenas a alguns desses aspectos considerados mais importantes aos processos de planificação e avaliação. Tal facto não impede a consulta do referido GUIÃO, em caso de dúvidas ou necessidade.

 

As duas primeiras condições para uma planificação do programa são:

 

  • Possuir um mapa pormenorizado que indique os limites administrativos da área de saúde, vilas, aldeias, bairros, os obstáculos naturais (rios e montanhas), vias de comunicação, distâncias em quilómetros das Unidades Sanitárias. Numa organização mais completa, o referido mapa poderá desdobrar-se em simples croquis, um por cada bairro, assinalando a localização de cada quarteirão ou da Unidade Sanitária.

 

  • Recolher dados demográficos básicos da população.

 

Com esta informação pretende-se estabelecer os seguintes critérios:

 

  • Definir a área a servir ou zona sanitária para cada Centro de Saúde.
  • Conhecer a população / comunidade da zona sanitária.
  • Conhecer as distâncias entre as aldeias / comunidades da zona sanitária e o Centro de Saúde.
  • Analizar a situação actual da vacinação.
  • Definir padrões de decisão sobre quando devem ser utilizadas as brigadas móveis e equipas avançadas.

 

A seguir é apresentado um exemplo de um processo de microplanificação distrital por etapas.

 

 

15.3.1 Exemplo de um processo de planificação por etapas

 

 

  1. Desenhar o mapa de cada zona sanitária incluindo a distância do centro de saúde a cada aldeia / comunidade e a respectiva população.

 

 

 

Figura 39: Exemplo de mapa de uma zona sanitária

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 


  1. Determinar a população-alvo por estratégia (fixa, móvel, avançada).



 

 

 

  1. Identificar os principais problemas de vacinação da zona utilizando informações disponíveis e fazendo uma análise da situação.

 

  1. Identificar as estratégias correctivas para alcançar os objectivos.

 

  1. Determinar as actividades prioritárias.

 

 



Figura 40: Fluxograma para identificar as áreas de prioridade e as estratégias

 

  1. Determinar as necessidades anual e mensal em vacinas, seringas e caixas incineradoras ou de segurança.

 

Tabela 16: Necessidades em vacina e materiais de injecção segura para postos fixos e

                  avançados

 




 




Tabela 17: Necessidades em vacina e materiais de injecção segura para a estratégia das 

                 brigadas móveis

 

 

 







 

  1. Agregar os planos das áreas de saüde em plano distrital.

 



 

 

 

 



 

 



 

 



 

 



 

 

  1. Determinar o número de sessões por estratégia, fixa, móvel e avançada.

 

Geralmente, as sessões são realizadas em todos os dias úteis nos postos fixos e 3 – 4 vezes por ano nas brigadas móveis e avançadas.

 

 

  1. Determinar o número de equipamentos necessários (refrigeradores, caixas isotérmicas, carros, motorizadas, bicicletas, etc.).

 

15.4 GRUPOS-ALVO DO PAV

 

 

15.4.1 O que é e quais são os grupo-alvo do PAV?


 

 

O grupo-alvo do PAV é um determinado grupo específico de pessoas que está em risco comum de contrair  determinadas doenças. Para se obter os grupos-alvos é relevante que seja conhecido o número da população de cada área gerida por uma Unidade Sanitária.

 

 

Os Grupos-alvo do PAV prioritários são os seguintes:

 

 

-          Menores de 1 ano (0-11 meses)

-          Mulheres grávidas

 

 

Também constituem grupos-alvo do PAV:

 

 

-          Mulheres em idade fértil (15-49 anos)

-          Alunos das escolas (primeiras e segundas classes)

-          Trabalhadores de empresas cuja actividade profissional os torna vulneráveis ao risco de contrair o tétano.

 

 

As crianças, que não tenham recebido todas as vacinas completamente antes completar um ano de vida, deverão ser vacinadas até aos 23 meses, mas devem ser registadas como crianças fora do grupo-alvo. Estas crianças não são  incluídas na avaliação do PAV.


 

 

 15.4.2 Como se calculam os grupos-alvo do PAV?

 

 

            Para crianças dos 0 – 11 meses:

            A taxa para o cálculo do grupo-alvo para BCG = (4%)

            População da área X 0,04       

                       

           

Exemplo: População da área= 20.000

                             Taxa para cálculo = (4%)

 

 

a)         Grupo-alvo (0 – 11 meses BCG) = 20.000X 0,04

            Grupo alvo (0-11 meses BCG) = 800 (crianças a vacinar na área).

 

 

b)         Para as outras vacinas: A taxa para cálculo do grupo-alvo = (3,9%); no entanto, pode-se também usar 4% como nos exemplos anteriores, dada a diferença ser insignificativa.

Grupo-alvo (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) = 20.000 X 0,039

Grupo-alvo  (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) =  780                  

                       

 

c)         Para as Grávidas: Taxa para cálculo do grupo-alvo = (5%)

Grupo-alvo de grávidas protegidas contra o tétano = 20.000 X 0,05 = 1000

 

 

d)         Para as Mulheres em Idade Fértil no geral (MIF’s): Taxa para cálculo =  (24,9%)

Grupo-alvo das MIF´s = 20.000 X 0,249 = 4980

 

 

a)                  Grupo-alvo alunos = Alunos da 1ª classe do ensino primário da área

 

 

b)                  Grupo-alvo de trabalhadores = Nº de trabalhadores das empresas cuja actividade os torna

            vulneráveis a contrair o tétano.

 

 

 

 


 
O cálculo dos grupos-alvo é obrigatório e deve ser feito no início de cada ano para priorizar as áreas a serem abrangidas em primeiro lugar e permitir também o cálculo das necessidades em termos de vacinas, materiais, etc.
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Exemplo do cálculo dos grupos-alvo:

 

 

O Grupo-alvo dos 0-11 meses, numa população de 20.000 habitantes, de acordo com o exemplo acima referido, seria de 800 crianças para vacinar durante todo o ano. Assim, para o nível da Unidade Sanitártia, é interessante avaliar o grau de cumprimento de vacinação mensal. Por isso, é preciso saber quantas crianças devem ser  vacinadas no fim de cada mês. Por exenplo:

 

 

Grupo-alvo dos 0-11 meses para BCG  (anual)  = 800

Grupo-alvo mensal dos 0-11 meses  = 800 : 12

Grupo-alvo mensal dos 0-11 meses = 66,6 (67 crianças a vacinar mensalmente)

 

 

 

     Taxas adoptadas pela Direcção Nacional de Planificação e Cooperação para cálculo dos

     diferentes grupos-alvo do PAV

 

 

 

 

            Tabela 19:Taxas adoptadas no cálculo dos diferentes grupos-alvo

 

               Idades
       Variações
Taxas a aplicar no processo de planficação
Gravidas previstas
Partos previstos
Crianças menores de 1ano
Crianças entre 1-4 anos
Crianças entre 0-4 anos
Crianças entre 5-14 anos
Crianças entre 0-14 anos
Mulheres em idade fértil
           5%
           4.5%
           4%
         13-16%
         17-20%
         25-30%
         42-50%
          22.8%
              5%
              4.5%
              4%
            13,3%
            17,3%
            27,0%
            44,3%
            24.9%

 

 

 

A população total do ano pode ser obtida através das estruturas administrativas,  através de um mini-recenseamento, por inquérito ou por estimativa. Por estimativa terá de ser aplicada a taxa de crescimento natural (TCN) de 2,6% (0,026), que é a média Nacional, ou a taxa de crescimento natural da província, se conhecida, em relação à população do ano anterior.

 

 

Habitantes em 1996 + (hab. de 1996 x TCN)  = habitantes em 1997

 

Exemplo do cálculo da Taxa de Crescimento Natural para uma população de 50.000 habitantes em 2000:

 

                        50.000 + (50.000 x 0,026) = 51.300 habitantes (2001)

 

 

 

 
Cada Unidade Sanitária deve conhecer os grupos-alvo do PAV que, ao mesmo tempo, constituem a meta:
 
     - número de crianças 0-11 meses
     - número de mulheres grávidas existente
     - número das mulhres em idade fértil ( MIF´s)
     - número de trabalhadores das empresas seleccionadas para VAT
     - n.º de crianças da 1.ªs classes
 

 

 

CAPÍTULO 16

 

INVENTÁRIO E REQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTO E MATERIAL DO PAV

 

Existe uma ficha estandardizada para a identificação do material, do equipamento e das necessidades do PAV. A referida ficha contem o equipamento necessário para uma Unidade Sanitária com o PAV a funcionar (ver tabela 20). É através dessa ficha que se pode fazer o levantamento do material existente nas Unidades Sanitárias e do que falta, ou ainda, do que necessita de substituição.

 

 

Tabela 20: Ficha  estandardizada para a requisição de material e equipamento do PAV

 

MATERIAL

Descrição
 
Exis-
Subs-
Necessi-
dades
Requi
sição
Obs:
Cadeia de frio
Código
tente
tituir
 
 
 
Geleira a petróleo/eléctrica/gás
E3/22
 
 
1
 
 
Congelador para acumuladores
 
 
 
1
 
 
Caixa isotérmica RCW2
E/4 53
 
 
2
 
 
Caixa isotérmica  IVC 3 (INALSA)
E4/67
 
 
2
 
 
Caixaisotérmica RCW12
 
 
 
1
 
 
Caixa isotérmica RCW25
 
 
 
1
 
 
Acumuladores de frio
E/515
 
 
20
 
 
Monitores da cadeia de  frio
E6/16
 
 
2/gel.
 
 
Termómetros
E6/28
 
 
2
 
 
Monitor de congelação ( freeze watch)
E6/14
 
 
1/gel.
 
 
Seringas Auto-destrutíveis 0,05 ml (BCG)
E8/18
 
 
50
 
 
Seringas Auto-destrutíveis 0,5 ml
E8/12
 
 
200
 
 
Seringas de 5 ml para diluição
E8/03
 
 
25
 
 
Petróleo
 
 
 
35 litros
 
 
Recipiente para petróleo (50 litros)
 
 
 
2
 
 
Motorizada (para CS Sede ou US com DMS´s
 
 
 
1
 
 
Cartões de Saúde da criança
 
 
 
500
 
 
Cartões de VAT
 
 
 
500
 
 
Manual de Normas do PAV
 
 
 
1
 
 
Ficha A01 - Registo diário de crianças
 
 
 
50
 
 
Ficha A02 - Registo diário de VAT
 
 
 
50
 
 
Ficha A03 - Resumo mensal – US
 
 
 
50
 
 
Ficha A11 Controlo de movimento mensal de vacinas
 
 
 
15
 
 
Ficha de planificação para as Brigadas Móveis
 
 
 
5
 
 
Ficha de actividades das Brigadas Móveis
 
 
 
50
 
 

 

DMS´s = Dias Mensais de Saúde

 

Quando se trata de um novo Posto Fixo de Vacinação é importante que a ficha seja preenchida, localmente, para permitir a requisiçao do que na realidade não existe.

 

CAPÍTULO 17

 

AVALIAÇÃO

 

A avaliação é um acto essencial para o Programa Alargado de Vacinação (PAV), sem o qual não é possível conhecer, em determinado momento, a situação em que o programa se encontra em relação ao cumprimento dos objectivos.

 

Através da avaliação, é possível saber se o plano está correctamente elaborado, se a execução tem correspondido à expectativa e as alterações a introduzir para o melhoramento do programa.

 

 

Analisando a execução:

 

                                                       Planificação

 

 

 

                                    Avaliação                                      Programação


 

 

 


                                                                Implementação

 

 

Através do processo de monitorização, isto é, do seguimento das actividades realizadas, através de indicadores de processos definidos, recebe-se informação das acções realizadas, permitindo corrigir os erros de planificação e programação. Por outro lado, a avaliação permite obter dados concretos sobre os resultados obtidos em função dos objectivos definidos previamente, contribuindo, assim, para avaliar o impacto das acções realizadas no âmbito da redução da morbi-mortalidade infantil através do PAV.

 

Sem prejuízo da avaliação obrigatória a realizar a nível provincial e nacional, é na Unidade Sanitária que, primeiramente se deve efectuar a avaliação como um processo de apreciação permanente do trabalho do pessoal do PAV. Neste caso, mencionam-se em seguida, as principais acções sobre as quais deve incidir a avaliação baseada num questionário semanal e mensal, a preencher pelos intervenientes:

 

 

SEMANALMENTE

 

 

æ         Foram realizadas todas as sessões de vacinação planificadas?

 

æ         As vacinas eram em quantidade suficiente? Estavam dentro do prazo? Foram

 

mantidas à temperatura conveniente até ao momento da administração?

 

 æ        A temperatura do refrigerador foi controlada e registada duas vezes ao dia e sempre mantida entre os + 2o C e + 8º C?

 

æ         A aplicação das vacinas tem obedecido às regras de uma boa técnica e respeita rigorosamente  o calendário vacinal?

 

æ         A cicatriz da vacina de BCG tem sido observada na altura da administração das 1as Doses de DPT/HepB e PÓLIO?

 

æ         Foram registados os casos de abcessos em crianças vacinadas?

 

æ         Todas as mulheres grávidas e as crianças do grupo-alvo, incluindo as crianças doentes, tiveram o seu estado vacinal controlado e receberam as vacinas necessárias?

 

æ         Todas as Mulheres em Idade Fértil que frequentam a Unidade Sanitária estão a ser

            vacinadas contra o Tétano de acordo com o calendário de 5 Doses?

 

æ         As mulheres grávidas e as mães acompanhantes receberam esclarecimentos sobre o

            calendáro vacinal e sobre a data de vacinação seguinte?

 

æ         Todo o pessoal de saúde tem participado na Educação Sanitária?

 

 

MENSALMENTE

 

 

æ         Quantas doses de cada vacina forma aplicadas em comparação com a meta mensal?

 

æ         Qual foi a quebra entre a 1.ª e 3.ª doses da vacina DPT/HepB/PÓLIO? Foi superior a 20%? Como corrigir?

 

æ         Quantos casos de doenças-alvo do PAV foram registados? Em que bairros? Há tendência de aumentar o n.º de casos? que fazer? Os casos têm algum relacionamento com a cobertura vacinal?

 

æ         Há casos de doenças-alvo do PAVem crianças vacinadas? Porquê? Quais as medidas a tomar ou tomadas para evitar novos casos?

 

æ         Os vacinadores têm sido informados dos erros mais frequentes registados nos inquéritos de cobertura vacinal?

 

æ         Em quantos bairros foram realizados trabalhos de esclarecimento e de mobilização social da população (reuniões, visitas porta a porta, etc.) ou foram vacinados através de Brigadas Móveis?

 

æ         O Boletim Epidemiológico Semanal e os dados estatísticos do mês anterior foram analisados e enviados ao nível superior dentro do prazo?

 

 

 

CAPÍTULO 18

 

INDICADORES DO PAV

 

 

18.1 DEFINIÇÃO DE ALGUNS INDICADORES ÚTEIS PARA O PAV

 

Os indicadores são muito importantes para a monitorização e avaliação do PAV. Assim, existem dois tipos de indicadores: Quantitativos e Qualitativos

 

 

18.1.1         Quantitativos

 

São aqueles que nos dão a conhecer o volume do trabalho realizado por uma determinada instituição ou área de Saúde, etc.

 

São eles:

 

-          A Taxa de cobertuta vacinal

-          A taxa de cobertura de crianças completamente vacinadas antes de um ano de vida

-          A taxa de cobertura de mulheres grávidas protegidas

-          O Índice do cumprimento (ultimamente não usado)

 

 

18.1.1.1       Taxa de cobertura vacinal (TCV)

 

Para se calcular esta taxa, utiliza-se a seguinte fórmula:

 

             Realizado                                                          

TCV =--------------------  x 100

          Grupo-alvo                                                           

 

 

                                    ou

 

 

 

                                             N.º de crianças < de 1 ano de idade

                                             que receberam uma determinada vacina

                                             num determinado período

Taxa de Cobertura------------------------------------------------------------------------ x 100

                                            N.º total de crianças < de um ano de idade existentes

                                            no mesmo príodo

 

 

 

 

18.1.1.2      Taxa de Cobertura de Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de vida (CCV)

           

Do mesmo modo, pode-se calcular a Taxa de Cobertura de Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de vida (CCV)

 

 

        Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de idade

      CCV= ---------------------------------------------------------------------------------------- x 100

                           N.º total de crianças do grupo-alvo (com < de 1 ano)

 

           

Com a introdução deste indicador vão-se reduzir os inquéritos de avaliação da cobertura vacinal.

 

Este indicador é útil para conhecer o esforço dispendido na mobilização da comunidade, avaliar o grau de esclarecimento da população em relação aos problemas da vacinação e determinar o nível de funcionameno dos servios.

 

Por outro lado, este indicador permite um acompanhamento da gestão do programa.

 

No entanto, este indicador não é o mais exacto para a avaliação dos serviços de vacinação por 3 razões:

 

           Baseia-se, para o cálculo do grupo-alvo, em dados demográficos que podem não ser os reais.

 

           Utiliza o número de doses aplicadas que pode não ser o correcto.

 

           Não inclui a qualidade da vacina.

 

 

Não basta no processo de avaliação conhecer a percentagem de crianças que receberam uma dada vacina ou completaram todas elas. Ë muito mais importante calcular e saber quantas delas foram realmente imunizadas por uma vacinação completa e correcta, isto é, que obedeceram a todos os critérios de qualidade que a seguir se indicam:

 

 

           Ter cartão de Saúde

 

           Ter cicatriz de BCG

 

           Ter recebido as 8 doses sem erros no calendário:

 

(DPT/HepB1 e Pólio1, com idade mínma de 6 semanas)

(Intervalo mínimo de 4 semanas entre as doses nas vacinas de doses múltiplas)

(Sarampo com a idade mínima de 8,5 meses)

 

 

Essa percentagem de crianças com vacinação completa e correcta representa a taxa de cobertura vacinal com critérios de qualidade, que é obtida através de inquéritos periódicos de cobertura vacinal, especialmente realizados para esse fim, com uma metodologia própia.

 

Um outro indicador refere-se à vacina Anti-Tétano para as mulheres grávidas, por exemplo:

 

 

18.1.1.3      Taxa de cobertura  de mulheres grávidas Protegidas

 

 

N.º de de mulheres grávidas que receberam de 2.ª a 5.ª

       Doses de VAT num determinado período

TC de mulheres grávidas Protegidas = ----------------------------------------------------------------- x 100

                                                               N.º de mulheres grávidas existentes na área

                                                                   (5% da   população) no mesmo período

 

 

Da mesma maneira, pode-se calcular a taxa de cobertura de Mulheres em Idade Fértil, no lugar da Taxa de Cobertura de mulheres grávidas.

 

Outros indicadores importantes:

 

18.1.2         Qualitativos

 

São aqueles que nos indicam a qualidade de serviços prestados e a qualidade de procedimentos, por exemplo:

 

Índice de quebra vacinal

Taxa de utilização de vacinas

Disponibilidade de petróleo

Disponibilidade de vacinas

 

            Quebra vacinal

 

Geralmente calcula-se para as vacinas de doses múltiplas. Mas pode também ser calculada entre diferentes vacinas de dose única. É a diferença entre o número de pessoas vacinadas com as 1as e o número de crianças vacinadas com as doses subsequentes (2as ou 3as doses) de uma determinada vacina. Normalmente, a diferença é maior que Zero, por isso, se chama de Quebra Vacinal.

 

 

18.1.2.1      Índice de Quebra Vacinal

 

 

É um indicador que serve para avaliar o esforço que o pessoal de saúde faz para informar a população sobre a importância de completar a vacinação, principalmente as vacinas de doses múltiplas, como a DPTHepatiteB.

 

           

 

Como se calcula o Índice de Quebra Vacinal?

 

 

Se, por exemplo, durante o ano foram vacinadas 1.023 crianças com a 1ª dose da DPT/HepatiteB e foram apenas aplicadas 383 vacinas com a 3ª dose, o Índice de Quebra Vacinal (IQV) será:

 

 

 

                           1as Doses – 3as Doses

            IQV = ----------------------------------  x 100

                                     1as Doses

 

                               1.023 - 383                                                      640

            I.Q.V. = ------------------- X 100;          I.Q.V. = ------------ X 100  = 62.6%

                                     1.023                                           1.023

 

 

O Índice de Quebra Vacinal de 62.6% é muito elevado. O índice de quebra vacinal ideal deve ser inferior a 15%. Este indicador revela o esforço feito pela Unidade Sanitária na planificação correcta do horário e o circuito das vacinações pelas Brigadas Móveis bem como o trabalho desenvolvido para a mobilização social das populações e a consciencialização da população.

 

 

Para os principais problemas que originam índices de quebra vacinal elevados e as estratégias para reduzí-los, ver capítilo 8.

 

 

18.1.2.2      Taxa de utilização de vacinas (TUV)

 

 

É um indicador importante para a gestão do Programa. Pode ser calculada trimestralmente, utilizando dados estatísticos trimestrais e as fichas de stock de vacinas. A fórmula é a seguinte:

 

 

 

                        N.º total de Doses administradas ( pessoas vacinadas)

num determinado período                  

TUV  =  --------------------------------------------------------------------------------  x  100

                             N.º total de Doses gastas de uma deteminada vacina

       no mesmo período

 

 

 

           O denominador é obtido através da ficha A11: Vacinas distribuídas (utilizadas).

 

           O numerador é facilmente conhecido através de fichas A03 ou A04 da US do Distrito.

           

 

Exemplo da taxa de utilização da vacina DPTHepatiteB

 

N.º total de crianças vacinadas contra a DPT/HepB

(fora e dentro do grupo-alvo) durante o trimestre

   

Taxa Utilização DPT/HepB = ----------------------------------------------------------------------  x  100  

 

N.º total de Doses de vacinas gastas

      durante o mesmo trimetre.

 

N.º de crianças vacinadas dentro e fora do grupo-alvo = 2000                                                                             

N.º de Doses de vacinas gastas = 3800

 

                 2000

TUV = ................. X 100

                 3800

 

TUV = 52.6%

 

A taxa de utilização de 52,6% é muio baixa atendendo a que a aceitável seria a partir de 75%. A diferença entre 100% e 52,6% que é de 47.4%, denominando-se a taxa de desperdício. Porém, também se pode calcular directamente a Taxa de Desperdício da Vacina (TDV), da seguinte forma:

 

 

                          N.º total de Doses gastas – N.º total de pessoas vacinadas

            TDV = -----------------------------------------------------------------------  x 100

                                                 N.º total de vacinas gastas

 

 

A taxa de utilização é um indicador muito útil para apreciação da qualidade de planificação do PAV.

 

O ideal estaria acima de seguintes valores:

 

                        DPT/ HepB - VAT –VAS -------------------------------  75%

                       

BCG ----------------------------------------------------------  40%

 

 

18.1.2.3      Disponibilidade de Recursos

 

 

Por exemplo, disponibilidade de Petróleo (Disp. Petr) nas US’s (mensal, trimestral , anual...)

           

 

            É um indicador que permite avaliar a qualidade da logística e da utilização dos recursos,

nomeadamente, do petróleo. Exemplo do cálculo:

 

 

 

                                                N.º de US´s que tiveram petróleo

durante um determinado período

US`s. Disp. Petr. = --------------------------------------------------------------  x 100

                           N.º total de Unidades Sanitárias

 

 

US com Disponibilidade de vacinas

 

 

            Calcula-se da mesma maneira que a disponibilidade de petróleo, p.e:

 

 

                                                N.º de US´s que tiveram vacina

durante um determinado período

US`s. Disp. Vac. =  ------------------------------------------------------------------------  x  100

                        N.º total de Unidades Sanitárias existentes

                         numa determinada área de saúde

 

 

18.2 CONTROLE DA COBERTURA VACINAL COM DADOS DE ROTINA

 

 

A taxa de cobertura obtida através de dados de cobertura de rotina, pela sua importância como indicador do PAV, deve ser controlada por meio de uma avaliação frequente, o que poderá ser feito todos os meses (US e Distrito), trimestralmente (DPS) e semestralmente (MISAU).

 

 

No quadro seguinte, que serve de exemplo para as Unidades Sanitárias, apresenta-se um  controle trimestral da vacinação anti-Sarampo, numa área imaginária, que tem servido de base para estes apontamentos.

 

Uma tabela idêntica deve ser elaborada no início do ano, para cada tipo de vacina.

 

Tabela 21: Contrôle trimestral da taxa de cobertura vacinal da vacina anti-Sarampo, por dados

      obtidos através da cobertura de rotina

 

TRIMESTRE
G. ALVO
META
REALIZADO
TAXA DE
INDICE DE
CUMULATIVO
CUMULATIVA
Trimestral
Cumulativo
COBERTURA
CUMPRIMENTO
1.º trimestre
513
410
380
380
74%
93%
2.º Trimestre
1026
820
372
752
73%
92%
3.º Trimestre
1539
1230
390
1142
74%
93%
4.º Trimestre
2052
1640
295
1537
75%
94%

 

A primeira coluna indica os trimestres do ano.

 

 

A 2.ª coluna indica o n.º de crianças menores de um ano de idade existentes nessa área (grupo-alvo). Esse grupo-alvo é colocado por trimestre, de uma forma cumulativa, isto é, multiplica-se o valor do primeiro trimestre pelo número de trimestre em causa. Por exemplo:

 

 

            Grupo-alvo do 1.º trimestre                 =  513


 

Grupo-alvo do 2.º trimestre - 513 X 2             =1.026

 

Grupo-alvo do 3.º trimestre - 513 X 3             = 1539

 

Grupo-alvo do 4.º trimestre - 513 X 4             = 2.052

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