CAPÍTULO
12
MONITORES
DO SISTEMA DE CADEIA DE FRIO
Existem
diferentes instrumentos usados na monitoria do sistema de cadeia de frio. Os
mais comuns são os termómetros, os cartões monitores, o monitor do frasco de
vacina (VVM), o frezze watch (relógio de congelação). Adicionalmente, quando se
suspeite de congelamento de vacina, também se usa o teste de agitação (shake
test).
12.1
REGISTO DE TEMPERATURA
O registo de
temperatura é feito diariamente duas vezes por dia, de manhã e a tarde, usando
instrumentos de medição de temperatura chamados termómetros. A temperatura é registada em fichas especialmente desenhadas para o
efeito (vide figura 22). Esta tarfefa é miuto importante dado que qualquer
falha no funcionamento do refrigerador será descoberta e tomadas medidas
imediatamente através do reajustamento do termostato. Isto irá evitar a perda
da vacina ou a administração de vacina que tenha sido exposta a altas
temperaturas.
Existem vários
tipos de termómetros. Os mais comuns são:
- Termómetros de
líquido cristalino – são usados
durante o transporte de vacina e nos refrigeradores. Não funcionam em
temperaturas abaixo do ponto de congelamento.
- Termómetros de
relógio (figura 21) – existem dois tipos de
termómetros de relógio. O primeiro é usado nos depósitos centrais,
regionais e distritais de vacina. Tem alarme e pode registar temperaturas
mínimas e máximas. O segundo tipo não possui nem alarme nem capacidade de
registar temperaturas máximas e mínimas. São usados durante o transporte
da vacina e namaioria dos refrigeradores.
- Termómetros
termográficos (figura 21) – são
termómetros construídos no interior das câmaras frias, que registam
graficamente a temperatura da câmara de forma contínua. São geralmente
usados nos depósitos centrais e regionais de vacina.
12.2
CARTÃO MONITOR
O cartão
minitor é um cartão rectangular especial com 4 janelas ovais com uma fita
estabilizadora na extremidade. O monitor é activado quando a fita é removida.
As mudanças de côr ocorrem em correspondência ao aumento da temperatura.
12.2.1
Como funciona o cartão monitor
Cada cartão
monitor tem um indicador sensível ao calor na forma de uma fita com 4 janelas
acopladas a ela. O indicador funciona a duas temperaturas diferentes, 10o
C e temperaturas acima de 34o C. O cartão é completamente estável ao
calor até que seja activado pela remoção da fita estabilizadora. As instruções
para a interpretação do cartão monitor se encontram impressas no cartão. Uma
vanategm deste monitor é que a mudança da côr é ireversível. A côr pára de se
espalhar
Figura
24: Termómetros de relógio e termográfico
Figura
25: Gráfico de registo de temperatura
|
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quando a
temperatura esteja abaixo de 10o C, mas não volta ao estágio
anterior mesmo que a vacina seja colocada num congelador. Quanto maior for a
temperatura, maior será a rapidez com que a côr azul se espalhará de uma janela
para outra.
Conserve
o Cartão Monitor da Cadeia de Frio juntamente com a vacina
Quando
o Cartão Monitor chegar, preencha a parte superior esquerda do Cartão:
-
(1)
anote a data de entrada
-
(2)
anote o índice (0, A, B, C e/ou D)
-
(3)
anote o local
Quando o Monitor sair,
complete a parte superior direita do Cartão:
-
(4)
anote a data de saída
-
(5)
anote o índice (0, A, B, C e/ou D)
- Se as
janelas A,B,C e D estiverem completamente brancas, use as vacinas
normalmente
- Se as janelas A a C estiverem completamente azuis e a
D ainda estiver branca, quer dizer que a vacina esteve exposta a uma
temperatura superior a 10ºC durante o seguinte número de dias:
Tabela 7: Interpretação da alteração do cartão
monitor com a exposição à temperaturas elevadas
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ÍNDICE
|
|
|
A
|
B
|
C
|
A uma
temperatura de 12ºC
|
3 dias
|
8 dias
|
14 dias
|
A uma
temperatura de 21ºC
|
2 dias
|
6 dias
|
11 dias
|
Se a janela D estiver azul, quer dizer
que houve uma quebra na cadeia de frio a uma temperatura superior a 34ºC,
durante duas horas pelo menos. Verifique a cadeia de frio.
A instrução “use antes de três meses” não deve ser observada se a data de expiração
ou a política local da cadeia de frio
requerer um período mais curto antes do seu uso ou descarte.
|
Figura 26: Cartão
Monitor
12.3
MONITOR DO FRASCO DE VACINA (VVM)
A vacina
anti-pólio já é produzida com um monitor pequeno no frasco. Esse monitor tem
uma parte interior de côr branca. Quando essa parte branca fica com uma côr
igual à da parede externa que a reveste ou se torna mais escura, a vacina
anti-pólio já não pode mais ser usada (vide figura 24).
Muito em
breve, todas as vacinas usadas pelo PAV terão o respectivo monitor. Os
monitores dos frascos de vacinas líquidas situam-se na parte lateral
(cilíndrica) do frasco de vacina, enquanto o monitor das vacinas liofilizadas
(em pó), situa-se na parte superior (topo) do frasco de vacina (vide figura
25).
12.4
RELÓGIO DE CONGELAMENTO (FREEZE WATCH)
É uma pequena ampola de vidro preenchida
com líquido colorido. Se a temperatuta
cair abaixo de – 3o C, a
ampola arrebenta e espalha um líquido vermelho (vide figura 26). É útil para detectar
se as vacinas que não devem ser congeladas (DPT/Hepatite B e VAT) foram ou não
expostas a temperaturas adversas (congeladas). Se as vacinas tiverem sido
congeladas não devem ser usadas pois terão perdido a potência.
12.5
TESTE DE AGITAÇÃO (SHAKE TEST)
É um teste
simples que pode ser feito em qualquer estágio da cadeia de frio. A velocidade
de sedimentação de um frasco suspeito de ter congelado é comparada com a de um
frasco similar de DP/Hepatite B ou VAT que se sabe tenha siso conservado a temperaturas
correctas. Agite os dois frascos vigorosamente e siga as instruções como
descrito abaixo (figura 27).
Como já referido no capítulo 6, este
teste não é perfeito. É subjectivo, requer experiência e não identifica
fielmente todos os frascos de DPT/Hepatite B e VAT que possam estar estragados
por congelamento. Assim, descarte os frascos se houver forte probabilidade de
terem sido congelados.
Figura 27: Interpretação do monitor do frasco
de vacina Figura 28: Localização do VVM
no
frasco de vacina líquida e liofilizada
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Figura 29: Interpretação do Relógio de Congelamento (Freeze Watch)
Figura 30:
Teste de agitação para as vacinas líquidas DPT/Hep B e VAT
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CAPÍTULO 13
GESTÃO
DA VACINA
13.1
PROCUREMENT DA VACINA
As estimativas anuais para o procurement
da vacina para todo o país são feitas pela unidade central do PAV numa base
anual. Estas estimativas têm em conta :
- Se houve rupturas de stock.
- O aumento da população menor de 1 ano.
- O disperdício de vacina.
O pedido é enviado ao Centro de
Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM) do MISAU e ao UNICEF, que faclitam processo de procurement para todo o programa
de vacinação.
Antes da vacina chegar ao país,
normalmente recebe-se um fax no depósito central do PAV dando a sguinte
informação:
- Tipo de vacina a ser desembarcada.
- Número de frascos ou doses esperados.
- No de voo.
- Hora de partida do país de origem.
- Hora de chegada ao país receptor (neste caso,
Moçambique).
- No do Airway Bill (AWB).
- No de embalagens
esperadas e o peso bruto.
Uma
vez se tenha recebido esta informação,
- A MEDIMOC inicia os
procediemntos para o desalfandegamento da mercadoria.
- O depósito central prepara
espaço para armazenar a vacina.
- Disponibiliza-se transporte
para colecta imediata da vacina logo que desembarcar no aeroporto.
Quando
a vacina chega no depósito central deve-se proceder do seguinte modo:
- Verificar e registar o estado
dos monitores de vacina que acompanham as caixas individuais de vcaina,
para avaliar a manutenção da cadeia de frio durante o transporte.
- Verificar e registar as
condições dos acumuladores que acompanham as caixas individuais de vacina.
- Verificar e registar a
quantidade de vacina recebida e as embalagens.
- Uma vez que se confirme que as
vacinas foram transportadas adequadamente, elas são organizadas pela data
de expiração e armazenadas a varias temperaturas recomendadas, isto é,
entre – 15o C e – 25o C para a VAP e a anti-Sarampo
e BCG, e entre + 2o C e 8o C, para as vacinas da
DPT/Hepatite B e VAT.
13.1.1
Como calcular as necessidades em vacina
É
importante receber as quantidades correctas de vacina durante cada período de
abastecimento, por exemplo, durante cada mês. Se poucas quantidades forem
recebidas, pode haver ruptura antes do abastecimento seguinte, causando atrasos
nas actividades de vacinação. Se muita quantidade for solicitada, algumas
vacinas podem expirar antes de serem usadas e serem disperdiçadas.
Adicionalmente, existe sempre o risco de falhas na energia, ou avaria do
refrigerador. Nestes casos, se houver
muito stock de vacina, uma grande quantidade da vacina poderá ser destruída
enquanto o refrigerador estiver avariado
Assim,
é importante calcular a quantidade exacta de vacina necessária para cada
unidade sanitária.
Os
passos seguintes ajudam na estimativa das quantidaes de vacina necessária:
- A = Estimar o tamanho da população total. Pode-se usar dados do
censo se estiverem
disponíveis.
- B = Calcular o grupo-alvo em %.
- C = Estimar a cobertura esperada.
- D = Calcular o número de doses a serem administradas.
- E = Estimar a quantidade de vacina necessária.
- F= Estimar o desperdício (converter em factor de
disperdício).
- G = Calcular a quantidade de vacina incluindo o desperdício.
- H = Estimar o stock de segurança, normalmente 25% de G.
- I = Calcular a quantidade total de vacina incluindo o stock
de segurança.
- J = Calcular o número de frascos de vacina, tendo em conta
que a vacina sempre vem em frascos.
Tendo em
conta os passos acima, a seguinte fórmula é usada para o cálculo da quantidade
de vacina necessária:
E = B x C x D
A seguir estima-se o desperdício (F) que é convertido em factor
de desperdício (FD).
No país foi estabelecido que o desperdício ocorre
aos seguintes níveis para as diferentes vacinas:
- BCG, 50%
- VAP, 20%
- Sarampo, 30%
- DPT/Hepatite
B, 20%
- VAT, 25%
Estas taxas de disperdício correspondem aos
seguintes factores de desperdício:
Tabela 8: Taxas de desperdício e factores
correspondentes
Taxa
de disperdício de vacina
|
5%
|
10%
|
15%
|
20%
|
25%
|
30%
|
35%
|
40%
|
45%
|
50%
|
55%
|
60%
|
Factor
de desperdício equivalente
|
1.05
|
1.11
|
1.18
|
1.25
|
1.33
|
1.43
|
1.54
|
1.67
|
1.82
|
2.00
|
2.22
|
2.50
|
Qualquer taxa de desperdício pode ser convertida em
factor de desperdício aplicando a seguinte fórmula:
100
Factor de desperdício =
------------------------------------------
(100
– taxa de desperdício)
Por exemplo, para converter uma taxa de desperdício
de 40% em factor de desperdício, fica:
100 100
Factor de desperdício = ---------------------- =
----------------- = 1.666 ~ 1.67
(100
– 40) 60
Uma
vez calculado o fator de desperdício, calcula-se a quantidade de vacina
necessária incluindo o disperdício (G), usando a seguinte
fórmula: G = E + F
Segue-se
o cálculo do stock de segurança (H), que corresponde a 25% da
vacina calculada na alínea anterior (G). Assim, teremos: H
= G x 25%
Finalmente,
a quantidade total de vacina (I) necessária para o distrito será
dada pela soma da quantidade de vacina incluindo o desperdício (G)
com o stock de segurança (H), isto é, I = G + H.
Exemplo de cálculo de necessidades em vacinas para um distrito com uma
população total de 35.000 habitantes.
Exemplo de vacina de dose única – BCG
A
= População total (Pt) = 35.000
B
= Grupo-alvo = 4% da Pop Total =
35.000 x 4% = 1.400 crianças
C
= Cobertura esperada = 95%
D
= Número de doses a administrar por
criança = 1 dose
E
= Número de doses de vacina = B
x C x D
Ou seja,
1.400 x 95% x 1 = 1.330
F
= Estimar o disperdício para a BCG,
geralmente 50% (FD = 2)
G
= Calcular a quantidade de vacina
incluindo o desperdício = E x F
Ou seja,
1.330 x 2 = 2.660
H
= Estimar o Stock de Segurança,
geralmente 25% de G
Ou seja,
= 2.660 x 0,25 = 665
I
= Calcular a quantidade total de
vacina = G + H
Ou seja,
2660 + 665 = 3.325 doses de BCG necessárias para todo o ano no
distrito.
Como
a BCG vem em frascos de 20 doses cada, divide-se a quantidade total de vacina
calculada (I) em doses por 20, para saber quantos frascos de
vacina (J) são necessários.
Assim
teremos: J = I / 20
Frascos
de BCG = 3.325/20 = 166,25 frascos, arredondados para 167 frascos de BCG.
Exemplo de vacina de dose Múltipla – DPT/Hepatite B
A
= População total (Pt) = 35.000
B
= Grupo-alvo = 4% da Pop Total =
35.000 x 4% = 1.400 crianças
C
= Cobertura esperada = 90%
D
= Número de doses a administrar por
criança = 3 dose
E
= Número de doses de vacina = B
x C x D
Ou seja,
1.400 x 90% x 3 = 3.780
F
= Estimar o desperdício para a
DPT/Hepatite B, geralmente 20% (FD = 1,25)
G
= Calcular a quantidade de vacina
incluindo o desperdício = E x F
Ou seja,
3.780 x 1,25 = 4.725
H
= Estimar o Stock de Segurança,
geralmente 25% de G
Ou seja,
= 4.725 x 0,25 = 1.181
I
= Calcular a quantidade total de
vacina = G + H
Ou seja,
4.725 + 1.181 = 5.906 doses de
DPT/Hepatite B necessárias para todo o ano no
distrito.
Como a DPT/Hpatite B vem em frascos de 10 doses cada, divide-se a
quantidade total de vacina calculada (I) em doses por 10, para
saber quantos frascos de vacina (J) são necessários.
Assim teremos: J = I / 10
Ou seja,
Frascos de DPT/Hepatite B =
5.906/10 = 509,6 frascos, arredondados para 510 frascos de DPT/Heapatite B.
13.1.2
Estimativa das necessidades em seringas AD
Continuando
os passos iniciados acima, os cálculos devem continuar para estimar a
quantidade de seringas auto-destructíveis – AD ( K) para a
aplicação da vacina. A fórmula para tal é a seguinte:
K
(Total seringas AD) = (E (número de doses de vacina) + H (stock
de segurança) ) x 1,11 onde:
E = Número
de doses de vacina calculada acima
H = Stock
de segurança da vacina em causa.
1,11 é o factor de desperdício corresponde à taxa
de desperdício de 10%, geralmente considerado o valor máximo aceitável para o
desperdício de seringas.
Continuando o exemplo acima para a BCG, teremos:
E
= 1.330
H
= 665
Taxa
de desperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11
Ou
seja,
K (Total
Seringas AD) = (1.330 + 665) x 1,11
= 1995 x 1,11 = 2.215 Seringas AD para a BCG
Continuando o exemplo acima para a DPT/Hepatite B, teremos:
E
= 3.780
H
= 1.181
Taxa
de disperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11
Ou seja,
K (Total
Seringas AD) = (3.780 + 1.181) x 1,11 =
4.961
= 4.961 x 1,11 = 5.507 Seringas AD para a DPT/Hepatite B.
Nota: para obter o número total de
seringas auto-destructíveis (AD) para injecção, é necessário somar a quantidade
de seringas AD necessárias para cada vacina. Considerando que na aplicação das
vacinas DPT/Hepatite B, VAS e VAT, usa-se o mesmo tipo de seringas de 0,5 ml, o
total de seringas AD de 0,5 ml será:
Total AD (0,5 ml) = Seringas AD
(DPT/Hepatite B) + Seringas AD (VAS) + Seringas AD
(VAT)
No
caso da BCG, porque usa seringas AD de graduação diferente de qualquer outra
vacina, a quantidade total necessária deve ser considerada separadamente.
Assim, para a BCG teremos:
Total seringas AD (0,05 ml) =
Seringas AD (calculadas para a BCG).
13.1.3
Estimativa das necessidades em seringas de diluição
Para
calcular o número total de seringas de diluição necessárias divide-se o número
total de doses de vacina calculado pelo número de doses por frasco, neste
caso 20 se se tratar de BCG e 10 se for VAS, ou seja, o número total de
frascos é igual ao número de seringas de reconstituição. Deve-se acrescer
10% de despersdício, que convertido em factor de disperdício (FD) é igual a
1,11.
Assim,
a fórmula será:
H (Total
doses de vacina)
L
(Total seringas diluição) =
-------------------------------------
x 1,11
20
ou 10
Continuando o exemplo acima para a BCG, teremos:
L
= Total de seringas de diluição
H
= Total de doses de vacina da BCG
incluindo o stock segurança= 3.325
1,11
é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%
Logo,
3.325
L
(Total des seringas de diluição) = ------------------
x 1,11
20
= 166 x 1,11
= 185 seringas de
diluição só para a BCG são necessárias para
todo o ano no distrito.
A vacina DPT/Hepatite B não necessita de seringas de diluição, por isso
não são aqui calculadas.
Nota: para obter o número total de
seringas de diluição (SD) para todas as vacinas injectáveis liofilizadas (BCG e
VAS), é necessário somar a quantidade de seringas de diluição (SD) necessárias
para cada vacina, isto é, Total SD = SD (BCG) + SD (VAS).
Todas estas necessidades podem ser resumidas numa tabela de acordo com cada tipo de
seringas, como no exemplo a seguir:
Tabela 9. Tipos
de vacina e respectivas seringas
Tipo de vacinas
|
Tipo de seringas
|
Total
|
BCG
|
0,05 ml
|
|
DPTHepatiteB, VAS e VAT
|
0,5 ml
|
|
Para diluição
|
5 ml
|
|
13.1.4
Estimativa das necessidades em Caixas Incineradoras
Finalmente
o cálculo das necessidades termina com a estimativa do número de caixas
incineradoras (M) necessárias para a deposição de todas as
seringas, tanto as Auto-Destructíveis (K) assim como as de
Diluição (L). Estima-se que cada caixa incineradora deve
comportar 100 seringas. Assim, a fórmula para o cálculo do número de caixas incineradoras (M)
será:
K
+ L
M (Número de caixas
incineradoras) =
------------------------- x 1,11
100
onde,
K = Número
total de seringas AD
L = Número
total de seringas de diluição
1,11
é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%,
Continuando o exemplo acima para a BCB, teremos:
K = Número
total de seringas AD = 2.215
L = Número
total de seringas de diluição SD = 185
1,11 ~ Factor de Desperdício (FD) para as caixas
incineradoras;
2.215 + 185
M (Número de caixas
incineradoras) = ---------------------------------- x 1,11
100
= 24 x 1,11 = 27 caixas
incineradoras para a BCG.
Continuando o exemplo acima para a DPT/Hepatite B, teremos:
K = Número
total de seringas AD = 6.883
L = Número
total de seringas de diluição SD = 0
1,11
é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%,
5.507
M (Número de caixas
incineradoras) = ---------------------------------- x 1,11
100
= 55,07 x 1,11 = 61,127 ~ 62 caixas
incineradoras para a DPT/HepatiteB.
Nota: para obter o número total de
caixas incineradoras (Cx Inc) para todas as vacinas injectáveis (BCG, DPT/Hepatite B, VAT e VAS), é
necessário somar a quantidade de caixas incineradoras necessárias para cada
vacina, isto é, Total Cx Inc = Cx Inc (BCG) + Cx Inc (DPT/Hepatite B)
+ Cx Inc (VAT) + Cx Inc (VAS).
Os
cálculos acima apresentados sobre a estimativa das necessidade podem ser
resumidos na tabela seguinte:
Tabela 10. Cálculo das necessidades em vacina da BCG e respectivos
materiais de injecção segura
Tabela 11. Cálculo das
necessidades em vacina da DPT/Hepatite B e respectivos materiaisde injecção
segura
Nota:
No cálculo das
necessidades há que ter sempre em conta o número de doses necessárias para cada
tipo de vacina
} A vacina BCG
é uma dose única
} A vacinação
antitetânica compreende, em média, 2
doses por ano
} A vacina
DPTHepatite B é dada em 3 doses
} A vacina
anti-sarampo é dada numa dose única
} Avacina
Antipólio e dada em 4 doses
|
13.2 Requisição
de Vacina
Para proceder à requisição de vacina é necessário
definir os seguintes parâmetros:
- Definir o período de abastecimento
- Calcular as necessidades para o período
- Estabelecer o nível dos stocks críticos
- Calcular a quantidade a ser requisitada
O período de abastecimento é trimestral para os
níveis central e provincial, e mensal para os níveis distrital e de unidade
sanitária.
Para os níveis central e provincial, as necessidades
de vacina para o período serão calculadas dividindo a quantidade anual por 4(o ano tem 4
trimestres). Para os
níveis distrital e de unidade sanitária as necessidades da vacina para o
período serão calculadas dividindo a quantidade anual por 12 ( o ano tem 12 mêses).
Continuando com o exemplo acima para a BCG,
Quantidade Total de
Vacina
Para Depósito Central/Provincial
Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~
3.340 (os frascos são de 20 doses cada)
Para Depósito Distrital/Unidade Sanitária
Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~
3.340 (os frascos são de 20 doses cada)
Peíodo de Abastecimento
Para Depósito Central/Provincial
Período de abastecimento trimestral, logo: 3.340/4 =
835 ~ 840 doses por trimestre.
Para Depósito Distrital/Unidade Sanitária
Período de abastecimento mensal, logo: 3.340/12 =
278,3 ~ 280 doses por mês.
Stocks Críticos (Máximo
e Mínimo)
Os níveis de stock críticos compreendem o stock máximo, o stock
mínimo e o ponto de requisição.
O stock máximo é a quantidade trimestral ou mensal calculada como
ilustrado na alínea anterior, conforme se trate de depósito central/provincial
ou distrital/unidade sanitária, respectivamente.
Assim, continuando com o exemplo acima para a BCG, para o nível distrital/US o
stock máximo mensal é:
3.340/12 = 278,3 ~ 280 doses
O stock mínimo corresponde ao stock de segurança, geralmente
considerado 25% das necesidades reais. É importante recordar que no cálculo da
quantidade total anual da vacina já estão incluídos os 25% do stock de
segurança (ver alínea H da tabela de cálculo das necessidades em vacina e
materiais de injacção). Assim, 25% de 280 doses correspondem ao stock de
segurança, isto é,
280 x 25% = 70 doses.
Isto significa que a quantidade real de vacina necessária é igual a 280 – 70 = 210 doses.
Ponto de Requisição
Para calcular o ponto de requisição usa-se a quantidade
real necessária. Continuando com o exemplo da BCG, teríamos:
280 – 70 = 210 doses de BCG é a quantidade real de
vacina necessária por mês
Neste caso é necessário ter-se uma idéia de quanto
tempo é necessário para o carro ir até ao depósito provincial ou distrital e
voltar. Para fins práticos adopta-se o tempo de uma semana, considerando que o mês tem 4 semanas. Isto
significa que quando sobrar quantidade de vacina para uma semana, deve-se fazer
uma
nova requisição. Este é o ponto de
requisição.
Continuando o exemplo anterior da BCG, teríamos:
210/4 = 52,5 ~ 53 doses de BCG correpondem ao ponto de requisição;
como os frascos de BCG são de 20 doses, pode-se arredondar para 60 doses.
Isto significa que quando sobrarem 60 doses de BCG (ponto de requisição) + as 70 doses do stock de segurança, o responsável do PAV no distrito ou na
unidade sanitária, deve fazer uma nova requisição da vacina BCG. Enquanto o
carro vai trazer a nova vacina, ele/ela vai usando ao longo da semana as 130
(60+70) doses que sobram. Assim, teoricamente, até á altura em que o carro
chegar com a nova vacina, o responsável do PAV terá no seu depósito cerca de 70
doses de BCG, correspondente ao stock de segurança. É importante notar que, em
condições normais, o stock de segurança é igual em todos os meses, isto é, é
sempre de 70 doses, neste exemplo.
A quantidade de vacina a requisitar é dada pela
seguinte fórmula:
Qunat. Requisitar (Qreq) = Stock Máximo (S
Max) – Stock Disponível (S Disp) + Ponto de Requisição(Preq)
Continuando exemplo da vacina da BCG acima, teríamos:
S Max = 280
doses
S Disp = 90
doses
Preq = 60
doses
Qreq = S Max
– S Disp + Preq
Qreq = 280 –
90 + 60 = 250
Nota: o stock disponível é a quantidade de vacina
existente em stock na altura em que se emite a requisição. Pode ser encontrado
através da contagem física ou calculado subtraindo do stock máximo o total da
vacina gasta , ou seja:
Stock Disponível (S Disp)= Stock Máximo (S
Max) – Total Vacina Gasta (Aviada + Perdas).
Outro exemplo ainda com a BCG para o nível do
distrito/US:
S Max = 280
doses
S Disp = 170
doses
Preq = 60
doses
Qreq = S Max
– S Disp + Preq
Qreq = 280 –
170 + 60 = 170
Os mesmos passos são usados para calcular as
necessidades a requisitar para outras vacinas e materiais de vacinação.
Nota:
É muito importante observar as seguintes condições:
- Uma nova requisição deve ser feita antes ou o
mais tardar quando o stock alcança o ponto de requisição
- De cada vez que se emite uma requisição, deve-se
requistar todos os antígenos com o respectivo diluente.
- Se houver actividades suplementares, como por
exemplo, campanhas, deve-se emitir emitir uma requisição separada, para
não interferir com os cálculos para a rotina.
Tabela 12: Ficha de requisição de vacina para os
níveis provinciais, distritais e de unidade sanitária
13.3 Controle de stock de vacina e materiais
Para controlar a quantidade de vacina recebida no
depósito distrital e distribuída às unidades sanitárias e manter o controle da
vacina à medida que é entregue ao pessoal do PAV, é necessário manter os
registos. Esses registos mostrar-lhe-ão imediatamente:
- Que
quantidade de cada vacina se encontra no refrigerador.
- A
data de expiração de cada vacina.
- Que
vacinas foram aviadas aos centros de saúde e dispensários.
- Que
vacinas foram devolvidas pelos centros de saúde e dispensários.
- Quanta
vacina foi aviada para o depósito distrital ou unidade sanitária e as
datas.
Estes dados devem ser guardados numa ficha de
registo de stock de vacina, usando uma ficha separada para cada tipo de vacina.
Para tal, pode-se usar, por exemplo, um livro de registo de stock de vacinas e
materiais recebidos ao longo do ano. Proceda da seguinte maneira:
- Divida
o livro em secções separadas de várias páginas para cada tipo de vacina ou
outro material ou equipamento usado.
- Prepare
tabelas para cada vacina e identifique as colunas com na tabela 12. As
páginas frontais do livro são usadas para registar os detalhes de cada
vacina ou seringas AD ou diluente ou outro material/equipamento.
- Para
cada vacina recebida ou aviada, deve-se registar todos os detalhes
incluindo o número de lote, a data de expiração, o estado do monitor do
frasco de vacina (VVM), a quantidade, etc.
- Depois
de cada recpção ou aviamento, deve-se calcular e rgistar o stock em
balanço. O balanço registado deve ser verificado periodicamente a
intervalos regulares, através de contagem física, por exemplo, uma vez por
mês no nível distrital e de unidade sanitária, e trimestralmente nos depósitos provincial e central.
Tabela
13: Ficha de controle de stock de vacinas e materiais de vacinação
13.4 Teste de potência da vacina
As vacinas não são rotineiramente enviadas para o
teste a menos que uma grande quantidade tenha sido exposta a uma falha da
cadeia de frio. Não é econômico testar pequenas quantidades.
A potência e segurança das vacinas são testadas pelo
fabricante antes de serem liberadas para o mercado. É mandatório que os
protocolos de produção sejam devidamente assinados pela Autoridade Nacional de
Controle Laboratorial e sejam submetidos com cada lote recebido pelo depósito
central. Esses protocolos devem conter todos os detalhes dos testes realizados
e devem incluir os testes de esterilidade, testes de inocuidade, considerações
finais, testes de identidade e datas de expiração de cada lote.
Devido aos custos e complexidade envolvidos no teste
das vacinas, a OMS forneceu um guião sobre a quantidade de vacina sob suspeita
que justifique um teste (tabela 13).
Tabela 14: Informação para testar a potência da vacina
Vacina
|
Nr. de doses envlvidas justificando
um teste
|
Nr de doses necessárias para o teste
|
Tempo em que se espera a resposta (pemitindo
testes repetidos)
|
Condições de transporte
|
VAP (oral)
Sarampo (Lifilizada-congelada)
|
2.000
2.000
|
50
|
1 mês
|
2o C a 8o C
|
BCG (Liofilizada-congelada)
|
20.000
|
100
|
3 mêses
|
|
DPT/Hepatite B
|
200.000
|
|||
Tetanus Toxóide (VAT)
|
50.000
|
Nota: não é normal levar vacina de uma unidade
sanitária para ser testada. A quantidade é muito pequena para justificar o
custo de transporte e do teste.
Algumas vezes é necessário testar a potência das
vacinas em uso num programa de vacinação, particularmente quando se suspeita de
sua potência.
As amostras a serem testadas devem ser colhidas nos
pontos onde é mais provável a cadeia de frio estar enfraquecida. Essas amostras
devem ser claramenre identificadas com a data, o local e o nome da pessoa que
as colheu. As amostras são depois embrulhadas, colocadas numa caixa isotérmica
com acumuladores e enviadas ao laboratório onde serão testadas. Os resultados
obtidos irão ditar as acções subseqüentes.
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