Como o adulto aprende?
Com base nos princípios* da Andragogia (a ciência da
educação de adultos), o adulto é um ser independente e responsável por suas
ações (autoconceito do aprendiz). Tem conhecimento dos seus deveres e
direitos perante a sociedade em que vive, mesmo que não os cumpra.
Diferentemente das crianças, que têm o professor como figura
modelo e que precisam aprender o que é ensinado por ele, os adultos exigem do
professor todo o conteúdo do qual tem interesse e dos quais precisa obter
resultado na sua vida (prontidão para aprender / orientação para a
aprendizagem), eles aprendem a partir de suas experiências
(assimilação).
O adulto tem a necessidade de saber, ele só vai
aprender a partir do momento em que entender o porquê deste aprendizado, do
quanto isto vai agregar em sua vida. Ele precisa ser motivado, necessita
dos fatores externos, porém os fatores internos são fundamentais, quanto mais
estiver de bem com ele mesmo, mais aprenderá.
Lembre-se, desenvolver o CHA sempre
(conhecimentos, habilidades e atitudes)!
Andragogia
Ciência que estuda as melhores práticas para orientar
adultos a aprender. É preciso considerar que a experiência é a fonte mais rica
para a aprendizagem de adultos. Estes são motivados a aprender conforme
vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará em sua vida. O
modelo andragógico baseia-se nos seguintes princípios.
1. Necessidade de saber: adultos precisam saber por que precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo.
2. Autoconceito do aprendiz: adultos
são responsáveis por suas decisões e por sua vida, portanto querem ser vistos e
tratados pelos outros como capazes de se autodirigir.
3. Papel das experiências: para o
adulto suas experiências são a base de seu aprendizado. As técnicas que
aproveitam essa amplitude de diferenças individuais serão mais eficazes.
4. Prontidão para aprender: o adulto
fica disposto a aprender quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem
relacionado a situações reais de seu dia-a-dia.
5. Orientação para aprendizagem: o adulto
aprende melhor quando os conceitos apresentados estão contextualizados para
alguma aplicação e utilidade.
6. Motivação: adultos são mais motivados
a aprender por valores intrínsecos: autoestima, qualidade de vida,
desenvolvimento.
Introdução
Crianças
são seres indefesos, dependentes. Precisam ser alimentados, protegidos,
vestidos, banhados, auxiliados nos primeiros passos, Durante anos se acostumam
a esta dependência, considerando-a como um componente normal do ambiente que as
rodeia. Na idade escolar, continuam aceitando esta dependência, a autoridade do
professor e a orientação deles como inquestionáveis.
A
adolescência vai mudando este status quo. Tudo começa a ser questionado,
acentuam-se as rebeldias e, na escola, a infalibilidade e autoridade do
professor não são mais tão absolutas assim. Alunos querem saber por que devem
aprender geografia, história ou ciências.
A
idade adulta trás a independência. O indivíduo acumula experiências de vida,
aprende com os próprios erros, apercebe-se daquilo que não sabe e o quanto este
desconhecimento faz-lhe falta. Escolhe uma namorada ou esposa, escolhe uma
profissão e analisa criticamente cada informação que recebe, classificando-a
como útil ou inútil.
Esta
evolução, tão gritante quando descrita nestes termos, infelizmente é ignorada
pelos sistemas tradicionais de ensino. Nossas escolas, nossas universidades
tentam ainda ensinar a adultos com as mesmas técnicas didáticas usadas nos
colégios primários ou secundários. A mesma pedagogia é usada em crianças
e adultos, embora a própria origem da palavra se refira à educação e ensino das
crianças (do grego paidós = criança).
APERCEBENDO-SE
DA DIFERENÇA
Linderman,
E.C, em 1926, pesquisando as melhores formas de educar adultos para a
"American Association for Adult Education" percebeu algumas
impropriedades nos métodos utilizados e escreveu:
"Nosso sistema acadêmico se
desenvolveu numa ordem inversa: assuntos e professores são os pontos de
partida, e os alunos são secundários. ... O aluno é solicitado a se ajustar a
um currículo pré-estabelecido. ... Grande parte do aprendizado consiste na
transferência passiva para o estudante da experiência e conhecimento de outrem ".
Mais
adiante oferece soluções quando afirma que
"nós aprendemos aquilo que nós
fazemos. A experiência é o livro-texto vivo do adulto aprendiz".
Lança
assim as bases para o aprendizado centrado no estudante, e do aprendizado tipo
"aprender fazendo". Infelizmente sua percepção ficou esquecida
durante muito tempo.
A
partir de 1970 , Malcom Knowles trouxe a tona as idéias plantadas por
Linderman. Publicou várias obras, entre elas "The Adult Learner - A
Neglected Species" (1973), introduzindo e definindo o termo Andragogia
- A Arte e Ciência de Orientar Adultos a Aprender. Daí em diante, muitos
educadores passaram a se dedicar ao tema, surgindo ampla literatura sobre o
assunto.
ANDRAGOGIA
- A ARTE E CIÊNCIA DE ORIENTAR ADULTOS A APRENDER.
Kelvin
Miller afirma que estudantes adultos retém apenas 10% do que ouvem, após 72
horas. Entretanto serão capazes de lembrar de 85% do que ouvem, vêm e
fazem, após o mesmo prazo. Ele observou ainda que as informações mais
lembradas são aquelas recebidas nos primeiros 15 minutos de uma aula ou
palestra.
Para
melhorar estes números, faz-se necessário conhecer as peculiaridades da
aprendizagem no adulto e adaptar ou criar métodos didáticos para serem usados
nesta população específica.
Segundo
Knowles, à medida que as pessoas amadurecem, sofrem transformações:
|
Acumulam experiências de vida que vão ser fundamento e substrato de
seu aprendizado futuro.
|
Seus interesses pelo aprendizado se direcionam para o desenvolvimento
das habilidades que utiliza no seu papel social, na sua profissão.
|
Passam a esperar uma imediata aplicação prática do que aprendem,
reduzindo seu interesse por conhecimentos a serem úteis num futuro
distante.
|
Preferem aprender para resolver problemas e desafios, mais que aprender
simplesmente um assunto.
|
Passam a apresentar motivações internas (como desejar uma promoção,
sentir-se realizado por ser capaz de uma ação recem-aprendida, etc), mais
intensas que motivações externas como notas em provas, por exemplo.
|
Partindo
destes princípios assumidos por Knowles, inúmeras pesquisas foram realizadas
sobre o assunto. Em 1980, Brundage e MacKeracher estudaram exaustivamente a
aprendizagem em adultos e identificaram trinta e seis princípios de
aprendizagem, bem como as estratégias para planejar e facilitar o ensino.
Wilson e Burket (1989) revisaram vários trabalhos sobre teorias de ensino e
identificaram inúmeros conceitos que dão suporte aos princípios da Andragogia.
Também Robinson (1992), em pesquisa por ele realizada entre estudantes
secundários, comprovou vários dos princípios da Andragogia, principalmente o
uso da experiências de vida e a motivação intrínseca em muitos estudantes.
Comparando
o aprendizado de crianças (pedagogia) e de adultos (andragogia), se destacam as
seguintes diferenças:
Características da Aprendizagem
|
Pedagogia
|
Andragogia
|
Relação Professor/Aluno
|
Professor
é o centro das ações, decide o que ensinar, como ensinar e avalia a
aprendizagem
|
A
aprendizagem adquire uma característica mais centrada no aluno, na
independência e na auto-gestão da aprendizagem.
|
Razões da Aprendizagem
|
Crianças
(ou adultos) devem aprender o que a sociedade espera que saibam (seguindo um
curriculo padronizado)
|
Pessoas
aprendem o que realmente precisam saber (aprendizagem para a aplicação
prática na vida diária).
|
Experiência do Aluno
|
O
ensino é didático, padronizado e a experiência do aluno tem pouco valor
|
A
experiência é rica fonte de aprendizagem, através da discussão e da solução
de problemas em grupo.
|
Orientação da Aprendizagem
|
Aprendizagem
por assunto ou matéria
|
Aprendizagem
baseada em problemas, exigindo ampla gama de conhecimentos para se chegar a
solução
|
Alguns
autores já extrapolam estes princípios para a administração de recursos
humanos. A capacidade de autogestão do próprio aprendizado, de auto-avaliação,
de motivação intrínseca podem ser usados como bases para um programa onde
empregados assumam o comando de seu próprio desenvolvimento profissional, com
enormes vantagens para as empresas. Uma gestão baseada em modelos andragógicos
poderá substituir o controle burocrático e hierárquico, aumentando o
compromentimento, a auto-estima, a responsabilidade e capacidade de grupos de
funcionários resolverem seus problemas no trabalho.
Aliás,
os atuais métodos administrativos de controle de qualidade total
já prevêem e utilizam estas características dos adultos. No CQT, os
funcionários são estimulados a reuniões periódicas onde serão discutidos os
problemas nos setores e processos sob sua responsabilidade, buscadas suas
causas, pesquisadas as possíveis soluções, que serão implementadas e
reavaliadas posteriormente. Está aí implícita a atividade de aprendizagem, onde
pessoas vão trocar idéias, buscar em suas experiências e outras fontes a
construção de um novo conhecimento e a solução de problemas. O setor
empresarial, sem dúvida mais ágil que o de ensino, conseguiu difundir muito
mais rapidamente vários dos conceitos da andragogia, mesmo sem este rótulo
estabelecido pelo mundo pedagógico.
OS
UNIVERSITÁRIOS
Os
estudantes universitários não são exatamente adultos, mas estão próximos desta
fase de suas vidas. O ensino clássico pode resultar, para muitos deles, num
retardamento da maturidade, já que exige dos alunos uma total dependência dos
professores e curriculos estabelecidos. As iniciativas não encontram apoio, nem
são estimuladas. A instituição e o professor decidem o que, quando e como os
alunos devem aprender cada assunto ou habilidade. E estudantes deverão se
adaptar a estas regras fixas.
Alguns
alunos sem dúvida conseguem manter seus planos e ideais, suas metas e
trajetórias, reagindo contra estas imposições e buscando seus próprios
caminhos. Geralmente serão penalizados por baixos conceitos e notas, já que não
seguem as regras da instituição.
Os
demais se verão forçados a deixar adormecer suas iniciativas, algumas vezes
marcando de forma profunda suas personalidades. Muitos permanecerão
dependentes, terão dificuldades para se adaptar às condições diferentes
encontradas fora das Universidades, terão sua auto-estima ferida pela percepção
tardia das deficiências de seus treinamentos e poderão inclusive estar
despreparados para buscar a solução para elas.
Para
evitar este lado negativo do ensino universitário, é necessário que sejam
introduzidos conceitos andragógicos nos currículos e abordagens didáticas dos
cursos superiores. Por estar a maioria dos Universitários na fase de transição
acima mencionada, não pode haver um abandono definitivo dos métodos clássicos.
Eles precisarão ainda de que lhes seja dito o que aprender e lhes seja indicado
o melhor caminho a ser seguido. Mas devem ser estimulados a trabalhar em
grupos, a desenvolver idéias próprias, a desenvolver um método pessoal para
estudar, a aprender como utilizar de modo crítico e eficiente os meios de informação
disponíveis para seu aprendizado.
APLICAÇÃO
DA TEORIA ANDRAGÓGICA NA APRENDIZAGEM DE ADULTOS.
Migrar
do ensino clássico para os novos enfoques andragógicos é, no mínimo, trabalhoso
(ninguém disse que era fácil..!).O corpo docente envolvido nesta migração
precisa ser bem preparado, inclusive através de programas andragógicos (afinal,
são adultos em aprendizagem!).Burley (1985) enfatizou o uso de métodos
andragógicos para o treinamento de educadores de adultos.
O
professor precisa se transformar num tutor eficiente de atividades de grupos,
devendo demonstrar a importância prática do assunto a ser estudado, teve
transmitir o entusiasmo pelo aprendizado, a sensação de que aquele conhecimento
fará diferença na vida dos alunos; ele deve transmitir força e esperança, a
sensação de que aquela atividade está mudando a vida de todos e não
simplesmente preenchendo espaços em seus cérebros.
As
características de aprendizagem dos adultos devem ser exploradas através de
abordagens e métodos apropriados, produzindo uma maior eficiência das
atividades educativas.
Tirando
proveito da Experiência Acumulada pelos Alunos.
Os
adultos têm experiências de vida mais numerosas e mais diversificadas que as
criança. Isto significa que, quando formam grupos, estes são mais heterogêneos
em conhecimentos, necessidades, interesses e objetivos. Por outro lado, uma
rica fonte de consulta estará presente no somatório das experiências dos
participantes. Esta fonte poderá ser explorada através de métodos experienciais
(que exijam o uso das experiências dos participantes), como discussões de
grupo, exercícios de simulação, aprendizagem baseada em problemas e discussões
de casos. Estas atividades permitem o compartilhamento dos conhecimentos já
existentes para alguns, além de reforçar a auto-estima do grupo. Uma certa
tendência à acomodação, com fechamento da pente do grupo para novas idéias
deverá ser quebrada pelo professor, propondo discussões e problemas que
produzam conflitos intelectuais, a serem debatidos com mais ardor.
Propondo
Problemas, Novos Conhecimentos e Situações sincronizadas com a Vida Real.
Os
adultos vivem a realidade do dia-a-dia. Portanto, estão sempre propensos a
aprender algo que contribua para suas atividades profissionais ou para resolver
problemas reais. O mesmo é verdade quando novas habilidades, valores e atitudes
estiverem conectadas com situações da vida real. Os métodos de discussão de
grupo, aprendizagem baseada em problemas ou em casos reais novamente terão
utilidade, sendo esta mais uma justificativa para sua eficiente utilização.
Muitas vezes será necessária uma avaliação prévia sobre as necessidades do
grupo para que os problemas ou casos propostos estejam bem sintonizados com o
grupo.
Justificando
a necessidade e utilidade de cada conhecimento
Adultos
se sentem motivados a aprender quando entendem as vantagens e benefícios de um
aprendizado, bem como as conseqüências negativas de seu desconhecimento.
Métodos que permitam ao aluno perceber suas próprias deficiências, ou a
diferença entre o status atual de seu conhecimento e o ponto ideal de
conhecimento ou habilidade que ser-lhe-á exigido, sem dúvida serão úteis para
produzir esta motivação. Aqui cabem as técnicas de revisão a dois, revisão
pessoal, auto-avaliação e detalhamento acadêmico do assunto. O próprio
professor também poderá explicitar a necessidade da aquisição daquele
conhecimento.
Envolvendo
Alunos no Planejamento e na Responsabilidade pelo Aprendizado
Adultos
sentem a necessidade de serem vistos como independentes e se ressentem quando
obrigados a acceder ao desejo ou às ordens de outrem. Por outro lado, devido a
toda uma cultura de ensino onde o professor é o centro do processo de
ensino-aprendizagem, muitos ainda precisam de um professor para lhes dizer o
que fazer. Alguns adultos preferem participar do planejamento e execução das
atividades educaicionais. O professor precisa se valer destas tendências para
conseguir mais participação e envolvimento dos estudantes. Isto pode ser
conseguido através de uma avaliação das necessidades do grupo, cujos resultados
serão enfaticamente utilizados no planejamento das atividades. A independência,
a responsabilidade serão estimulados pelo uso das simulações, apresentações de
casos, aprendizagem baseada em problemas, bem como nos processos de avaliação
de grupo e autoavaliação.
Estimulando
e utilizando a Motivação Interna para o Aprendizado.
Estímulos
externos são classicamente utilizados para motivar o aprendizado, como notas
nos exames, premiações, perspecitivas de promoções ou melhores empregos.
Entretanto as motivações mais fortes nos adultos são internas, relacionadas com
a satisfação pelo trabalho realizado, melhora da qualidade de vida, elevação da
auto-estima. Um programa educacional, portanto, terá maiores chances de bons resultados
se estiver voltado para estas motivações pessoais e for capaz de realmente
atender aos anseios íntimos dos estudantes.
Facilitando
o Acesso, os Meios, o Tempo e a Oportunidade
Algumas
limitações são impostas a alguns grupos de adultos, o que impedem que venham a
aprender ou aderir a programas de aprendizagem. O tempo disponível, o acesso a
bibliotecas, a serviços, a laboratórios, a Internet são alguns destes fatores
limitantes. A disponibilização destes fatores aos estudantes sem dúvida .contribui
de modo significativo para o resultado final de todo o processo.
Outros
Aspectos da Aprendizagem de Adultos
Adultos
não gostam de ficar embaraçados frente a outras pessoas. Assim, adotarão uma
postura reservada nas atividades de grupo até se sentirem seguras de que não
serão ridicularizadas. Pessoas tímidas levarão mais tempo para se sentirem à
vontade e não gostam de falar em discussões de grupo. Elas podem ser
incentivadas a escrever suas opiniões e posteriormente mudarem de grupos, caso
se sintam melhor em outras companhias.
O
ensino andragógico deve começar pela arrumação da sala de aulas, com cadeiras
arrumadas de modo a facilitar discussões em pequenos grupos. Nunca deverão
estar dispostas em fileiras.
Antes
de cada aula, o professor deverá escrever uma pergunta provocativa no quadro,
de modo a despertar o interesse pelo assunto antes mesmo do inicio da
atividade.
O
professor afeito ao ensino de adultos raramente responderá alguma pergunta. Ele
a devolverá à classe, perguntando "Quem pode iniciar uma resposta?"
("Quem sabe a resposta?" e' uma pergunta intimidante e não deverá ser
utilizada).
O
Professor nunca deverá dizer que a resposta de um adulto está errada. Cada
resposta sempre terá alguma ponta de verdade que deve ser trabalhada. O professor
deverá se desculpar pela pergunta pouco clara e refazê-la de modo a aproveitar
a parte correta da resposta anterior. Fará então novas perguntas a outros
estudantes, de modo a correlacionar as respostas até obter a informação
completa.
Vimos
acima que adultos, após 72 horas, lembram muito mais do que ouviram, viram e
fizeram (85%) do que daquilo que simplesmente ouviram (10%). O "Teste de 3
minutos" é um excelente recurso para fixar o conhecimento. Os alunos são
slicitados a escrever,no espaço de 3 minutos, o máximo que puderem sobre o
assunto que discutido. Isto reforça o aprendizado criando uma percepção visual
sobre o assunto.
Adultos
podem se concentrar numa explanação teórica durante 07 minutos. Depois disso, a
atenção se dispersa. Este período deverá ser usados pelo Professor para
estabelecer os objetivos e a relevância do assunto a ser discutido, enfatizar o
valor deste conhecimento e dizer o quanto sente-se motivado a discutí-lo.
Vencidos os 07 minutos, é tempo de iniciar uma discussão ou outra atividade, de
modo a diversificar o método e conseguir de volta a atenção. Estas alternâncias
podem tomar até 30% do tempo de uma aula teórica, porém permitem quadruplicar o
volume de informações assimiladas pelos estudantes.
CONCLUSÃO
Nos
Cursos Universitários, geralmente recebemos adolescentes como calouros e
liberamos adultos como bacharelandos. Estamos portanto trabalhando no terreno
limítrofe entre a pedagogia e andragogia. Não podemos abandonar os métodos
clássicos, de curriculos parcialmente estabelecidos e professores que orientem
e guiem seus alunos, nem podemos, por outro lado, tolher o amadurecimento de
nossos estudantes através da imposição de um curriculo rígido, que não valorize
suas iniciativas, suas individualidades, seus ritmos particulares de
aprendizado. Precisamos encontrar um meio termo, onde as características
positivas da Pedagogia sejam preservadas e as inovações eficientes da
Andragogia sejam introduzidas para melhorar o resultado do Processo
Educacional.
Precisamos
estimular o autodidatismo, a capacidade de autoavaliação e autocrítica, as
habilidades profissionais, a capacidade de trabalhar em equipes. Precisamos
enfatizar a responsabilidade pessoal pelo próprio aprendizado e a necessidade e
capacitação para a aprendizagem continuada ao longo da vida. Precisamos
estimular a responsabilidade social, formando profissionais competentes, com
auto-estima, seguros de suas habilidades profissionais e comprometidos com a
sociedade à qual deverão servir. Sem dúvida, a Andragogia será uma ótima
ferramenta para nos ajudar a atingir estes objetivos.
Roberto
de Albuquerque Cavalcanti é:
Graduado
em Medicina pela Faculdade de Medicina da UFPB, em 1973
Aprovado pelo ECFMG em 1973.
Professor Adjunto IV do Departamento de Cirurgia do CCS - UFPB
Vice-Chefe do Departamento de Cirurgia do CCS - UFPB
Membro da Comissão de Reforma Curricular da Coordenação do Curso de Medicina - CCS - UFPB.
Aprovado pelo ECFMG em 1973.
Professor Adjunto IV do Departamento de Cirurgia do CCS - UFPB
Vice-Chefe do Departamento de Cirurgia do CCS - UFPB
Membro da Comissão de Reforma Curricular da Coordenação do Curso de Medicina - CCS - UFPB.
Factores que influenciam a aprendizagem
Uma das preocupações que o formador deve ter quando planifica sessões de
formação, é criar situações que favoreçam a aprendizagem, tendo em conta três
variáveis:
- o que vai ensinar (objectivos/domínios da
aprendizagem);
- como ensinar (estratégias);
- a quem ensinar (público alvo).
Existem factores
internos e externos ao próprio indivíduo, que podem facilitar ou inibir o
processo da aprendizagem.
Alguns destes factores estão relacionados com características das pessoas a quem se destina a formação.
O público alvo da formação profissional é, normalmente, constituído por adultos, o que implica procedimentos necessariamente diferenciados, na medida em que a aprendizagem adulta é substancialmente diferente da aprendizagem da criança e, por isso, o formador não pode ter o mesmo tipo de abordagem perante estes dois públicos distintos.
A investigação em Pedagogia de Adultos tem vindo a demonstrar que, ao contrário da crença generalizada de que "Burro velho não aprende línguas", os adultos aprendem também com facilidade desde que motivados e activos. As diversas metodologias de “transmissão” de informação numa situação de ensino/aprendizagem possuem resultados distintos na aprendizagem de adultos.
As diferenças entre as crianças e os adultos implicam alguns cuidados, que o formador deve ter, para evitar situações de insucesso e frustração, pois os adultos possuem uma fraca resistência ao fracasso em situações de ensino-aprendizagem. Possuem uma dada experiência de vida, crenças e valores acerca do mundo e dos outros, e pôr em causa os seus desempenhos, é pô-los em causa a eles enquanto pessoas. Tanto as crianças como os adultos esquecem facilmente aquilo que ouvem, ou que lêem. Mais ainda, após os 30 anos de idade, as nossas capacidades de memorização decaem. Obrigar adultos a dependerem essencialmente da memória, auditiva ou visual, é fazer uma opção pedagógica incorrecta.
Os indivíduos em formação compreendem aquilo que está a ser dito; mais tarde, serão confrontados com a surpresa desagradável de não conseguirem reproduzir essa mesma informação. Este facto, ao ser interpretado como falta de capacidades para aprender, poderá conduzir a uma perda de autoconfiança, a frustração e desmotivação face a futuras aprendizagens.
Assim, para que a prática pedagógica conduza ao sucesso da aprendizagem, o formador deve ter em conta o seguinte:
Alguns destes factores estão relacionados com características das pessoas a quem se destina a formação.
O público alvo da formação profissional é, normalmente, constituído por adultos, o que implica procedimentos necessariamente diferenciados, na medida em que a aprendizagem adulta é substancialmente diferente da aprendizagem da criança e, por isso, o formador não pode ter o mesmo tipo de abordagem perante estes dois públicos distintos.
A investigação em Pedagogia de Adultos tem vindo a demonstrar que, ao contrário da crença generalizada de que "Burro velho não aprende línguas", os adultos aprendem também com facilidade desde que motivados e activos. As diversas metodologias de “transmissão” de informação numa situação de ensino/aprendizagem possuem resultados distintos na aprendizagem de adultos.
As diferenças entre as crianças e os adultos implicam alguns cuidados, que o formador deve ter, para evitar situações de insucesso e frustração, pois os adultos possuem uma fraca resistência ao fracasso em situações de ensino-aprendizagem. Possuem uma dada experiência de vida, crenças e valores acerca do mundo e dos outros, e pôr em causa os seus desempenhos, é pô-los em causa a eles enquanto pessoas. Tanto as crianças como os adultos esquecem facilmente aquilo que ouvem, ou que lêem. Mais ainda, após os 30 anos de idade, as nossas capacidades de memorização decaem. Obrigar adultos a dependerem essencialmente da memória, auditiva ou visual, é fazer uma opção pedagógica incorrecta.
Os indivíduos em formação compreendem aquilo que está a ser dito; mais tarde, serão confrontados com a surpresa desagradável de não conseguirem reproduzir essa mesma informação. Este facto, ao ser interpretado como falta de capacidades para aprender, poderá conduzir a uma perda de autoconfiança, a frustração e desmotivação face a futuras aprendizagens.
Assim, para que a prática pedagógica conduza ao sucesso da aprendizagem, o formador deve ter em conta o seguinte:
- o nível de dificuldade das actividades
propostas, deve estar ao alcance de todos;
- o formador deve garantir a resolução mínima
dos exercícios por todos os participantes;
- as correcções necessárias não devem assumir a
forma de crítica destrutiva, mas devem ser feitas em forma de sugestão, ou
de incentivo ao debate, conduzindo à auto-descoberta e à
auto-transformação;
- é muito importante a informação sobre os
resultados obtidos e reforçar positivamente (reduz a insegurança).
Outro tipo de factores
que podem condicionar a aprendizagem são os internos ao próprio indivíduo, que
fazem parte quer das suas características de personalidade, quer das suas
características físicas:
- Factores cognitivos
- Percepção
- Atenção
- Memória
- Factores socioculturais
- Família
- Grupos de
pertença
- Comunidade
- Sociedade
(valores, representações e estereótipos)
- Factores biológicos
- Neurofisiológicos
- Genéticos
- Factores emocionais
- "Estados
de espírito"
Existem também factores
externos ao próprio indivíduo, que podem facilitar o processo da aprendizagem
(são da responsabilidade do formador):
- definir objectivos e dá-los a conhecer;
- avaliar pré-requisitos;
- explicitar as estratégias;
- motivação (situar num contexto);
- manter o grupo activo e participante
(proporcionar trabalhos de grupo e de investigação);
- utilizar os meios técnicos e práticos
disponíveis (vídeo, retroprojector e outros);
- fazer sínteses parcelares e conclusões;
- exercícios práticos;
- fazer a avaliação da aprendizagem;
- discussão dos resultados.
A aprendizagem
significativa, é favorecida pelos processos interactivos que se estabelecem, em
relação aos quais o formador tem um papel importante, na medida em que depende
dele o “clima”, o “estilo” de relações psicossociais que se estabelecem durante
a formação, assim:
- a aprendizagem deve processar-se num clima de
confiança e abertura que propicie a partilha de experiências e vivências,
visando um enriquecimento mútuo;
- a aprendizagem não deve ser estanque mas
negociada, os objectivos devem ser explícitos e partilhados;
- a aprendizagem deve situar-se relativamente a
um quadro de referência, apelo às experiências e vivências dos formandos,
no sentido de os motivar e implicar;
- a aprendizagem deverá ser dirigida para o aqui
e agora dos acontecimentos, as finalidades devem ser explícitas.
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