Vamos
esclarecer alguns aspectos em relação ao índice de quebra vacinal no Programa
Alargado de Vacinação (PAV).
Mas antes
vamos conceituar este indicador: a priori o índice de quebra vacinal (IQV) é um
indicador qualitativo, ou seja, mede o nível da qualidade de prestação de
serviços do programa alargado de vacinação (PAV). Refere-se essencialmente ao
rácio entre primeira e ultima doses de vacinação, por outra, a diferença
numérica/percentual entre as crianças que fizeram a primeira dose e que
voltaram para completar as doses subsequentes.
É de desejo
que a diferença percentual seja de 0%, que todas as crianças que fizeram dose 1, retornem para terminar as
ultimas doses (penta 1 ou VAS)
dependendo do antígeno que se pretende avaliar.
Gráfico 1: exemplo de índice de quebra vacinal de um
Distrito
Observe o a
gráfico acima, note que o comportamento das barras é divergente. Deixe-me antes
esclarecer que neste caso foram usados os antígenos Penta 1 e VAS para avaliar o nível de prestação dos serviços do
PAV. Ou seja, se as crianças que fizeram as primeiras doses de penta 1 retornaram para fazer a ultima
vacina de infância, a vacina Anti-Sarampo (VAS)
neste caso especifico.
Geralmente usar
ia-se BCG e não penta 1, mas considerando o facto de que existem nos distritos
Centros de Saúde tipo I que são
Unidades Sanitárias sem maternidade, seria tecnicamente incorrecto usar BCG, pois, estes postos dependem
maioritariamente de partos não institucionais para vacinar com este antígeno.
Agora
observe a imagem em 2:
Imagem 2: exemplo de mapa de um distrito circo-rodeado por
outros distritos
Imagine que
a área de saúde no epicentro seja prestadora de excelentes cuidados de saúde às
comunidades, o que iria acontecer, obviamente, é que toda população
circunvizinha procuraria serviços de saúde nela. O que não é mau se olharmos
para a finalidade da prestação serviços de saúde: que é a melhoria do estado de
saúde das comunidades, independente da área de saúde que elas buscam esses
cuidados.
Para o PAV,
esta interação entre áreas de saúde diferentes pode criar aquele fenómeno que
podemos nomear de desequilíbrio quantitativo e qualitativo dos dados,
principalmente se olharmos pela questão de grupos alvos específicos e metas
estabelecidas por cada Distrito.
Olhando
para as duas realidades apresentadas acima através do gráfico e mapa teríamos
uma situação tecnicamente injustificável (para alguns) o que levaria por vezes
a viciação de dados. Pois, no gráfico nota-se que houve mais crianças vacinadas
com Anti-Sarampo (VAS) que com penta 1. Facto que a olhos de alguns
gestores isto pode estar relacionado ao mau registo ou copilação de dados,
ainda que seja, porem, não podemos deixar de explorar outras possibilidades
como a do Distrito representado em 2.
Numa outra
perspectiva, o IQV pode ser alto. Se o Distrito X perde seu grupo alvo para o distrito Y, significa que o X terá
um desfalque nas coberturas e no IQV pois, as mães ou cuidadores das crianças
prefeririam ir para onde é próximo das suas residências ou que fornecem
melhores cuidados de saúde através de Brigadas moveis ou mesmo nos Centros de
Saúde.
Em suma, o
IQV superior a 10 ou negativo mede qualitativamente o nosso desempenho do PAV. Seja
por uma ou outra razão ainda que justificável é preciso um empenho no sentido
de reduzir ou evitar que ocorra. Noutros casos diferentes dos aqui apresentados
pode estar relacionado ao abandono, pelo simples facto do desconhecimento do calendário
vacinal por parte dos cuidadores das crianças elegíveis a vacinação o que faz
com elas não retornem para doses subsequentes e principalmente com a introdução
do VAS rubéola que se aplica aos 18 meses.
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