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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Factores que influenciam na distribuição da Malaria em Moçambique


Factores que Influenciam na Distribuição da Malária

A intensidade de transmissão da malária varia de ano para ano e de região para região. Este facto, deve-se à acção de determinados factores que influenciam na sua transmissão e distribuição. São os seguintes:

  • Factores ambientais
  • Factores do hospedeiro
  • Factores relacionados com o parasita e vector
Factores Ambientais

  • Pluviosidade
  • Altitude
  • Temperatura
  • Humidade relativa do ar
Quanto maior for a temperatura, a humidade relativa do ar e a pluviosidade, maior será a capacidade de transmissão da malária pelo aumento de criadores de mosquitos (charcos, águas estagnadas) e aumento do tempo de vida do mosquito. Em relação à altitude, quanto maior for a altitude, menor será a transmissão da malária, pois o aumento da altitude, faz baixar a temperatura criando condições desfavoráveis para a sobrevivência do mosquito e do parasita.

As características dos criadouras são factor essencial para o desenvolvimento do vector, no caso do Anopheles, desenvolve-se melhor em áreas expostas a alta incidência de luz solar e necessita de criadouros aquáticos não poluídos e de baixo fluxo. Por outro lado, a poluição de superfícies aquáticas com lixo e resíduos, em áreas submetidas a intensa urbanização se revelou deletéria para esta espécie, dificultando a transmissão da doença por redução dos criadouros naturais.

Factores do Hospedeiro
Os principais factores do hospedeiro, relacionados com a transmissão e distribuição da malária são:

  • Resistência natural
  • Imunidade adquirida
  • Idade
  • Gravidez
  • Crenças e práticas
  • Migração

A. Resistência Natural
Certas condições genéticas proporcionam resistência natural a malária.

·         Deficiência do factor Duffy (antígeno de superfície eritrocitário) confere protecção e resistência ao P. vivax

·         Hemoglobinopatias (ex: anemia falciforme, deficiência de Glicose 6 fosfato desidrogenase, talassemias)

B. Imunidade Adquirida
A exposição repetida a malária faz com que os indivíduos passem a ser semi-imunes. Isto significa que ainda estão em risco de infecção, mas não desenvolvem formas graves da doença ou ficam assintomáticos. Pacientes com imunodeficiências (HIV/SIDA, desnutridos, etc) devido a deficiente imunidade estão em risco de desenvolver formas graves e fatais de malária.

C. Idade
Crianças menores de 5 anos são um grupo de risco pois ainda não desenvolveram imunidade, sendo susceptíveis a desenvolverem formas graves de malária.

D. Gravidez
Mulheres grávidas apresentam uma diminuição da imunidade, sendo susceptíveis a desenvolverem formas graves de malária.

E. Crenças e Práticas
As crenças sobre doenças (causas, prevenção e cura) influenciam nas práticas que se toma sobre as mesmas e na adesão às medidas de prevenção do SNS. Por exemplo, em Moçambique (sobretudo no norte do país), é comum a população rejeitar que se faça a pulverização intra-domiciliária, por se acreditar que este acto está na origem da cólera e que não previne a malária. Um outro problema, é o facto de em zonas costeira onde a pesca é principal actividade (ex: Mocimboa da Praia), a população desviar as redes mosquiteiras disponibilizadas às mulheres grávidas na CPN, para a prática da pesca.

F. Migração
A migração está associada com a transmissão de malária. Por exemplo: pessoas sem imunidade contra a malária podem se deslocar de áreas sem malária para áreas endémicas  de malária, afectando assim a distribuição e transmissão. O contrário também é válido, quando uma pessoa proveniente de uma área com malária se desloca para uma área sem malária, carregam o parasita para esta área.

 Factores relacionados com o Parasita e Vector
Cada uma das espécies de plasmódio apresenta estirpes diferentes com propriedades antigénicas diferentes. Portanto, ser imune a uma estirpe não implica ser imune a outras estirpes

  • A densidade do vector – quanto maior for a densidade do vector da malária, maior é o risco de transmissão
  • Longevidade do vector – quanto maior for a longevidade (tempo de vida) do vector, maior o risco de transmissão, pois o parasita poderá completar seu ciclo de vida dentro do vector e maior capacidade de picar (alimentar-se). Ao reduzir a longevidade do vector (eliminando ou tratando os criadores), poderá se reduzir a transmissão da malária
  • Hábito de alimentação – quanto maior a frequência de alimentação do vector maior será o risco de transmissão da malária. Por outro lado, vectores que se alimentam de sangue humanos (anopheles gambiae) apresentam maior probabilidade de transmitir o parasita da malária do que vectores que se alimentam de sangue de animais ou ambos, sangue de animais e humanos. Alguns vectores preferem alimentar-se no interior de uma casa e outros no exterior de uma casa. Os vectores que se alimentam no interior de uma casa são relativamente fáceis de controlar (por exemplo: através da pulverização dentro de casa – intra-domiciliária), constituindo uma oportunidade de reduzir a transmissão da doença.

 

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