CONCEITOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
No contexto actual da pandemia da COVID-19, a notificação, consolidação e análise sistemática de dados torna-se imprescindível para gestão epidemiológica.
Para
tal, o conhecimento dos conceitos usados nesta área do saber é um elemento
essencial, que permite conceber e interpretar as diferentes situações.
Abaixo os conceitos universais mais usados no processo da vigilância epidemiológica em actividades de rotina e em situações de emergências, epidemias e pandemias.
Caso: Uma pessoa que tem uma doença especial,
uma perturbação de saúde ou uma situação que esteja dentro da definição de caso
para fins de investigação dos surtos. A definição de um caso para fins de
vigilância e investigação do surto não é necessariamente a mesma da definição
clínica comum.
Definição de Caso: um
conjunto de critérios de diagnóstico que devem ser presentes para que um
indivíduo seja considerado como um caso de uma doença especial para fins de
vigilância e investigação de surtos.
Exaustividade dos relatórios: o número de relatórios recebidos num determinado período
(mês, trimestre, ano) comparado com o número de estruturas sanitárias que devem
enviar os relatórios.
Ligação Epidemiológica:
contacto/ligação direta com um caso confirmado pelo laboratório (p. e. um
paciente com sarampo que reside no mesmo distrito ou distritos vizinhos com
transmissão plausível/possível e cujo aparecimento de erupção cutânea ocorreu
nos 30 dias anteriores ao presente caso sob investigação).
Retro-informação: o
processo de envio regular de análises e relatórios às áreas mais periféricas do
sistema de vigilância, particularmente aos fornecedores de dados. O retorno
pode ocorrer sob a forma de boletins, cartas, memorandos, chamadas telefónicas,
visitas ou combinação destes.
Incidência: número de
novos casos de uma doença específica diagnosticada ou declarada durante um período
definido dividido pelo número de pessoas numa determinada população em que os
casos ocorreram.
Logística (de vigilância): gestão, obtenção e circulação de recursos humanos,
amostras de diagnóstico e dados através da gestão de recursos, formação e
supervisão.
Monitorização: processo sistemático e contínuo de analisar dados,
procedimentos e práticas para identificar problemas, desenvolver soluções e
orientar intervenções. A monitorização é feita regularmente (diária-, semanal-,
mensal-, e trimestralmente) e está ligada à implementação de atividades de
programas. A informação recolhida é utilizada para orientar atividades de
programas numa base contínua.
Taxa de morbidade: taxa de
incidência utilizada para incluir todas as pessoas na população em estudo, que
ficaram clinicamente doentes durante um determinado período. A população pode
estar limitada a um género ou faixa etária específica ou a pessoas com outras
características.
Taxa de mortalidade:
taxa calculada da mesma forma como a taxa de incidência, dividindo o número de
óbitos que ocorrem numa determinada população durante um determinado período,
normalmente um ano, pelo número de pessoas em risco de morrer durante o
período. Uma taxa de mortalidade total ou bruta refere-se aos óbitos de todas
as causas e, normalmente, é expressa por morte por 1000 pessoas. A taxa de
mortalidade específica de doenças refere-se aos óbitos atribuídos a apenas uma
doença e, muitas vezes, é expressa como mortos por 1000 pessoas.
Indicadores de desempenho: medidas específicas acordadas sobre a forma como funciona
a vigilância e o sistema de relatórios. Estes indicadores podem medir tanto o
processo de apresentação de relatórios (p.e. a exaustividade, prontidão) como
as medidas tomadas para responder a informação de vigilância (p.e. a
percentagem de casos investigados) e o impacto das medidas de vigilância e
controlo da doença ou síndrome em questão (p.e. a percentagem de surtos
detetada pelo sistema).
Prevalência: número
total de pessoas doentes ou que apresentam um determinado problema de saúde
numa determinada população num período determinado (prevalência pontual) ou
durante um determinado período (prevalência durante um dado período)
independentemente do tempo ou da situação em que a doença começou, dividido
pela população em risco de contrair a doença ou problema de saúde num momento
indicado ou a meio percurso do período no qual a doença ou problema de saúde
ocorreu.
Cadeia de frio inverso:
a cadeia de frio inverso envolve o transporte e o armazenamento de amostras no
frio desde o momento da recolha até à chegada ao laboratório.
Posto sentinela: um posto
sentinela específico, isto é, um hospital, clínica ou estrutura de saúde que
recolhe dados de vigilância de uma doença a fim de dar indicações das tendências
epidemiológicas da doença numa área mais vasta.
Sensibilidade: capacidade
de um sistema de vigilância ou de reportagem detetar verdadeiros problemas de
saúde, isto é o rácio do número total de problema de saúde detetados pelo
sistema sobre o número total de verdadeiros problemas de saúde de acordo com o
estipulado pelos meios independentes de reconhecimento.
Especificidade: medida para ver a frequência com que o sistema deteta com
pouca frequência falsos positivos em termo de problema de saúde, isto é, o
número de indivíduos identificados pelo sistema como não estando doentes ou não
tendo um fator de risco, dividido pelo número total de pessoas que não têm a
doença ou fator de risco de interesse.
Vigilância: a recolha, a consolidação e a análise
sistemática e contínua de dados e a disseminação da informação obtidas para
aqueles que necessitam saber a fim de que possam tomar medidas.
Vigilância passiva: ocorre quando os dados são recolhidos e enviados a níveis mais
centrais regularmente.
Vigilância ativa: ocorre quando os dados são procurados através da
visita ou contacto a um posto de informação e analisando os
registos e as fichas médicas do posto para identificar casos. Também quando os
funcionários dos serviços da saúde procuram relatórios dos participantes no
sistema de vigilância numa base regular em vez de esperar pelos relatórios
(p.e. visitas regulares aos postos de reportagem).
Vigilância geral: ocorre quando os dados são recolhidos a partir do
maior número possível de postos em todo o país a fim de atingir a
representatividade.
Vigilância sentinela: ocorre quando apenas os postos selecionados fornecem
dados. Este caso raramente é representativo de uma população, mas pode ser
utilizado para monitorizar tendências e recolher mais informação detalhada.
Vigilância com base na comunidade, nas estruturas e nos
laboratórios envolve
a deteção e a notificação pelas comunidades, estruturas de saúde e laboratório
respectivamente.
Vigilância baseada em casos: vigilância de uma doença através da recolha específica de
dados sobre cada caso (p.e. recolher detalhes sobre idade, estado de vacinação,
endereço, data de início em cada caso de sarampo).
Mapa de localização dos casos: mapa que indica o local de cada caso duma doença
mostrando os locais que potencialmente estão em risco da doença que esta ser
investigada.
Pontualidade: (1) O número
de relatórios recebidos a tempo comparados com o número de estruturas
sanitárias que devem enviar os relatórios. As autoridades nacionais devem
definir a expressão “a tempo” de acordo com os meios de comunicação a nível
local. (2) O intervalo entre a
ocorrência de um acontecimento não desejado de saúde e (i) a transmissão do
relatório sobre acontecimento à instituição de saúde pública competente, (ii) a
identificação por essa instituição de tendências ou de surtos, ou (iii) a
implementação de medidas de luta. Uma vigilância efetiva de doenças fornece
informações quando esta for necessária.
Notificação zero: apresentar
relatórios regularmente mesmo que não sejam detetados casos. A ausência de
relatórios de vigilância num determinado período pode indicar a não
apresentação do relatório ou que não foram detetados casos. A notificação zero
retira esta incerteza.
Fonte:
Manual de Curso de Gestão para
Responsáveis do PAV do nível médio, OMS.
Bloco VI: Vigilância
de Doenças
Para informações mais atualizadas e
documentação sobre a formação em vacinação queiram visitar o nosso website:
http://www.afro.who.int/ARD/IVD
•referir-se
ao CD “Recursos para os Gestores de Vacinação”, versão 10 (OMS/SEDE, 2010).
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