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quarta-feira, 30 de junho de 2021

CONCEITOS ÚTEIS NA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS PREVINÍVEIS PELA VACINAÇÃO

CONCEITOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 

No contexto actual da pandemia da COVID-19, a notificação, consolidação e análise sistemática de dados torna-se imprescindível para gestão epidemiológica.

Para tal, o conhecimento dos conceitos usados nesta área do saber é um elemento essencial, que permite conceber e interpretar as diferentes situações.

Abaixo os conceitos universais mais usados no processo da vigilância epidemiológica em actividades de rotina e em situações de emergências, epidemias e pandemias.

 

Caso:         Uma pessoa que tem uma doença especial, uma perturbação de saúde ou uma situação que esteja dentro da definição de caso para fins de investigação dos surtos. A definição de um caso para fins de vigilância e investigação do surto não é necessariamente a mesma da definição clínica comum.    

 

Definição de Caso: um conjunto de critérios de diagnóstico que devem ser presentes para que um indivíduo seja considerado como um caso de uma doença especial para fins de vigilância e investigação de surtos.  

 

Exaustividade dos relatórios: o número de relatórios recebidos num determinado período (mês, trimestre, ano) comparado com o número de estruturas sanitárias que devem enviar os relatórios.

 

Ligação Epidemiológica: contacto/ligação direta com um caso confirmado pelo laboratório (p. e. um paciente com sarampo que reside no mesmo distrito ou distritos vizinhos com transmissão plausível/possível e cujo aparecimento de erupção cutânea ocorreu nos 30 dias anteriores ao presente caso sob investigação).  

 

Retro-informação: o processo de envio regular de análises e relatórios às áreas mais periféricas do sistema de vigilância, particularmente aos fornecedores de dados. O retorno pode ocorrer sob a forma de boletins, cartas, memorandos, chamadas telefónicas, visitas ou combinação destes.

 

Incidência: número de novos casos de uma doença específica diagnosticada ou declarada durante um período definido dividido pelo número de pessoas numa determinada população em que os casos ocorreram.

 

Logística (de vigilância): gestão, obtenção e circulação de recursos humanos, amostras de diagnóstico e dados através da gestão de recursos, formação e supervisão.

 

Monitorização: processo sistemático e contínuo de analisar dados, procedimentos e práticas para identificar problemas, desenvolver soluções e orientar intervenções. A monitorização é feita regularmente (diária-, semanal-, mensal-, e trimestralmente) e está ligada à implementação de atividades de programas. A informação recolhida é utilizada para orientar atividades de programas numa base contínua.  

 

Taxa de morbidade: taxa de incidência utilizada para incluir todas as pessoas na população em estudo, que ficaram clinicamente doentes durante um determinado período. A população pode estar limitada a um género ou faixa etária específica ou a pessoas com outras características.

 

Taxa de mortalidade: taxa calculada da mesma forma como a taxa de incidência, dividindo o número de óbitos que ocorrem numa determinada população durante um determinado período, normalmente um ano, pelo número de pessoas em risco de morrer durante o período. Uma taxa de mortalidade total ou bruta refere-se aos óbitos de todas as causas e, normalmente, é expressa por morte por 1000 pessoas. A taxa de mortalidade específica de doenças refere-se aos óbitos atribuídos a apenas uma doença e, muitas vezes, é expressa como mortos por 1000 pessoas.

 

Indicadores de desempenho: medidas específicas acordadas sobre a forma como funciona a vigilância e o sistema de relatórios. Estes indicadores podem medir tanto o processo de apresentação de relatórios (p.e. a exaustividade, prontidão) como as medidas tomadas para responder a informação de vigilância (p.e. a percentagem de casos investigados) e o impacto das medidas de vigilância e controlo da doença ou síndrome em questão (p.e. a percentagem de surtos detetada pelo sistema).

 

Prevalência: número total de pessoas doentes ou que apresentam um determinado problema de saúde numa determinada população num período determinado (prevalência pontual) ou durante um determinado período (prevalência durante um dado período) independentemente do tempo ou da situação em que a doença começou, dividido pela população em risco de contrair a doença ou problema de saúde num momento indicado ou a meio percurso do período no qual a doença ou problema de saúde ocorreu.

 

Cadeia de frio inverso: a cadeia de frio inverso envolve o transporte e o armazenamento de amostras no frio desde o momento da recolha até à chegada ao laboratório.

 

Posto sentinela: um posto sentinela específico, isto é, um hospital, clínica ou estrutura de saúde que recolhe dados de vigilância de uma doença a fim de dar indicações das tendências epidemiológicas da doença numa área mais vasta.

 

Sensibilidade: capacidade de um sistema de vigilância ou de reportagem detetar verdadeiros problemas de saúde, isto é o rácio do número total de problema de saúde detetados pelo sistema sobre o número total de verdadeiros problemas de saúde de acordo com o estipulado pelos meios independentes de reconhecimento.

 

Especificidade: medida para ver a frequência com que o sistema deteta com pouca frequência falsos positivos em termo de problema de saúde, isto é, o número de indivíduos identificados pelo sistema como não estando doentes ou não tendo um fator de risco, dividido pelo número total de pessoas que não têm a doença ou fator de risco de interesse.

 

Vigilância: a recolha, a consolidação e a análise sistemática e contínua de dados e a disseminação da informação obtidas para aqueles que necessitam saber a fim de que possam tomar medidas.

 

Vigilância passiva: ocorre quando os dados são recolhidos e enviados a níveis mais centrais regularmente.

 

Vigilância ativa: ocorre quando os dados são procurados através da visita ou contacto a um posto de informação e analisando os registos e as fichas médicas do posto para identificar casos. Também quando os funcionários dos serviços da saúde procuram relatórios dos participantes no sistema de vigilância numa base regular em vez de esperar pelos relatórios (p.e. visitas regulares aos postos de reportagem).

 

Vigilância geral: ocorre quando os dados são recolhidos a partir do maior número possível de postos em todo o país a fim de atingir a representatividade.

 

Vigilância sentinela: ocorre quando apenas os postos selecionados fornecem dados. Este caso raramente é representativo de uma população, mas pode ser utilizado para monitorizar tendências e recolher mais informação detalhada.

 

Vigilância com base na comunidade, nas estruturas e nos laboratórios envolve a deteção e a notificação pelas comunidades, estruturas de saúde e laboratório respectivamente.  

 

Vigilância baseada em casos: vigilância de uma doença através da recolha específica de dados sobre cada caso (p.e. recolher detalhes sobre idade, estado de vacinação, endereço, data de início em cada caso de sarampo). 

Mapa de localização dos casos: mapa que indica o local de cada caso duma doença mostrando os locais que potencialmente estão em risco da doença que esta ser investigada.

 

Pontualidade: (1) O número de relatórios recebidos a tempo comparados com o número de estruturas sanitárias que devem enviar os relatórios. As autoridades nacionais devem definir a expressão “a tempo” de acordo com os meios de comunicação a nível local. (2) O intervalo entre a ocorrência de um acontecimento não desejado de saúde e (i) a transmissão do relatório sobre acontecimento à instituição de saúde pública competente, (ii) a identificação por essa instituição de tendências ou de surtos, ou (iii) a implementação de medidas de luta. Uma vigilância efetiva de doenças fornece informações quando esta for necessária.

 

Notificação zero: apresentar relatórios regularmente mesmo que não sejam detetados casos. A ausência de relatórios de vigilância num determinado período pode indicar a não apresentação do relatório ou que não foram detetados casos. A notificação zero retira esta incerteza.

 

Fonte:

Manual de Curso de Gestão para Responsáveis do PAV do nível médio, OMS.

Bloco VI: Vigilância de Doenças

Para informações mais atualizadas e documentação sobre a formação em vacinação queiram visitar o nosso website: http://www.afro.who.int/ARD/IVD

•referir-se ao CD “Recursos para os Gestores de Vacinação”, versão 10 (OMS/SEDE, 2010).

 

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