Falar de Malária
em Moçambique é mesmo que falar daquele
problema que o povo acha “normal”, o estranho seria não contrai-la. Se calhar
seja por essa razão que a endemia continua sendo uma das principais causas de
procura de serviços sanitários no País, constituindo assim o padrão de doença e
mortalidade ao longo dos tempos.
Epidemiologicamente,
esta doença distribui-se por regiões de clima tropical quente e temperado,
devido as condições que o seu vector (mosquito) necessita para a sua
multiplicação, associado a este factor, o deficiente saneamento do meio,
acúmulo de aguas residuais, principalmente nas zonas urbanas, a desinformação
ou falta de informação das populações sobre
as medidas de prevenção constituem em parte as razões para o aumento de casos.
É comum
ouvir utentes nas unidades Sanitárias a darem diagnostico da Malária , apesar
dos meios auxiliares de diagnóstico mostrarem o contrario. Afinal, como disse,
esta doença e considerada normal entre muitos moçambicanos que estão
vulneráveis a contrair e nalgum momento ignoram a sua prevenção. Não é novidade
que muitos aplicam inadequadamente aquela que é considerada a medida mais
eficaz de prevenção, a rede mosquiteira.
Alguns
preferem usa-la nas actividades pesqueiras, outros na machamba, outros ainda
para vedação de capoeiras ou filtração de águas em cisternas. Estas práticas levam-nos
a refletir sobre ate que ponto a malária é realmente levada como problema de
saúde entre as comunidades e que repercussões trás a vida das populações. Se
esta questão for discutida entre os intervenientes, provavelmente a incidência
e prevalência seriam baixas, o que significa que menos pessoas seriam
acometidas e não sofreriam suas consequências.
A questão é
de consciência e nível de interesse pela causa em todos sentidos, tanto pelos
provedores de saúde, quanto pela comunidade. O desinteresse é generalizado,
pois, ate quem tem informação e que devia transmitir a outros ignora. O que se
pode esperar de quem a ouve com terceiros, muitas vezes implícita e deturbada,
porque quem a transmite já tem um preconceito sobre a sua relevância e só o faz
porque enfim…
A adoção de
hábitos favoráveis à saúde parte primeiramente de os envolvidos na causa
sentirem se parte integrante do problema e, o interesse pela resolução ser
intrínseco. Não se justifica, na minha opinião, a incidência da Malária ser
crescente a cada ano, enquanto a cada ano são traçadas novas estratégias, são formados
mais profissionais de saúde, activistas comunitários e todos estão empenhados
na mesma causa.
O que esta
a falhar? Se lembrarmos o oitavo postulado do ALFRED ENVAS: “A
eliminação ou modificação da causa provável deve diminuir a incidência da
doença” sugere nos uma outra percepção e questionamento sobre a eficácia do
trabalho que esta sendo feito para eliminar a causa da Malária, o mosquito.
Aliás, esta
é a questão de base: pretende-se eliminar o mosquito, ou evitar que o mosquito entre
em contacto com o hospedeiro susceptível, o homem? Se atendermos a esta
questão, se calhar far-se-á aposta mais certa pelos políticos, governantes,
profissionais de saúde, etc. o que se tem notado nas ultimas décadas é uma
aposta ineficaz, que é a distribuição de redes mosquiteiras e vários factores
são ignorados quanto a sua aplicação, alguns dos quais já nos referimos anteriormente.
Provavelmente, 90% das pessoas que contraem a Malária não o fazem enquanto dormem, porque
provavelmente estejam a usar a rede Mosquiteira e mesmo assim adoecem, com isso
a credibilidade da rede mosquiteira diminui substancialmente, a isso associam-se
outras concepções como: a rede causa
calor, não apanho sono dentro da rede, no inverno não tem mosquitos, etc.
Particularmente,
acho que as medidas de prevenção da Malária não deviam estar centradas no
hospedeiro (homem) mas sim no meio ambiente porque é onde o mosquito se
encontra e replica-se constantemente. Os métodos de prevenção deviam ser
conjugados e aplicados simultaneamente com prioridade para o meio ambiente.
Haver uma eliminação dos potencias criadouros dos mosquitos, seja pela
aplicação de insecticidas e adoção de politicas rigorosas e sustentáveis de
saneamento de meio a todos níveis e aliado a isto o correcto diagnostico e
tratamento dos casos confirmados.
Noraldino
Nuva
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