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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Imagine uma comunidade inclusiva nas acções de saúde

Já deu uma pausa para imaginar como a sua comunidade seria se ela colaborasse em todas acções de saúde? Pois é, talvez o número de consultas externas reduziria pela metade, ou até mesmo em 90% e principalmente as baixas hospitalares e comunitárias também seriam ínfimas.
O que será que está a falhar? Acções de envolvimento comunitário? Comunidade incompreensível ou ignorante?
Seria preciso se calhar um estudo para eliminar as especulações. Mas temos que assumir antes que a comunidade pouco colabora quando as acções concernem a saúde, embora seja em benefício dela.
Tire um minuto para fazer uma estatística de quantas vezes já convocou uma reunião na sua comunidade para uma jornada de limpeza, construção de sanitários, aterros sanitários ou qualquer outra actividade de interesse comúm. E quantas pessoas compareceram em relação ao número total de pessoas que asseguras terem tido informação?
Talvez nem 5%. Muitas vezes ficamos a nos perguntar, será que o problema está connosco os provedores ou com a comunidade? E como ninguém gosta de assumir a culpa, jogamos toda ela para a comunidade. Num acto de supervisão distrital ou provincial se lhe perguntam dados de saúde da comunidade se não são satisfatórios, certamente dizemos ‘’ essa comunidade não colabora, por isso as coberturas foram baixas este mês’’.
É certo que colaborar em cem por cento é difícil (mas não impossível), é preciso saber trabalhar com a comunidade e com cada membro dela. Já era aquela época em que as casas, cozinhas e casas de banho de funcionários de saúde assim como da educação que construía era a comunidade. Nem queira que volte a acontecer, porque passará apenas de um desejo.
Toda comunidade por mais recôndita que seja tem seu responsável, aquém todos o ouvem e ‘’ prestam contas’’ de tudo quanto acontece no seu território. Que tal começar por falar com o pai da família antes de fazer algum trabalho com seus filhos em sua casa!? Ainda pode resultar. Por experiência no campo já notei que todo líder comunitário adora um favor extra em troca de uma actividade prestada. Não é mau, afinal que não gosta mesmo!
Mas temos que fazer perceber que os benefícios a curto prazo não vale a pena investir neles. Temos mesmo que nos sacrificar por algo duradoiro. A saúde é um bem estar indispensável para todos, ela depende de pequenos factores em algum momento desprezíveis a mais complexos temidos. Contudo, se todos não estiverem sobre controlo podem causar consequências nefastas a saúde da comunidade.
Quem cuida da saúde não é o técnico de saúde dessa região, mas sim os próprios membros dessa área, o técnico apenas auxilia com algum conhecimento científico, aliás, ele também pode ser auxiliado, afinal ninguém sabe tudo, não é mesmo? Com isso é preciso que o líder comunitário esteja rigidamente consciencializado sobre os ganhos que estaria trazendo para a sua comunidade quando aceita colaborar nas acções de saúde. Ele deve perceber que o técnico de saúde afecto num determinado centro de saúde é viajante, ou seja, devido a conveniências de serviço ele pode ser transferido para outros hospitais, mas a população sempre permanece no mesmo local (por mais que viagem, mas sempre volta) então, qualquer actividade que ali é feita em benefício da comunidade é sempre relevante para os que estão presentes e para as gerações vindouras.
É nesse sentido que as estruturas locais junto à comunidade devem ser envolvidas em matéria de participação nas actividades de saúde. Um estimulo é sempre bem-vindo quando se trata desses assuntos. Geralmente em campanhas de Semana Nacional de Saúde os líderes comunitários constituem a alavanca para o alcance das coberturas planificadas, uma vez como já se disse antes eles tem um poder de persuasão sobre suas comunidades. Mas deve ter sempre em atenção deixar uma camisete e um boné para ele, como forma de motiva-lo.
A categoria de medicina preventiva está nos últimos anos em ascensão e esses estão devidamente capacitados em matéria de envolvimento comunitário e educação para saúde. Muitas vezes são afectos num centro de saúde e apenas encontram lá uma Enfermeira de Saúde Materno Infantil que não tem os ‘’ truques’’ de como envolver uma comunidade em determinada actividade e ela fala para o TMP&SM assim:  ‘’a comunidade daqui nem vale a pena, não ajuda em nada’’
Inocente que provavelmente seja, não quer apurar a veracidade dos factos, apenas entra na mesma linha de pensamento e como consequência tudo fica estagnado no tempo, entra na rotina da unidade sanitária. Sua actividade passa a ser simplesmente vacinar. Os mais ousados passam a te chamar de vacinador.
O TMP deve ser um indivíduo activo e proactivo quando se trata do seu trabalho, deve estar conscientizado que seus dados consegue todos no campo, diferente de algumas áreas que só ficam na unidade sanitária esperando que pacientes apareçam, aliás, que também poucos aparecerão se o técnico de medicina preventiva não agir no campo. É importante referir aqui também a questão de recursos para responder algumas actividades no campo. Primeiro o meio circulante e em algum momento os próprios instrumentos de trabalho. É por isso que não basta ter apenas vontade de trabalho é preciso acima de tudo estar capacitado em termos de recursos para desenvolver essas actividades. Logo, deve se estabelecer um vínculo de comunicação e envolvimento com a sua estrutura máxima do seu distrito e se poder peça financiamento a organizações não estatais que operam no seu Distrito ou área de saúde...
Noraldino nuva



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