Já deu uma pausa para imaginar como a sua comunidade seria se ela
colaborasse em todas acções de saúde? Pois é, talvez o número de consultas
externas reduziria pela metade, ou até mesmo em 90% e principalmente as baixas
hospitalares e comunitárias também seriam ínfimas.
O que será que está a falhar? Acções de envolvimento comunitário?
Comunidade incompreensível ou ignorante?
Seria preciso se calhar um estudo para eliminar as especulações. Mas
temos que assumir antes que a comunidade pouco colabora quando as acções
concernem a saúde, embora seja em benefício dela.
Tire um minuto para fazer uma estatística de quantas vezes já
convocou uma reunião na sua comunidade para uma jornada de limpeza, construção
de sanitários, aterros sanitários ou qualquer outra actividade de interesse
comúm. E quantas pessoas compareceram em relação ao número total de pessoas que
asseguras terem tido informação?
Talvez nem 5%. Muitas vezes ficamos a nos perguntar, será que o
problema está connosco os provedores ou com a comunidade? E como ninguém gosta
de assumir a culpa, jogamos toda ela para a comunidade. Num acto de supervisão
distrital ou provincial se lhe perguntam dados de saúde da comunidade se não são
satisfatórios, certamente dizemos ‘’ essa comunidade não colabora, por isso as
coberturas foram baixas este mês’’.
É certo que colaborar em cem por cento é difícil (mas não
impossível), é preciso saber trabalhar com a comunidade e com cada membro dela.
Já era aquela época em que as casas, cozinhas e casas de banho de funcionários
de saúde assim como da educação que construía era a comunidade. Nem queira que
volte a acontecer, porque passará apenas de um desejo.
Toda comunidade por mais recôndita que seja tem seu responsável,
aquém todos o ouvem e ‘’ prestam contas’’ de tudo quanto acontece no seu
território. Que tal começar por falar com o pai da família antes de fazer algum
trabalho com seus filhos em sua casa!? Ainda pode resultar. Por experiência no
campo já notei que todo líder comunitário adora um favor extra em troca de uma
actividade prestada. Não é mau, afinal que não gosta mesmo!
Mas temos que fazer perceber que os benefícios a curto prazo não
vale a pena investir neles. Temos mesmo que nos sacrificar por algo duradoiro. A
saúde é um bem estar indispensável para todos, ela depende de pequenos factores
em algum momento desprezíveis a mais complexos temidos. Contudo, se todos não
estiverem sobre controlo podem causar consequências nefastas a saúde da
comunidade.
Quem cuida da saúde não é o técnico de saúde dessa região, mas sim
os próprios membros dessa área, o técnico apenas auxilia com algum conhecimento
científico, aliás, ele também pode ser auxiliado, afinal ninguém sabe tudo, não
é mesmo? Com isso é preciso que o líder comunitário esteja rigidamente
consciencializado sobre os ganhos que estaria trazendo para a sua comunidade
quando aceita colaborar nas acções de saúde. Ele deve perceber que o técnico de
saúde afecto num determinado centro de saúde é viajante, ou seja, devido a
conveniências de serviço ele pode ser transferido para outros hospitais, mas a
população sempre permanece no mesmo local (por mais que viagem, mas sempre
volta) então, qualquer actividade que ali é feita em benefício da comunidade é
sempre relevante para os que estão presentes e para as gerações vindouras.
É nesse sentido que as estruturas locais junto à comunidade devem
ser envolvidas em matéria de participação nas actividades de saúde. Um estimulo
é sempre bem-vindo quando se trata desses assuntos. Geralmente em campanhas de
Semana Nacional de Saúde os líderes comunitários constituem a alavanca para o
alcance das coberturas planificadas, uma vez como já se disse antes eles tem um
poder de persuasão sobre suas comunidades. Mas deve ter sempre em atenção
deixar uma camisete e um boné para ele, como forma de motiva-lo.
A categoria de medicina preventiva está nos últimos anos em ascensão
e esses estão devidamente capacitados em matéria de envolvimento comunitário e
educação para saúde. Muitas vezes são afectos num centro de saúde e apenas
encontram lá uma Enfermeira de Saúde Materno Infantil que não tem os ‘’ truques’’
de como envolver uma comunidade em determinada actividade e ela fala para o TMP&SM
assim: ‘’a comunidade daqui nem vale a pena,
não ajuda em nada’’
Inocente que provavelmente seja, não quer apurar a veracidade dos
factos, apenas entra na mesma linha de pensamento e como consequência tudo fica
estagnado no tempo, entra na rotina da unidade sanitária. Sua actividade passa
a ser simplesmente vacinar. Os mais ousados passam a te chamar de vacinador.
O TMP deve ser um indivíduo activo e proactivo quando se trata do
seu trabalho, deve estar conscientizado que seus dados consegue todos no campo,
diferente de algumas áreas que só ficam na unidade sanitária esperando que
pacientes apareçam, aliás, que também poucos aparecerão se o técnico de
medicina preventiva não agir no campo. É importante referir aqui também a
questão de recursos para responder algumas actividades no campo. Primeiro o
meio circulante e em algum momento os próprios instrumentos de trabalho. É por
isso que não basta ter apenas vontade de trabalho é preciso acima de tudo estar
capacitado em termos de recursos para desenvolver essas actividades. Logo, deve
se estabelecer um vínculo de comunicação e envolvimento com a sua estrutura
máxima do seu distrito e se poder peça financiamento a organizações não estatais
que operam no seu Distrito ou área de saúde...
Noraldino nuva
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