Droga
Droga (do francês
drogue, 'ingrediente de tintura ou de substância química e
farmacêutica', de origem controversa; provavelmente derivado do neerlandês droge vate, tonéis secos, de
onde, por substantivação, droge passou a designar o conteúdo, o 'produto
seco'; ou do árabe dúrawá, 'bala de trigo'), em seu
sentido original, é um termo que abrange uma grande quantidade de substâncias - desde o carvão
vegetal à aspirina.
Em medicina,
refere-se a qualquer substância com o potencial de prevenir ou curar doenças ou
aumentar o bem-estar físico ou mental; em farmacologia,
refere-se a qualquer agente químico que altera os processos bioquímicos
e fisiológicos
de tecidos ou organismos. Portanto, droga é uma
substância que é, ou pode ser, incluída numa farmacopéia.
Contudo, em um
contexto legal e no sentido corrente (fixado depois de quase um século de
repressão ao consumo de certas drogas), o termo "droga" refere-se,
geralmente, a substâncias psicoativas e, em particular,
às drogas ilícitas ou àquelas cujo uso é regulado
por lei, por provocarem alterações do estado de consciência
do indivíduo, levando-o eventualmente à dependência química (haxixe, ácido lisérgico, mescalina,
álcool
etc.). Certos fármacos de uso médico controlado, tais como os opiáceos,
também podem ser tratados como drogas ilícitas, quando produzidos e
comercializados sem controle dos órgãos sanitários ou se consumidos sem prescrição
médica.
Conceito
Droga é toda e
qualquer substância, natural ou sintética que, uma vez introduzida no
organismo, modifica suas funções.
As drogas naturais
são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais -
a cafeína
(do café),
a nicotina
(presente no tabaco),
o ópio
(na papoula)
e o THC
ou tetrahidrocanabinol (da Cannabis).
As drogas
sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas
especiais. O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum
é uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe
as funções, as sensações, o humor e o comportamento.
No Brasil, a
legislação define como droga "as substâncias ou produtos capazes de causar
dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União" segundo o
parágrafo único do art. 1.º da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto
de 2006
(Lei de Drogas). Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
- Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define
crimes e dá outras providências. Isto significa dizer que as normas
penais que tratam do usuário, do dependente e do traficante são consideradas
normas penais em branco. Actualmente, no país, são consideradas drogas todos os
produtos e substâncias listados na Portaria n.º SVS/MS 344/98 do Ministério da
Saúde.
Tipos de drogas
O termo
"droga" envolve os analgésicos,
estimulantes,
alucinógenos,
tranquilizantes
e barbitúricos,
além do álcool
e substâncias voláteis. As psicotrópicas
são as drogas que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as
atividades psíquicas e o comportamento.
Quanto ao efeito
Quanto ao tipo de
efeito no sistema nervoso podem ser classificadas como:
- Depressoras (psicodislépticas)- diminuem a
atividade do sistema nervoso atuando em receptores (neurotransmissores) específicos. Exemplos:
álcool,
barbitúricos, diluentes, quetamina,
cloreto de etila ou lança perfume, clorofórmio,
ópio,
morfina,
heroína,
e inalantes em geral (cola de sapateiro, etc).
- Psicodistropticas ou
psicodislépticas (drogas perturbadoras/modificadoras) – têm por
característica principal a despersonalização ou modificação da percepção
(daí o termo alucinógeno para sua designação) em maior
ou menor grau. Exemplos: Algumas espécies de cogumelos,
LSD,
maconha,
MDMA
ou ecstasy
e o DMT.
- Psicolépticas ou
estimulantes - produzem aumento da atividade pulmonar (ação adrenérgica),
diminuem a fadiga, aumentam a percepção ficando os demais sentidos
ativados. Exemplos: cocaína, crack,
cafeína,
teobromina
(presentes em chocolates), GHB, metanfetamina, anfetaminas
(bolinha, arrebite) etc.
Essas drogas podem
ser absorvidas de várias formas: por injeção,
por inalação,
via oral
ou injeção intravenosa.
Quanto à forma de produção
Quanto à forma de
produção, classificam-se como:
- Naturais - aquelas que são extraídas de
plantas. Exemplos: tabaco, cannabis,
ópio.
- Semissintéticas - são produzidas
através de modificações em drogas naturais. Exemplos: crack,
cocaína,
heroína.
- Sintéticas - são produzidas através
de componentes ativos não encontrados na natureza. Exemplos: anfetamina,
anabolizante.
Tipos de usuários de drogas
É comum distinguir
o abuso de
drogas (dependência) do seu consumo experimental, ou já em fase de
risco de dependência. Esta classificação refere-se à quantidade e periodicidade
em que ela é usada. Os usuários podem ser classificados, segundo CID 10 rev., em:
- experimentador
- usuário ocasional
- habitual
- dependente
Outra
classificação se refere ao uso das drogas em desvio de seu uso habitual, como
por exemplo o uso de cola, gasolina, benzina, éter, dentre outras substâncias químicas, para provocar um
estado de euforia ou torpor.
Efeitos
Sob o efeito de
determinadas drogas, o indivíduo parece ver além do comum em objetos, em gestos
ou até mesmo no vazio, daí a utilização de termos como despersonalização,
alucinação ou sintomas paranoicos e psicóticos
na descrição do seu comportamento. Sob o efeito de drogas, algumas pessoas
tendem a parecer mais introspectivas ou mais extrovertidas e agressivas, a
depender do tipo de substância consumida, assim como do contexto de utilização
e dos próprios traços de personalidade individual.
A dependência de
drogas está relacionada tanto ao prazer produzido, usualmente designado como euforia,
sensação de bem estar, estimulação ou entorpecimento (analgesia),
como à compreensão deformada de seus efeitos nocivos (tóxicos) ao organismo,
além dos mecanismos químicos ou crise de abstinência induzidos pela
ausência da substância após um período de uso continuado. Ademais, ao adquirir
drogas no mercado negro, o indivíduo se expõe a outros
riscos - agressão, roubo, consumo involuntário de outras substâncias nocivas
misturadas às drogas, violência policial e prisão.
O serviço prestado
pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento da
desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que tanto indivíduos
quanto povos lhes concederam um lugar permanente na economia de sua libido.
Devemos a tais veículos não só a produção imediata de prazer, mas também um
grau altamente desejado de independência do mundo externo, pois sabe-se que,
com o auxílio desse ‘amortecedor de preocupações’, é possível, em qualquer
ocasião, afastar-se da pressão da realidade e encontrar refúgio num mundo
próprio, com melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é
exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a
sua capacidade de causar danos. São responsáveis, em certas circunstâncias,
pelo desperdício de uma grande quota de energia que poderia ser empregada
para o aperfeiçoamento do destino humano. |
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Sobre a "fuga
da realidade", expressão usada para descrever a sensação de prazer
derivada do uso de certas drogas, Sigmund Freud
(1856-1939) escreveu, em 1930:
Um outro aspecto
do efeito de drogas e das razões que causam relações de dependência psicológica
é a forma como estas interagem com o que, na perspectiva de teoria
comportamental, se considera como variáveis de autocontrole,
ou seja, na medida em que substituem as condições controladoras do ambiente
(religião, economia, governo etc). Segundo B. F. Skinner (1904-1990), usam-se drogas
que estimulam o efeito de variáveis no autocontrole.
Através
do uso de anestésicos, analgésicos e soporíferos, reduzem-se os estímulos
dolorosos ou distraidores que não podem ser facilmente alterados de outra
maneira. Aperitivos e afrodisíacos algumas vezes são usados na crença de que
duplicam os efeitos da privação nos campos da fome e do sexo,
respectivamente. Usam-se outras drogas para efeitos opostos. Os estímulos
aversivos condicionados na "culpa" são contra-atacados mais ou
menos eficientemente pelo álcool. Padrões típicos de comportamento eufórico
são gerados pela morfina e drogas parecidas, e com menor escala pela cafeína
e nicotina.
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