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CENTRO DE FORMAÇÃO
EM SAÚDE - MASSINGA
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CURSO DE TECNIOS DE
MEDICINA PREVENTIVA – TURMA -6
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CADEIRA DE HIGIENE
AMBIENTAL
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GENEROS DE
MOSQUITOS E TIPOS DE PALASMODIO
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Género Anopheles
Anopheles
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Anopheles, comumente chamado de mosquito-prego,
é um género de mosquito com ampla distribuição mundial, presente nas regiões
tropicais e subtropicais, incluindo Portugal, o Brasil, a China, a Índia e a África. É o agente transmissor da malária e, em alguns casos, da filariose. Os mosquitos-fêmea deste gênero são, para os humanos, os animais mais mortais do mundo,
causando anualmente a morte de mais de 1 milhão de pessoas.1
Os anofelinos são hematófagos e várias espécies do gênero são vetoras do Plasmodium, o protozoário causador da malária. Dentre essas, destacam-se Anopheles maculipennis (Europa), A. culicifacies (Índia), A. minimus (de Assam até a China e Filipinas), A. gambiae e A. funestus na África; no neotrópico, A. albimanus (México), A. nuñeztovari (Venezuela e Colômbia), A. darlingi e A. aquasalis (Brasil). Outras
espécies importantes na transmissão da malária no Brasil são A. bellator
e A. cruzii, os equivalentes ecológicos das duas últimas, no sul do país
- região atualmente livre da doença. Menos importante é Anopheles albitarsis.2
Há cerca de 400 espécies, incluindo 40 que transmitem o
plasmódio. A mais comum das transmissoras é o Anopheles gambiae. Só a fêmea é que pica o homem e se alimenta de sangue. Os
machos alimentam-se dos sucos ricos em glicose de plantas.
O Anopheles prefere temperaturas de 20 a 30 °C e altas taxas de umidade. Não sobrevive em grande número se
as temperaturas médias diárias caírem abaixo dos 15 °C e não gosta de altitudes
acima dos 1500 metros.
Os anofelinos distinguem-se dos outros mosquitos pelos seus palpos quase tão longos quanto as probóscides, e pelas suas escamas brancas e pretas nas asas. Têm um
comportamento típico, descansando com o abdomen em angulo para cima.
Ciclo de vida
As fêmeas vivem de duas semanas a um mês. Têm preferência pelo
sangue humano, mas também picam animais. Põem cerca de duzentos ovos de cada
vez, em água parada. Os ovos têm bóias naturais, demorando apenas 2 a 3 dias a
maturar (ou 1 a 2 semanas em climas mais frios), e não sobrevivem às baixas
temperaturas nem à desidratação.
As larvas alimentam-se por filtração de bactérias e outros microorganismos da água. Ao contrário de outras
espécies não têm sifão, absorvendo o ar da superficie com a boca. As larvas passam
por quatro estágios, sofrendo, posteriormente, metamorfose em pupas.
Enquanto se desenvolvem, as pupas vêm à superfície para
respirar e, cerca de 10 a 15 dias após a deposição dos ovos, transformam-se em
mosquitos adultos, imediatamente activos sexualmente. Os machos vivem cerca de
uma semana e alimentam-se de néctar. As fêmeas alimentam-se de sangue, mais rico em nutrientes necessários para pôrem os ovos.
Estado larval Estado pupalar Estado adulto
Coagulação do sangue
Os mosquitos usam uma
molécula para controlar o sistema de coagulação durante as suas refeições de
sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.
A anofelina tem uma “abordagem radicalmente inovadora” no
controle do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trombina
aproveitando os locais normalmente utilizados por substratos naturais do
organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta
forma, o fibrinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não
se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina.
Encravando os locais também usados pelo fibrinogénio como ligação à trombina, à
semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a
formação de coágulos.
A molécula pode servir de base à concepção de fármacos
sintéticos para prevenir e tratar as doenças cardiovasculares.
Género Culex
Culex é um gênero de mosquito descrito por Linnaeus em 1758, vulgarmente conhecido por pernilongo ou pernilongo-comum, que apresenta a maior variedade de espécies entre os culicídeos, abrangendo uma grande variedade de nichos, dos criadouros naturais, como bromélias, ou artificiais, como pneus e vasos de plantas. Por ter despertado o interesse médico mais recentemente, é um gênero muito pouco estudado e assim, organizado no sentido sistemático, taxonêmico e filogenético. É muito comum encontrar espécies de Culex em cidades, sendo vetor de algumas doenças, entre elas a filariose.
É vetor de vírus de encefalite como o do Nilo ocidental. Pode transmitir também a elefantíase, sendo vetor de um nematelminto.
Ciclo de vida
O ciclo do
seu desenvolvimento compreende-se em duas semanas e implica uma metamorfose completa (o que significa que
durante vários estágios de seu desenvolvimento, as mudanças também ocorrem no
campo da sua morfologia e não somente no tamanho). Os ovos podem ser colocados
individualmente ou em grupos, de acordo com a espécie. Eclodem na presença da
água dando origem a uma larva do primeiro estágio. Todos os estágios da larvas
ocorrem dentro da água e essas larvas alimentam-se
de matéria orgânica e plantas que conduzem ao aumento do tamanho dos estágios
sucessivos. As larvas do sexto estágio evoluem na ninfa, no formulário de uma vírgula. A ninfa cessa da
alimentação via nutrição e termina sua metamorfose como um adulto após um dia
ou dois.
Larvas de Culex com uma pupa ao centro.
Género Aedes aegypti
Aedes (Stegomyia) aegypti (aēdēs do grego "odioso" e ægypti do latim
"do Egipto") é a nomenclatura
taxonômica para o mosquito que é
popularmente conhecido como mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado1 . É uma espécie de mosquito da família Culicidae proveniente de África, atualmente distribuído por quase todo o mundo, com
ocorrência nas regiões tropicais e subtropicais, sendo dependente da concentração humana no local para se
estabelecer. O mosquito está bem adaptado a zonas urbanas, mais precisamente ao domicílio humano, onde consegue
reproduzir-se e pôr os seus ovos em pequenas quantidades de água limpa, isto é,
pobres em matéria
orgânica em decomposição e sais (que confeririam características ácidas à água), que preferivelmente estejam sombreados e no peridomicílio. As fêmeas, para realizar hematofagia, podem percorrer até 2 500 m.2 É considerado vector de doenças graves como o dengue e a febre amarela e, por isso mesmo, o controle das suas populações é
considerado assunto de saúde
pública.
Etimologia
Aedes vem do grego aēdēs, que significa "odioso". Aegypti
vem do latim ægypti, que significa "do Egipto". O nome
científico Aedes aegypti, portanto, é uma referência a seu papel como
transmissor de doenças perigosas para o homem (febre amarela e dengue) e uma referência
à sua origem africana. "Mosquito" vem do latim musca3 . "Pernilongo" é uma referência a suas longas
patas. "Rajado" é uma referência a suas típicas listras brancas e
pretas.4 .
Descrição
O Aedes aegypti é um mosquito que se encontra ativo e
pica durante o dia, ao contrário do Anopheles, vector da malária, que tem atividade crepuscular. O Aedes aegypti tem
como vítima preferencial o homem e faz praticamente nenhum som audível antes de
picar. Mede menos de 1 centímetro; é preto com manchas brancas no corpo e nas
pernas.5
O seu controle é difícil, por ser muito versátil na escolha
dos criadouros onde deposita seus ovos, que são extremamente resistentes,
podendo sobreviver vários meses até que a chegada de água propicie a incubação.
Uma vez imersos, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem
às pupas, das quais surge o adulto. Como em quase todos os outros
mosquitos, somente as fêmeas se alimentam de sangue para a maturação de seus
ovos; os machos se alimentam apenas de substâncias vegetais e açucaradas.
Por se adaptar bem a vários recipientes, a expansão deste
mosquito a partir do seu habitat original foi rápida. O Aedes aegypti
foi introduzido na América do Sul através de barcos provenientes de África. Nas Américas, se admite que sua primeira colonização sobre o Novo Mundo ocorreu através dos navios negreiros no período colonial junto com os escravos. Houve casos em que os barcos ficaram com a tripulação tão
reduzida que passaram a vagar pelos mares, constituindo os "navios-fantasmas". No Brasil, o Aedes aegypti havia sido erradicado na década de
1950; entretanto, nas décadas de 1960 e 1970, ele voltou a colonizar esse país,
vindo dos países vizinhos que não haviam conseguido promover a sua total
erradicação.
O Aedes aegypti está presente nas regiões tropicais de
África e da América do Sul, chegando à Ilha da Madeira, em Portugal e ao estado da Flórida, nos Estados Unidos. Nessa zona, o Aedes aegypti tem vindo a declinar,
graças à competição com outra espécie do mesmo gênero, o Aedes albopictus. Este fato, porém, não trouxe boas notícias, uma vez que o A.
albopictus é também um vetor da dengue, bem como de vários tipos de
encefalite equina. Mas, no Brasil, o único que transmite a Dengue é o A.aegypti.
E a competição entre as duas espécies ocorre devido ao fato de a fêmea do A.
aegypti se acasalar tanto com o macho de sua espécie, quanto com o macho do
A. albopictus que é mais agressivo e, sendo de outra espécie, gera ovos
inférteis, reduzindo assim a população de A. aegypti.
Género flebótomos/Mosquito-palha
Mosquito-palha/ Flebótomos
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Mosquito-palha, também conhecido como
birigui, cangalha, tatuquíra, entre outros, são mosquitos (diptera), pequenos, corcundas e com as asas, estreitas e de forma
lanceolada, sempre levantadas quando estão pousados.
São conhecidas cerca de 450 espécies, distribuídas no
continente americano, sendo o gênero Lutzomyia responsável pela
transmissão da leishmaniose, uma doença provocada pelos parasitas unicelulares do gênero Leishmania, um protozoário. Leishmaniose é geralmente transmitida no Velho Mundo pelo
inseto do gênero Phlebotomus. A doença é transmitida ao homem através de
um reservatório animal (hospedeiro) como os roedores e os canídeos.
A transmissão dá-se classicamente pela picada do flebotomíneo
ou flebótomo, chamado de inseto vetor. Somente as fêmeas sugam sangue, pondo
algumas dezenas de ovos em locais terrestres úmidos, como sob pedras e folhas
no solo. Após 30-60 dias, a larva madura fixa-se no subtrato e se transforma em
pupa, mudando após mais alguns dias para adulto. Os adultos
parecem voar poucas centenas de metros, em geral com um vôo saltitante e só
picam partes do corpo não cobertas por roupas. Sua picada costuma ser dolorosa,
e podem transmitir várias espécies de Leishmania, tanto em florestas
quanto em ambientes modificados. Há espécies que picam somente em florestas, e
outras que se adaptam a ambientes modificados, incluindo o peridomicílio e áreas com vegetação arbustiva, como Lutzomyia
longipalpis, que transmite Leishmania infantum chagasi, causadora de
leishmaniose
visceral.
Mosquito-palha, também conhecido como birigui, cangalha, tatuquíra,
entre outros, são mosquitos (diptera), pequenos, corcundas e com as asas, estreitas e de forma
lanceolada, sempre levantadas quando estão pousados.
São conhecidas cerca de 450 espécies, distribuídas no
continente americano, sendo o gênero Lutzomyia responsável pela
transmissão da leishmaniose, uma doença provocada pelos parasitas unicelulares do gênero Leishmania, um protozoário. Leishmaniose é geralmente transmitida no Velho Mundo pelo
inseto do gênero Phlebotomus. A doença é transmitida ao homem através de
um reservatório animal (hospedeiro) como os roedores e os canídeos.
A transmissão dá-se classicamente pela picada do flebotomíneo
ou flebótomo, chamado de inseto vetor. Somente as fêmeas sugam sangue, pondo
algumas dezenas de ovos em locais terrestres úmidos, como sob pedras e folhas
no solo. Após 30-60 dias, a larva madura fixa-se no subtrato e se transforma em
pupa, mudando após mais alguns dias para adulto. Os adultos
parecem voar poucas centenas de metros, em geral com um vôo saltitante e só
picam partes do corpo não cobertas por roupas. Sua picada costuma ser dolorosa,
e podem transmitir várias espécies de Leishmania, tanto em florestas
quanto em ambientes modificados. Há espécies que picam somente em florestas, e
outras que se adaptam a ambientes modificados, incluindo o peridomicílio e áreas com vegetação arbustiva, como Lutzomyia
longipalpis, que transmite Leishmania infantum chagasi, causadora de
leishmaniose
visceral.
A modificação da vegetação costuma causar a redução na
população de uma espécie e o aumento na de outra, que pode substituir a
primeira como vetor de alguma espécie de Leishmania.
Embora em diversas obras da literatura seja citado apenas o
gênero Lutzomyia como os insetos vetores das leishmanioses na América, o
recente trabalho de Galati (2003) propõe uma nova classificação do grupo, com a
criação de novos gêneros.
Malária
Malária
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Plasmodium falciparum em forma de
anel e gametócitos no
sangue humano.
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A malária ou paludismo é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito do gênero Anopheles fêmea.
A malária mata 3 milhões de pessoas por ano1 , uma taxa só comparável à da SIDA/AIDS, e afeta mais de 500 milhões de pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morte em crianças nesses países: (mata um milhão de crianças com menos de 5 anos a cada ano). Segundo a OMS, a malária mata uma criança africana a cada 30 segundos, e muitas crianças que sobrevivem a casos severos sofrem danos cerebrais graves e têm dificuldades de aprendizagem.
A designação paludismo surgiu no século XIX, formada a partir da forma latinizada de paul, palude, com o sufixo -ismo. Malária é termo de origem italiana que se internacionalizou e que surge em obras em português na mesma altura. Termo médico tradicional era sezonismo, de sezão, este atestado desde o século XIII.2 Existem muitas outras designações.
Progressão e sintomas
Dependendo do tipo os sintomas podem
intensificar e diminuir em ciclos de 2 a 3 dias.3
A malária causada pelo protozoário P.falciparum caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos como4 :
Vários dias depois, com a destruição maciça de hemácias e com a descarga de substâncias imunogênicas tóxicas na corrente sanguínea conforme o ciclo reprodutivo do parasita chega ao fim, ocorrem geralmente no fim da tarde3 :
- Calafrios;
- Febre
39-40 °C;
- Palidez;
- Tremores
fortes (entre 15 minutos e uma hora);
- Ondas
de calor.
Depois cessam os tremores e seguem-se 2 a 6h de febre de até 41 °C, terminando em vermelhidão da pele e suores abundantes. O doente sente-se perfeitamente bem depois, até à crise seguinte, dois a três dias depois.
Infecção severa
Se a infecção for severa, geralmente por P. falciparum, podem haver sintomas adicionais mais graves como5 :
- Choque circulatório
(parasitas entupindo vasos sanguíneos);
- Síncopes
(desmaios);
- Convulsões;
- Delirium;
- Hepatomegalia
(inchaço do figado);
- Esplenomegalia
(inchaço do baço);
- Hipoglicemia
- Problemas
renais com urina escurecida por hemoglobinas;
- Fraqueza
muscular (ao ponto de não conseguir andar adequadamente);
- Edema
pulmonar resultando em dificuldade de respirar.
A morte pode ocorrer a cada crise de malária severa. Pode também ocorrer a chamada malária cerebral: a oclusão de vasos sanguíneos no cérebro pelos eritrócitos infectados causando déficits mentais e coma, podendo levar a problemas mentais irreversíveis ou morte. Danos renais e hepáticos graves ocorrem pelas mesmas razões. As formas causadas pelas outras espécies ("benignas") são geralmente apenas debilitantes, ocorrendo raramente a morte.
Os intervalos entre as crises paroxísticas são diferentes consoante a espécie. Para as espécies de P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malariae, o ciclo da invasão de hemácias por uma geração, multiplicação interna na célula, hemólise (rompimento da hemácia) e invasão pela nova geração de mais hemácias dura cerca de 48 horas. Normalmente há acessos de febre violenta e tremores no 1° dia e, passadas 48 horas, já no 3° dia, novo acesso, sendo classificada de malária ternária. A detecção precoce de malária quaternária, em que o novo acesso de febre ocorre no 4ª dia, é importante porque este tipo pode não ser devido a P. falciparum, sendo, portanto, menos perigoso. Os períodos de intervalo são:
- P.
falciparum - 36 a 48 horas, chamada de febre terçã maligna
- P.
vivax - a cada 48 horas, chamada de febre terçã benigna
- P.
ovale - de 48 a 50 horas, chamada de febre terçã benigna
- P.
malariae - a cada 72 horas, chamada de febre quartã
É importante ressaltar que: não é o rompimentos das hemácias por sí que causa a febre característica da doença, mas sim a liberação de pigmentos tóxicos produzidos pelos protozoários durante a sua reprodução no interior das hemácias, essa substância recebe o nome de 'Hemozoínas'.
Se não diagnosticada e tratada, a malária maligna causada pelo P. falciparum pode evoluir rapidamente, resultando em morte. A malária "benigna" das outras espécies pode resultar em debilitação crônica, mas mais raramente em morte.
O período de Incubação varia de acordo com a espécie:
- P.
falciparum - 12 dias
- P.
vivax - 14 dias
- P.
ovale - 14 dias
- P.
malariae - 30 dias
Causas
O esporozoíto
do Plasmodium
atravessa o citoplasma
de uma célula epitelial
do intestino médio do mosquito
nesta microfotografia
eletrônica de cores falsas.
A infecção humana começa quando um mosquito Anopheles fêmea inocula esporozoítos dos plasmódios a partir da sua glândula salivar durante a hematofagia. Essas formas são transportadas pela corrente sanguínea até o fígado, onde invadem as células do parênquima hepático e começam o período de reprodução assexuada. Mediante esse processo de amplificação (conhecido como esquizogonia ou merogonia intra-hepática ou pré-eritrocitária), um único esporozoíto produz vários merozoítos-filhos. Nas infecções por P. vivax, uma parcela das formas intra-hepáticas não se divide de imediato, permanecendo latente, na forma de hipnozoítos, por um período variável de 3 semanas a 1 ano ou mais antes que a reprodução comece, e são a causa das recidivas das infecções.
Mais tarde a célula se rompe, liberando merozoítos móveis na corrente sanguínea e rapidamente os merozoítos invadem os eritrócitos e se transformam em trofozoítos. A fixação é mediada através de um receptor específico da superfície do eritrócito. Ao fim do ciclo evolutivo intra-eritrocitário, o parasito consumiu quase toda a hemoglobina e cresceu a ponto de ocupar a maior parte do eritrócito. Agora denomina-se esquizonte. Ocorrem múltiplas divisões celulares (esquizogonia ou merogonia), e o eritrócito se rompe para liberar 6 a 30 merozoítos-filhos, cada um potencialmente capaz de invadir um novo eritrócito e repetir o ciclo. A doença em seres-humanos é causada pelos efeitos diretos da invasão e destruição eritrocitárias pelo parasito assexuado e pela reação do hospedeiro. Depois de uma série de ciclos assexuados (P. falciparum) ou imediatamente após a liberação do fígado (P. vivax), alguns dos parasitos desenvolvem-se em formas sexuadas de vida longa, morfologicamente distintas, responsáveis por transmitir a malária.
Após serem ingeridos durante a picada de um mosquito Anopheles fêmea para alimentar-se de sangue, os gametócitos masculinos e femininos formam um zigoto no intestino médio do inseto. Esse zigoto amadurece até um oocineto, que penetra e encista-se na parede intestinal do mosquito. O oocisto resultante multiplica-se por divisão assexuada, até romper-se e liberar grande quantidade de esporozoítos móveis, que em seguida migram pela hemolinfa até a glândula salivar do mosquito, onde aguardam a inoculação em outro ser humano na segunda picada.
Transmissão
O mosquito
Anopheles
albimanus alimentando-se em um braço humano.
Este mosquito é um vetor da malária e o seu controle é uma maneira muito eficaz
de reduzir a incidência de malária.
A malária é transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. A transmissão geralmente ocorre em regiões rurais e semi-rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas, principalmente em periferias. Em cidades situadas em locais cuja altitude seja superior a 1500 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno. Os mosquitos têm maior atividade durante o período da noite, do crepúsculo ao amanhecer. Contaminam-se ao picar os portadores da doença, tornando-se o principal vetor de transmissão desta para outras pessoas.
O mosquito da malária atinge números suficientes de indivíduos para a transmissão da doença em regiões onde as temperaturas médias sejam cerca de 20-30 °C, e umidade alta. Só os mosquitos fêmeas picam o homem e alimentam-se de sangue. Os machos vivem de seivas de plantas. As larvas se desenvolvem em águas paradas, e a prevalência máxima ocorre durante as estações com chuva abundante.
Epidemiologia
Os países que têm regiões onde a
malária é endêmica
em 2003 (cor amarela).6
Países em verde estão livres de casos autóctones de malária em todas as áreas.
Frequência de casos de malária por
gravidade do tipo de contaminação (vermelho escuro = mais grave, amarelo =
menos grave)7
É uma das doenças mais importantes para a humanidade, devido ao seu impacto e custos, e constitui um fardo extremamente pesado para as populações dos países atingidos, principalmente em África, incomparável aos custos sociais de qualquer doença ocidental. A malária existe potencialmente em todas as regiões onde existem humanos e mosquitos Anopheles em quantidade suficiente, o que inclui todas as regiões tropicais de todos os continentes e muitas regiões subtropicais. Hoje em dia, a África é particularmente atingida, estando poupadas apenas o norte e a África do Sul.
Na América existe em toda a região central (México e países do istmo) e norte da América do Sul, incluindo mais de metade do território do Brasil (toda a Amazônia e parte do Nordeste) e ainda nas Caraíbas (Caribe). Na Ásia está presente em todo o subcontinente indiano, Médio Oriente, Irão, Ásia central, Sudeste asiático, Indonésia, Filipinas e sul da China. A malária já existiu mas foi erradicada no século XX da região mediterrânea, incluindo Sul da Europa: Portugal, Espanha, Itália, sul da França e Grécia; e no Sul e Oeste dos Estados Unidos. Ao todo, vivem quase 3 bilhões de pessoas em regiões endémicas (ou seja, metade da humanidade) em mais de 100 países.
Há, todos os anos, cerca de 300 milhões de casos da malária, cerca de 90% na África, a maioria com resolução satisfatória, mas resultando em enfraquecimento e perda de dias de trabalho significativos. Ela mata, contudo, cerca de 1 milhões de pessoas em cada ano, principalmente crianças com menos de 5 anos. No Brasil 97% ocorrem na região amazônica e pouco menos de 2,9% nas regiões próximas sendo mais de 80% nas regiões rurais ou selvagens.8
Na Europa, a prevalência da doença é menor e está praticamente erradicada. Em 2011 houve apenas 102 casos adquiridos in loco, restritos a cinco países.9 Em Portugal, os últimos casos de Malária adquirida no país foram diagnosticados em 1959, e desde então a totalidade das ocorrências são casos importados por pessoas que visitaram países tropicais. Em 2011 foram notificados 58 casos importados de Malária.10
Prevenção
Dormir coberto por rede
anti-mosquito protege
significativamente contra a Malária
Ainda não há uma vacina11 eficaz contra a malária, havendo apenas estudos de alcance reduzido sobre testes de uma vacina sintética desenvolvida por Manuel Elkin Patarroyo em 1987.
O Centro de Investigação de Saúde de Manhiça (CISM), instalado na vila de mesmo nome, próximo à Maputo, capital moçambicana, está envolvido na pesquisa para criação da vacina antimalária, juntamente com outros 11 centros de estudos da África. O CISM é o que está mais próximo de submeter à agências internacionais de medicamentos seus resultados, cujas pesquisas avançam na terceira etapa - de quatro - iniciada em agosto de 2009. O CISM desenvolve pesquisas de combate às chamadas doenças negligenciadas que afetam especialmente os países pobres e em desenvolvimento.12
A melhor medida, até o momento, é a erradicação do mosquito Anopheles que transmite o parasita Plasmodium, que causa a doença. Ultimamente, o uso de inseticidas potentes mas tóxicos, proibidos no ocidente, tem aumentado porque os riscos da malária são muito superiores aos do inseticida.
Evite tomar banho em lagos a noite e
ao amanhecer em áreas endêmicas, pois é quando o mosquito está mais ativo.
As redes contra mosquitos ou mosquiteiros ajudam a manter os mosquitos longe de pessoas e reduzir significativamente as taxas de infecção e transmissão da malária. Essas redes não são uma barreira perfeita e muitas vezes são tratadas com um inseticida destinado a matar o mosquito antes que ele tenha tempo para procurar uma forma de passar a rede. Estima-se que mosquiteiros tratados com inseticida (MTI) sejam duas vezes mais eficazes que os mosqueteiros não tratados e aumentam em 70% a proteção em comparação com nenhum mosqueteiro.13 Apesar de comprovado que os MTI são muito eficazes contra a malária, eles são encontrados em apenas cerca de 13% dos lares de países da África Subsariana.14 Uma vez que o mosquito Anopheles se alimenta à noite, o método preferível é pendurar um mosqueteiro grande acima do centro de uma cama, cobrindo-a completamente.15
Os cremes repelentes de insetos também são eficazes, mas mais caros que as redes. A roupa deve cobrir a pele nua o mais completamente possível de dia. O mosquito não tem tanta tendência para picar o rosto ou as mãos, onde os vasos sanguíneos são menos acessíveis, enquanto as pernas, os braços ou o pescoço possuem vasos sanguíneos mais acessíveis. A drenagem de pântanos e outras águas paradas é uma medida de saúde pública eficaz.
Em 2010, pesquisadores israelenses desenvolveram um açúcar tóxico, batizado como attractive toxic sugar bait (ATSB), para eliminar o mosquito transmissor da malária. Os testes realizados em uma região semi-árida do Mali demonstraram a eficácia na redução de mosquitos de ambos os sexos em até 90%.16
Diagnóstico
O elemento fundamental no diagnóstico clínico da malária, tanto nas áreas endêmicas como não-endêmicas, é sempre pensar na possibilidade da doença. Como a distribuição geográfica da malária não é homogênea, nem mesmo nos países onde a transmissão é elevada, torna-se importante, durante o exame clínico, resgatar informações sobre a área de residência ou relato de viagens de exposição ao parasita, como em áreas endêmicas (tropicais). Além disso informações sobre transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas em usuários de drogas injetáveis, transplante de órgãos podem sugerir a possibilidade de malária induzida.
Diagnóstico Laboratorial
O diagnóstico de certeza da infeção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, através dos métodos diagnósticos especificados a seguir:
- Gota
espessa - É o método adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da
malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua
sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e fácil realização. Sua
técnica baseia-se na visualização do parasito através de microscopia
ótica, após coloração com corante
vital (azul
de metileno e Giemsa), permitindo a
diferenciação específica dos parasitos a partir da análise da sua
morfologia, e pelos estágios de desenvolvimento do parasito encontrados no
sangue periférico.
- Esfregaço
delgado - Possui baixa sensibilidade (estima-se que, a gota espessa é
cerca de 30 vezes mais eficiente que o esfregaço
delgado na detecção da infecção malárica). Porém, o esfregaço delgado é o
único método que permite, com facilidade e segurança, a diferenciação
específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia e das
alterações provocadas no eritrócito
infectado.
- Testes
rápidos para detecção de componentes antigênicos de plasmódio - Testes imunocromatográficos
representam novos métodos de diagnóstico rápido de malária. Realizados em
fitas de nitrocelulose
contendo anticorpo
monoclonal contra antígenos
específicos do parasito. Apresentam sensibilidade superior a 95% quando
comparado à gota espessa, e com parasitemia superior a 100 parasitos/µL.
Tratamento
Cinchona contendo Quinina, o primeiro
antimalárico
A malária maligna, causada pelo P. falciparum é uma emergência médica. As outras malárias são doenças crónicas.
O tratamento farmacológico da malária baseia-se na susceptibilidade do parasita aos radicais livres e substâncias oxidantes, morrendo em concentrações destes agentes inferiores às mortais para as células humanas. Os fármacos usados aumentam essas concentrações.
A quinina (ou o seu isómero quinidina), um medicamento antigamente extraído da casca da Cinchona, é ainda usada no seu tratamento. No entanto, a maioria dos parasitas já é resistente às suas acções. Foi suplantada por drogas sintéticas mais eficientes, como quinacrina, cloroquina, e primaquina. É frequente serem usados cocktails (misturas) de vários destes fármacos, pois há parasitas resistentes a qualquer um deles por si só. A resistência torna a cura difícil e cara.
Ultimamente a artemisinina, extraída de uma planta chinesa, tem dado resultados encorajadores. Ela produz radicais livres em contacto com ferro, que existe especialmente na hemoglobina no interior das hemácias, onde se localiza o parasita. É extremamente eficaz em destruí-lo, causando efeitos adversos mínimos. No entanto, as quantidades produzidas hoje são insuficientes. No futuro, a cultura da planta artemisina na África poderá reduzir substancialmente os custos. É o único fármaco antimalárico para o qual ainda não existem casos descritos de resistência.
Em 2010 foi anunciado um fármaco que apresentou resultados relevantes em animais. Trata-se do NITD609.
Algumas vacinas estão em desenvolvimento e tem mostrado resultados otimistas. Diversos países e laboratórios se dedicam há mais de uma década a fazer uma vacina com mais de 80% de eficiência usando métodos distintos. A grande variabilidade e resistência do parasita tem sido um problema difícil de contornar.
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